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Os Vícios da Sociedade de Consumo!

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GF Platina
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"Os vícios surgem como consequência da falta de auto-estima.
Se conseguimos mudar nossos pensamentos negativos deixaremos de utilizar "a fuga",
que conduz ao vício".

Hoje em dia se fala muito de dois vícios: um deles é o vício pelos jogos e o outro é o vício que se caracteriza pela compulsão de comprar. Ambos estão relacionados a um descontrole do ser humano, quer seja homem ou mulher, adulto ou mesmo criança. A sociedade de consumo está tornando as pessoas mais materialistas. O dia-a-dia na sociedade cada vez mais apressada, acaba provocando um constante estado de stresse, que muitas vezes conduz a baixa auto-estima.

O viciado tem problemas consigo mesmo e com tudo que está à sua volta e parece não conhecer outra maneira de subsistir dentro deste mundo, a não ser através da satisfação de seu vício. O jogo tem um poder de sedução, que mexe com a adrenalina do individuo, o qual sente uma necessidade de realização que supera toda lógica.
O vício é tremendamente forte e as consequências que se derivam desta patologia são danosas tanto para o viciado como para sua família.

Arrisca-se muito para viver por alguns instantes o prazer do jogo porque na verdade, não se trata de ganhar. O prazer reside realmente no estar jogando. Aliás, quanto mais perde o jogador, mais sente o desejo de continuar jogando. O viciado não é capaz de dirigir suas próprias emoções negativas e é através do jogo que ele as liberta para que não lhe causem tanta tensão interna. Todo vício suprime essas emoções nocivas, e assim, sem "sentir", ou seja, "fugindo", a vida parece menos complicada.

Uma pessoa saudável, quando se depara com um episódio que lhe traz pânico, reage querendo fugir da crise, querendo fugir de si mesma. O viciado age do mesmo modo, teme enfrentar-se a si mesmo, seus problemas, sua solidão, seus sentimentos negativos tenta compensar suas carências pelo vício, que não é outra coisa senão o medo de lidar com suas próprias emoções.

Muitas donas de casa, conseguem algum tempo livre para jogar nas " inocentes" máquinas caça-níqueis, que são encontradas em qualquer bar ou shoppings centers. Assim começam um pequeno vício que rapidamente se converte numa necessidade premanente, que leva a mentiras, enganos, pequenos furtos e descuidos nas suas tarefas quootidianas.

Outro vício que parece atingir especialmente as mulheres é a compulsão de comprar. A simples visão de uma vitrina com sapatos, bolsas ou roupas, já lhes antecipa o prazer que sentem em gastar. A febre do consumismo é outro vício que oculta atrás de si algum problema de ordem emocional, com o qual o viciado não consegue lidar. Prefere inconscientemente, ir acumulando objectos inúteis, entregando-se a uma conduta (fuga) caracterizada pela acção compulsiva e irracional de gastar, e assim descarrega a tensão que está dentro de si. Este é um vício tão maléfico, quanto o de jogar.

O ser humano precisa beber e comer para sobreviver, o viciado necessita do seu vício para viver. As primeiras são necessidades básicas, inatas no ser humano; as necessidades manifestadas pelo vício foram criadas pela sociedade de consumo em que vivemos. Esta mesma sociedade que "reinventa continuamente a roda" ou está sempre mudando os mesmos produtos, adicionando pequenas diferenças ou "vantagens" para que não percamos o interesse por seu consumo.

Mas somos nós que criamos os vícios e portanto, somos os únicos responsáveis por sua interferência na nossa vida e na vida de outras pessoas. Não observamos a voz da razão, que nos chama a agir conscientemente, e nos deixamos levar pelo lugar-comum, que a sociedade de consumo tanto incita e os problemas da vida moderna facilitam.

Até mesmo nossos filhos já dão sinais de que estão contagiados por algum tipo de vício:
- Muitas crianças se viciam na comida, como forma de compensar alguma carência emocional.
- Outros se entregam aos jogos de videogames, disponíveis também nos computadores, como uma forma de não encarar a realidade, e passam horas "em outro mundo", entregues ao prazer de seu vício, muitas vezes negligenciando suas actividades escolares e domésticas, e o que é pior, se esquecendo até de suprir necessidades básicas para sobreviver, como se alimentar, por exemplo.
As dificuldades reais que precisam vencer são transportadas para o jogo, para um mundo de ficção, onde a vitória é sempre perseguida de forma irracional e compulsiva.

Se somos os responsáveis por essa conduta alterada do comportamento, em contrapartida, para eliminarmos esse distúrbio precisamos de ajuda de terceiros, uma vez que o viciado pode ser encarado como uma pessoa doente. Cabe-nos a iniciativa de acordar para a realidade e partir em busca de ajuda para eliminar o vício, seja ele qual for.

Existem psicólogos especializados no assunto, que podem ajudar muito. Outra forma de se ajudar é o contacto com pessoas que passaram por experiências semelhantes, hoje superadas.

O importante é querer deixar o vício e procurar a ajuda necessária, tendo sempre em mente que a sociedade de consumo está aí para instigar ao vício. Compete a nós a escolha por uma vida menos materialista e mais voltada para outros valores não perecíveis.
 
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Viciados no Jogo!

Histórias de quem trocou fortunas e vida familiar pelo vício do jogo. A Roleta e o Bridge, por serem jogos em que por hábito se aposta muito dinheiro, destinam-se aos estratos mais elevados.

Maria das Dores recebeu uma herança avaliada em quase dois milhões de euros, entre carros, casas, empresas e bombas de gasolina. A fortuna que adquiriu pela morte do pai deu o impulso que faltava para transformar o hobbie num vício. Hoje com 63 anos, passou os últimos 20 anos a jogar roleta no casino e a perder sistematicamente o que tinha, até ficar com quase nada. Assume que tem um problema, mas tem demasiada vergonha para o expor publicamente e procurar ajuda.

Há pelo menos 16.124 viciados em jogos a dinheiro em Portugal como Maria, e mais de 400 mil jogadores em risco, revela o estudo "Dependência do jogo em Portugal", encomendado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa à Universidade Católica. O primeiro a fazer uma radiografia do jogo em Portugal.

A Roleta, um dos jogos mais concorridos, está associado sobretudo a pessoas com capacidade económica média-alta, sublinha Jorge Armindo Teixeira, Presidente da Associação Portuguesa de Casinos, pelas quantias avultadas de dinheiro que se gastam.

Tal como os jogadores de Bridge: um jogo de cartas em que se apostam somas significativas. "Ainda é um jogo de elite", diz Carlos Ramos, jogador há 40 anos. Costuma participar em torneios e jogar entre amigos, nas chamadas partidas livres. "Se uma noite correr mal, chego a perder 500 euros." Mas há jogadores com rendimentos mais baixos que procuram jogos mais acessíveis, como o Poker, as Slots Machines ou o Bingo. No entanto, no que se refere à patologia, são todos iguais.

"São pessoas com predisposição mental para a adição, com baixa auto-estima, narcisistas, egocêntricas, impulsivas e muito competitivas", explica o Psicólogo Pedro Hubert, especialista em casos de personalidade aditiva. "Têm distorções cognitivas e procuram compensações no jogo, querem mais e mais. Nunca estão satisfeitos até que perdem tudo."

Maria das Dores reconhece que lhe é difícil parar. "Sinto-me bem quando estou com fichas na mão a apostar nos números." Há vezes em que está a perder sucessivamente, mas não consegue sair. "Já cheguei a gastar 100 mil euros numa semana", afirma.

Hoje não é assim. Tem dívidas avultadas e vive com a ajuda do ex-marido, que acabou por pedir o divórcio depois de anos de impaciência. Nem os filhos mantêm contacto. "Ainda jogo, mas aposto menos", garante.

Ainda no Casino, mas nas salas das máquinas, como das slot machines, encontram-se sobretudo homens e com rendimentos médios: as apostas fazem-se, normalmente, até 100 euros de cada vez. Foi onde António, de 67 anos, passou os últimos 25 anos. "Na altura divorciei-me e comecei a ter muito tempo livre", conta o antigo analista de sistemas. O vício chegou em pouco tempo. "Sentia-me desesperado quando não estava a carregar no botão. Passava horas a fio a olhar para a máquina, sem ter a noção de mais nada. Não sentia fome nem sede". Tudo o que tinha e não tinha gastava-o no casino: no total soma perto de um milhão de euros de perdas.

António está em recuperação, tal como Manuel, de 48 anos. Começou a jogar Poker na tropa e nunca mais parou. Jogava todos os dias, mentia à mulher, dizendo que ia trabalhar até tarde, e chegou a roubar a família para alimentar o vício. "Recebia no dia 22, e dia 24 já não tinha nada", diz, acrescentando: "Não tinha qualquer controlo sobre mim", reconhece hoje, depois de 20 anos e menos 200 mil euros.

O Bingo também é frequentado por jogadores com capacidade financeira média-baixa. José é mecânico e diz que uma cartela a um euro é um preço razoável. É com este pensamento que quase todos os dias, faz o mesmo trajecto. Sai da oficina às 18h30m, vai jantar a casa e segue depois para o Bingo do Belenenses. Senta-se na mesa que já lhe conhece o desassossego e pede duas cartelas, que joga simultaneamente.

O ritual dura há já dez anos, desde os 34 anos de idade. Não há jogada em que não entre, por isso chega a gastar 80 euros numa só noite. Só no Belenenses. Porque quando chega a meia-noite, o dia muda e a sorte também. Levanta-se e segue para outro Bingo. "Houve uma vez que estava aqui com um amigo e a noite estava a correr tão mal que apanhámos um táxi e fomos para a Figueira da Foz. Foi uma loucura, pagámos 100 euros cada um. Mas valeu a pena. Cheguei lá e ganhei o acumulado", diz sorridente.

Afinal, regressou a casa com cinco mil euros no bolso. Mas reconhece que é mais o que perde do que o que ganha.
 
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Vício Invisível!

É a dependência com maior taxa de suicídio. Por trás do glamour dos casinos há um mundo de desespero!

Nos Jogadores Anónimos (JA) aprende-se que o jogo compulsivo conduz fatalmente a um de três finais: a morte, a loucura ou a prisão.

E durante os anos em que jogou diariamente em casinos Helena esteve muito perto de morrer. Atolada em dívidas e incapaz de parar de jogar, tentou suicidar-se à frente dos quatro filhos. Mais tarde, nas reuniões dos JA, conheceu Hélder, que esteve a um passo de ir preso. Aos 30 anos já tinha um bom emprego na função pública (daqueles para toda a vida), mas os problemas com o jogo levaram-no a desviar milhares de euros do local de trabalho. Foi apanhado, respondeu em tribunal e foi condenado a uma pena de prisão suspensa. José, 70 anos de idade, viveu durante 4 anos praticamente sem comer nem dormir. Quase enlouqueceu. Helena está há oito meses sem jogar, Hélder há dois anos e sete meses. José há oito anos. Mas por muito distante que esteja a última ida ao casino, um jogador compulsivo nunca deixa de o ser. A dependência do jogo é uma doença (reconhecida pela Organização Mundial de Saúde) que não tem cura.

A Morte:

Depois de sair do casino, Maria Helena pegou numa caixa de comprimidos e numa garrafa de whisky e tentou suicidar-se. Acabou inconsciente, no hospital, com os quatro filhos aos pés da cama. Foi a primeira de várias tentativas. A primeira vez que entrou num casino, em Macau, em 1994, a sorte de principiante sorriu-lhe e ganhou um prémio enorme numa slot machine. "Nem sabia como é que se jogava, fiquei perplexa a olhar para as moedas a caírem na bandeja", recorda. Nessa mesma noite investiu o dinheiro todo. E perdeu.

Pouco tempo depois mudou-se para Portugal e arranjou uma casa perto do Casino do Estoril. Uma noite foi assistir a um espectáculo e decidiu voltar a tentar a sorte. Sentou-se a uma máquina e ganhou 100 contos. Mas a adrenalina do prémio foi o princípio do fim. Com o casamento à beira da ruptura, Helena passou a frequentar a sala de jogo todos os dias. "De certa forma, aquilo funcionava como uma espécie de evasão", conta. No espaço de poucos meses, acabou com os plafonds de três cartões de crédito e o ordenado de economista deixou de chegar para pagar as dívidas ao banco.

"O problema do jogador compulsivo é que nunca há uma forma de parar: quando se ganha quer-se ganhar mais e quando se perde quer-se recuperar o que se perdeu", diz Helena. Nessa altura, em 1995, Helena decidiu parar de jogar e durante nove meses não entrou no casino. "A ressaca foi brutal. Sentia um vazio gigante", recorda.

O escape eram os chats na Internet. Ficava até às três da manhã a conversar com gente desconhecida. Nove meses depois as contas estavam reequilibradas. Até que uma amiga regressa de Macau. "Levei-a a passear pela Marginal e quando ela viu o casino do Estoril, pediu-me para entrarmos. Eu disse que podíamos ir mas que não jogaria". Claro que jogou. E até ganhou 50 contos. Bastou uma tarde para o pesadelo recomeçar.

Helena chegou a aguentar três horas de pé na sala de jogo à espera que a máquina favorita, aquela em que tinha mais fé, vagasse. Chegou a estar de pijama, deitada, e a levantar-se de madrugada só para ir jogar. Acabou com o telefone fixo que tinha em casa para não correr o risco de alguém suspeitar que passava as noites fora. Durante o sono sonhava quase sempre com as slot machines. Nos três anos que se seguiram jogou todas as noites e nunca mais voltou a ganhar um cêntimo.

Numa só ida ao casino chegou a perder 800 euros. Acumulou seis créditos em bancos diferentes e uma dívida de mais de 60.000 euros. "A dada altura perde-se a noção de tudo. Hoje, com os juros e a engenharia financeira que fiz, nem sei bem quanto perdi naqueles anos, talvez 200.000 euros", afirma.

A família começou a desconfiar e um primo que trabalhava no Banco de Portugal decidiu inteirar-se da situação financeira de Helena. "Fui descoberta e o meu filho mais velho encostou-me à parede". Helena negou tudo. "Como qualquer jogador, tornei-me mestre na arte da manipulação", refere. Mesmo assim, os filhos obrigaram-na a ir às reuniões dos JA. Há oito meses que começou a recuperação e já foi a mais de 100 reuniões. No grupo, a economista encontrou de tudo:
- Pais que chegaram a roubar dinheiro do mealheiro dos filhos;
- Bancários reformados a viver em quartos arrendados;
- Gente que em desespero vendeu aquecedores a óleo na feira por cinco euros.
Percebeu que afinal não estava sozinha. O primeiro desafio, deixar de jogar, está por enquanto, superado. Agora falta pagar as dívidas. O objectivo de Helena é reequilibrar as contas em cinco anos. "Consegui, com a ajuda de uma instituição que apoia famílias endividadas, declarar a minha insolvência pessoal e vou ter de viver nos próximos anos com cerca de 400 euros por mês", explica.

O Louco:

A recuperação do vício do jogo, explica o psicólogo Pedro Hubert, especialista neste tipo de dependência, é particularmente difícil, porque depois de parar o jogador compulsivo tem de enfrentar as consequências financeiras do vício que manteve. E que podem durar vidas inteiras.

José, 70 anos de idade, deixou de jogar há oito anos e ainda continua a pagar dívidas. No espaço de apenas cinco anos deixou mais de 80.000 euros no casino. Durante esse tempo valeu tudo: enganar fornecedores, clientes, coleccionar créditos.

"Toda a minha vida e todas as minhas energias eram canalizadas para a sala de jogo", admite. O vício começou tarde. José começou a jogar já depois dos 50 anos, na sequência de um divórcio. "Sei que sou uma pessoa emocionalmente complicada e jogar (a relação ganhar-perder) funcionava como uma espécie de anestesia para os problemas que estava a atravessar", recorda. Todas as noites acabavam da mesma maneira. Sem dinheiro no bolso e a braços com crises de choro, ansiedade e insónias. "Travava uma luta interior imensa. Saía do casino, castigava-me, dava murros no volante do carro, prometia que não voltava a entrar ali, mas no dia seguinte estava lá outra vez".

Durante quatro anos José praticamente não dormiu e era raro comer uma refeição quente. Até que numa noite a sorte lhe sorriu: ganhou 6.000 euros de uma só vez! Meteu metade do dinheiro ao bolso, para fazer obras em casa, e investiu o resto nas máquinas. Perdeu logo os 3000 euros e nas noites seguintes gastou a quantia que tinha guardado. As obras em casa avançaram e ficou sem dinheiro para as pagar.

Entretanto, a empresa que José geria só não se afundou por milagre. "Conheci um jogador anónimo que me arrastou para uma reunião", conta. No começo não levou aquilo muito a sério. "Mas passado um tempo entreguei-me ao programa. Só aí é que percebi verdadeiramente o estrago que tinha causado na minha vida". Passados oito anos, José continua a ir às reuniões. "Porque sei que tenho uma doença para toda a vida", justifica. E passado tanto tempo não deixa de pensar no jogo. "Ainda me apetece, é uma coisa que vai estar sempre no meu imaginário. Gosto de jogar. Mas sei que basta uma só vez para descambar tudo de novo. O melhor é estar afastado, porque sei que as minhas apostas são violentas. Não consigo estabelecer uma boa relação com o jogo", admite.

A Justiça:

Hélder, 37 anos de idade, ainda está a tentar recomeçar. Arranjou emprego há quatro meses e mudou radicalmente de vida. O fundo do poço de cada jogador é diferente e o de Hélder aconteceu no dia 21 de Agosto de 2009, quando gastou o ordenado de 2000 euros em apenas meia hora. Foi a gota de água de uma história que durou sete anos e acabou no banco dos réus. Quando Hélder perdeu por completo o controlo das dívidas começou a desviar dinheiro no local de trabalho.

"Estava numa posição em que contactava com muito dinheiro e acabei por desviar milhares de euros, que canalizava para o casino. Logo eu, que nunca me imaginei a ser capaz de roubar o que quer que fosse”, recorda. Foi apanhado, julgado e condenado a uma pena de prisão suspensa.

Aos 15 anos, Hélder já gastava a semanada toda nas máquinas dos salões de jogos. E a má relação com o dinheiro manifestou-se muito cedo. “Sempre tive tendência para gastar tudo o que tinha. Em roupa, por exemplo. Sentia uma necessidade muito forte de aprovação por parte dos outros e era uma maneira de elevar o meu amor-próprio", admite.

Aos 18 anos entrou pela primeira vez num casino, no Estoril, e um amigo ganhou 40 contos. "Aparentemente o jogo não me dizia nada, mas recordo-me de sentir raiva por ele ter conseguido ganhar e eu não", recorda. Entretanto conseguiu um bom emprego, daqueles para toda a vida, na função pública e começou a frequentar o casino. Sempre sozinho. Durante anos, as noites foram álcool, jogo e mulheres. Chegou a estar 12 horas seguidas à frente de uma slot machine. Quase todas as madrugadas acabavam em choro e insónias.

"Dizia que não ia voltar, mas no dia a seguir já lá estava outra vez". Foi assim durante sete anos. "Cheguei a sair do casino e não ter dinheiro nem gasolina no carro. Cheguei a remexer em gavetas em casa à procura de moedas para poder comprar uma lata de atum para matar a fome", recorda.

Para fazer frente às dívidas, contraiu cinco créditos. O último da Cofidis, foi de 15.000 euros e nem um mês durou. Para um jogador compulsivo, a lógica dos créditos é sempre a mesma. Pede-se e pensa-se que vai dar para pagar tudo e resolver os problemas, mas o dinheiro acaba invariavelmente no casino. As cartas do banco começaram a aparecer em casa e a família começou a fazer perguntas.

"Consegui esconder tudo muito bem até ao fim. Porque havia duas pessoas dentro de mim: o Hélder que ia trabalhar durante o dia e o Hélder que à noite se isolava no casino. E aí valia tudo". Muitas vezes quando saía para o casino deixava os cartões em casa, mas nem isso servia para controlar os gastos. "Estava no Casino de Lisboa, ficava sem nada, pegava no carro e ia até casa, em Sintra, para os ir buscar", conta.

Quando foi descoberto no local de trabalho e no dia em que ficou com a conta a zeros, em Agosto de 2009, Hélder decidiu pedir ajuda e juntou-se aos JA. "No início achei aquilo tudo muito estranho, especialmente a parte espiritual dos 12 passos, mas fui dando o benefício da dúvida". Só no terceiro mês percebeu que tinha de parar de jogar. "E para conseguir parar precisava de fazer tudo de maneira diferente. Falar mais de mim, estar com os meus companheiros. Abrir o jogo". Com o passar do tempo foi mudando de vida. Inscreveu-se no ginásio, actualizou o currículo, voltou a estudar, começou a fazer voluntariado, arranjou trabalho. Nunca mais voltou a entrar num casino.

"No primeiro ano foi difícil, mais pela questão de não poder jogar". Mas o pior veio depois, quando as consequências da vida que levou durante sete anos começaram a chegar. "Custou muito saber que já tinha parado de jogar e ter de enfrentar os meus antigos colegas em tribunal", diz. Passados dois anos e sete meses de recuperação, Hélder diz que tudo mudou. "Estou mais calmo, mais espiritual, sou capaz de olhar para os outros, coisa que antes não fazia", explica. E continua a frequentar as reuniões, quatro vezes por semana. O programa dos 12 passos é complementado com a terapia individual com um psicólogo, uma vez por semana. "Tento não pensar naquilo que perdi e vivo um dia de cada vez", remata.

Há cada vez mais jogadores!

Metade dos pacientes que entram no consultório de Pedro Hubert (um dos poucos psicólogos portugueses especializados na dependência do jogo), só joga em casinos on-line: um sector em crescimento, perigoso e sem regulação!

Por culpa destes casinos na Internet, o número de jogadores está a aumentar em Portugal. Mas há outros factores que explicam este crescimento.

"Há mais casinos normais, mais bingos. A oferta hoje é muito superior àquela que havia há alguns anos", justifica o especialista. E a própria crise poderá levar mais gente aos casinos. As pessoas estão mais dispostas a arriscar e quem tiver a predisposição para a dependência não consegue parar. Por outro lado, o jogo funciona como uma componente de escape, alheamento e evasão. "Sensações muito procuradas na sociedade actual", explica Pedro Hubert.

Os jogadores de casinos on-line são diferentes dos jogadores tradicionais. São mais jovens, com ordenados maiores e formação superior! Quanto aos jogadores compulsivos dos casinos tradicionais, as estatísticas mostram que 75% são homens, entre os 30 e os 40 anos, com rendimentos médios. Vivem em centros urbanos ou suburbanos.

Por norma, descreve o psicólogo Pedro Hubert, são pessoas muitíssimo inteligentes e com carreiras consolidadas. Têm por natureza, um perfil competitivo, são desafiadoras, gostam do poder, da novidade, de sensações fortes. Sublinhando que estas competências são encaradas como mais-valias do ponto de vista profissional e até social na sociedade actual. Mas quando canalizadas para o jogo tornam-se destrutivas.

E afinal porque é que um jogador se torna compulsivo?

Pedro Hubert explica que existe em quase todos os jogadores uma predisposição genética. É raro o jogador que não tenha na família alguém que também tenha jogado ou que tenha tido outro tipo de dependência ou um quadro depressivo.
Depois há a componente neurobiológica e factores culturais. Está demonstrado que quem vive exposto a ambientes de jogo tem maior tendência para se tornar dependente, refere o especialista. O vício do jogo é um problema com muitas particularidades. É a dependência com maior taxa de suicídios. Alia a impulsividade e a vertente da competição a momentos de depressão. Estes factores conjugados com os problemas financeiros e os conflitos familiares são fatais. E a saída é sempre difícil. Os grupos de partilha, como os JA, são fundamentais, conjugados com terapia individual e o apoio da família.

Jogadores Interditos!

Em 2011, 359 jogadores compulsivos pediram à Inspecção de Jogos para serem integrados na lista de interdição de acesso aos casinos. O pedido tem de ser feito pelo próprio jogador e é comunicado às concessionárias dos casinos. Caso um casino não cumpra a ordem, é punido com uma multa que pode ir até 1200 euros por entrada permitida. Desde 2008, segundo dados do Turismo de Portugal, foram instaurados aos casinos 17 processos por incumprimento. O jogador também é punido, com uma multa que varia entre os 300 e os 1300 euros. Na prática, a interdição nem sempre funciona. Pela simples razão de que é impossível controlar todas as pessoas que entram nos casinos.
 
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Casino de Espinho indemniza Cliente Viciado!

O Supremo Tribunal de Justiça confirmou a condenação do Casino de Espinho ao pagamento de uma indemnização de 82.893 euros a um cliente viciado no jogo, que em dois anos ali destruiu uma fortuna. A seu pedido, o cliente tinha sido proibido pela Inspecção Geral de Jogos (IGJ) de frequentar, durante dois anos, quaisquer salas de jogo, mas o Casino de Espinho continuou a facultar-lhe a entrada.

Segundo o tribunal, o casino não se ficou pela omissão do cumprimento da notificação da IGJ, tendo ainda adoptado condutas que aliciavam o cliente a deslocar-se até às suas instalações, enviando-lhe convites para eventos sociais e para pernoitar no seu aparthotel e oferecendo-lhe gratuitamente os serviços de bar da sala de máquinas e do restaurante.

O cliente em causa tem 37 anos de idade, reside em Vila Boa do Bispo, concelho de Marco de Canavezes, e era vendedor de automóveis, uma profissão que acabaria por perder por causa do vício do jogo. Jogava no Casino de Espinho desde o último trimestre de 2003, tendo-se viciado no jogo e passando a ser um cliente assíduo e conhecido daquela casa de jogos.

Começando a tomar consciência dos riscos associados ao jogo, tentou colocar um ponto final nessa situação, solicitando à IGJ, em inícios de Dezembro de 2003, a interdição de acesso a sala de jogos, que lhe foi concedida no dia 10 desse mesmo mês. Ficou assim, proibido de aceder às salas de jogos de todos os casinos do país, pelo período de dois anos.

No entanto, e cerca de um mês após a proibição, não conseguindo resistir à tentação, voltou ao Casino de Espinho, começando a jogar forte na roleta, apostando diariamente, desde o meio da tarde até às 3h00 ou 4h00 horas do dia seguinte, entre 500 a 8000 euros.

Chegava a jogar em sete máquinas em simultâneo. De acordo com o tribunal, os funcionários do casino sabiam da proibição, mas permitiam que ele continuasse a jogar. Paralelamente, o casino continuava a tratá-lo como um VIP, sendo mesmo convidado para jantares de gala. Só durante os dois anos em que deveria vigorar a proibição, o cliente gastou para cima de 124.000 euros a jogar no Casino de Espinho.

Para o tribunal, afigura-se ajustada a repartição das culpas em um terço para o cliente e dois terços para o casino, pelo que condenou a casa de jogos a pagar-lhe uma indemnização no valor dessa proporção (82.893 euros).
O Casino alegou que era humanamente impossível controlar a identificação de todos os clientes, até porque recebe centenas de notificações da IGJ, mas o tribunal contrapôs que aquele era sobejamente conhecido, até por ser um dos que jogava mais forte. O cliente pedia uma indemnização de 240.000 euros, alegando que teria sido esse o valor gasto durante os dois anos de proibição.

Fonte: O Sol – 17 de Abril de 2012.
 

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Jogadores Proibidos de entrar no Casino da Madeira!

O vício do jogo, que é uma doença equivalente ao tabaco e ao álcool, leva a que muitos jogadores peçam para lhes ser negada a entrada no casino da Madeira, normalmente por um período de dois anos. Depois de terem perdido muito, este pode ser entendido como um acto de desespero para que não percam tudo.

No início do mês de Maio de 2005, entre 60 a 70 pessoas estavam proibidas de jogar no Casino da Madeira, por um período de dois anos. Estes são jogadores que pediram à Inspecção-Geral de Jogos para não lhes ser permitida a entrada no jogo, já que sozinhas não conseguem parar. Normalmente, as razões que estão por detrás destes pedidos são problemas financeiros ou familiares dos jogadores. O pedido que é feito à Inspecção-Geral é para a interdição durar dois anos.

O pedido para constar da lista tem de partir do próprio e deve ser acompanhada pelo motivo e por uma fotografia para mais tarde, o jogador ser identificado, caso tenha alguma recaída.

No caso de haver quem se arrependa e pretenda entrar no casino, os porteiros impedem-no. Findo o prazo de dois anos, o acesso já não é restrito e há uns que voltam e outros que não, explica Pepe Branco, responsável do Casino da Madeira.

Mas estes são casos extremos de pessoas que já perderam ou estão à beira de perder muito do que lutaram para conquistar ao longo da vida. No jogo, há pessoas que se endividaram até mais não poder, perderam a família, os bens e ainda assim, continuam a sentir vontade de querer jogar.

O vício do jogo, que o psicólogo Emanuel Alves equipara a outros como o tabaco ou o álcool, é uma patologia que precisa de tratamento. O tratamento varia de pessoa para pessoa e é acompanhado por medicação para por exemplo, baixar os níveis de ansiedade. Há pessoas que não são viciadas, mas jogam quase todos os dias. À semelhança do álcool e do tabaco, há pessoas que têm maior apetência para este tipo de vício do que outras.

No Casino da Madeira, jogam quase todos os dias, entre 1000 a 1500 pessoas, segundo Pepe Branco. Para demonstrar que há o outro lado da moeda nesta questão do jogo, o responsável diz que são pagos, mensalmente, quase três milhões de euros em prémios e em impostos muito mais, sem contudo quantificar este último montante. Por outro lado, Pepe Branco refere que há jogadores que ganham 60.000, outros 30.000, e outros 10.000 e 8.000 euros, e que todos os dias saem prémios de cinco, seis ou sete mil euros. Pepe Branco recorda-se, aliás, que há cerca de quatro anos saiu a um apostador 46.000 contos.

No Casino da Madeira, para além da sala de máquinas, há a dos Jogos Tradicionais, sendo que neste casino há apenas duas bancas de Roleta Francesa e três de Black Jack/21. A estas bancas vai menos gente, sendo a razão para tal facto a necessidade do jogador identificar-se, como obriga a lei do jogo.

Apenas 30% dos viciados têm sucesso no tratamento!

Um viciado no jogo tem ataques de ansiedade, tremores e falta de concentração, entre outros sintomas. Equiparado ao álcool ou ao tabaco, o vício do jogo não larga um jogador facilmente, e frequentes vezes, é necessária a ajuda de um especialista. Até mesmo quando a encontra, a maioria das vezes, o jogador não consegue desprender-se do vício. O psicólogo Emanuel Alves diz que apenas 30% dos casos por si observados têm sucesso. "A maioria destes 30% são pessoas que estão em risco de acabar o casamento, mas que têm filhos e adoram a mulher" diz, referindo que a vontade de não perder a família pesa muito a favor da vontade de parar. Por isso, quando a estrutura familiar já se desmoronou é mais difícil sair do vício.

Quando alguns dos casos chegam às mãos do psicólogo, já alguns jogadores perderam imóveis, móveis, carros ou negócios. Acresce a estes problemas, os familiares, havendo quem, com o seu comportamento, crie sérios problemas no lar, chegando até a perder a família. Há inclusive, casos de violência doméstica e de alcoolismo associados a esta patologia.

Para Emanuel Alves, a doença do jogo, que não é fácil tratar, é uma patologia que traz muita vergonha e torna-se muito fechada, encerrando-se num grupo muito fechado. O tratamento para estes casos assenta numa medicação ligeira, com vista a reduzir a ansiedade, evitar a depressão, controlar os tremores e facilitar a concentração. Confrontado com os números avançados pelo Casino da Madeira segundo os quais entre 60 a 70 pessoas pediram a sua interdição na sala de jogo, o psicólogo diz que esta atitude assumida pelos jogadores faz parte do tratamento.

Emanuel Alves diz que, mesmo que haja uma boa vontade do Casino em interditar o acesso a quem o pede, é humanamente impossível controlar toda a gente que entra naquela porta, até porque à noite muita gente vai para a discoteca. E reforça: "Mesmo que haja o maior desejo possível do director do Casino, e não ponho em causa isso, mas imagine um fim-de-semana na discoteca, grupos e grupos a entrar, é humanamente muito complicado fazer o controlo".

Fonte: Jornal da Madeira - Alberto Pita.
 
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Vício do Jogo: Uma Doença Mental?

Embora desde 1980 seja considerada uma perturbação mental, a Associação Psiquiátrica Americana propõe agora que o vício do jogo seja encarado como uma dependência à semelhança do que acontece com outras adições, como o álcool e drogas.

O estudo realizado por investigadores da Universidade de Bonn, na Alemanha, permitiu concluir que o cérebro humano é susceptível à ilusão da riqueza que o dinheiro pode trazer. O acto de gastar dinheiro activa áreas do cérebro relacionadas com o prazer. O estudo divulgado afirma que a sensação de ter e poder gastar dinheiro activa áreas do cérebro relacionadas com o prazer do vício. O dinheiro funciona como uma droga para o cérebro humano.

Em Portugal há cerca de 16.000 portugueses viciados no jogo a dinheiro. Mas o preocupante destes dados é o facto de haver cada vez mais jovens dependentes. Em grande parte dos casos, o vício começa nas plataformas on-line, onde as apostas e o jogo real são instantâneos e de livre acesso.

Os dados apontam ainda, para as consequências deste vício:
- Cerca de 25% dos dependentes portugueses venderam o património familiar;
- 18% recorreram a agiotas para pagarem dívidas de jogo.
O retrocesso deste vício raramente tem sucesso: 80% fez pelo menos uma tentativa de parar, sem sucesso.
 
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Os Vícios do Jogo!

Para a maior parte das pessoas, o jogo é uma actividade social exercida com moderação, com duração de tempo limitada e com perdas pré-determinadas aceitáveis.

O que é o problema do jogo?

O problema do jogo é caracterizado por muitas dificuldades em limitar o dinheiro ou o tempo gasto no jogo, o que conduz a consequências adversas para o jogador, terceiros ou para a comunidade.

As expressões seguintes são geralmente, utilizadas para se referir o problema do jogo:
- Adicção do jogo;
- Jogo compulsivo;
- Jogo patológico;
- Ludopatia;
- Vício do jogo.
O problema do jogo não se limita à perda de dinheiro, tem a ver também com a forma como pode afectar toda a vida da pessoa.

Assim, o jogo a dinheiro é um problema quando:
- Interfere com o trabalho, os estudos ou outras actividades;
- Origina problemas emocionais ou de saúde;
- Motiva problemas financeiros;
- Prejudica a família ou outras relações.
Existem diferentes níveis de envolvimento das pessoas com o jogo:
- Inexistência de jogo: refere-se a pessoas que nunca jogam;
- Jogo social ocasional: quando as pessoas jogam ocasionalmente, compram de vez em quando uma rifa, um bilhete de lotaria ou vão a um casino por diversão;
- Jogo social grave: jogo regular, a principal forma de diversão de pessoas que, apesar disto, dão prioridade à família e ao trabalho;
- Envolvimento nocivo: refere-se a pessoas que experimentam dificuldades nas suas relações pessoais, profissionais e sociais devido ao jogo;
- Jogo patológico: quando as pessoas sofrem prejuízos sérios em todos os aspectos das suas vidas e são incapazes de controlar o impulso de jogar, apesar dos malefícios que advêm do seu comportamento. Estas pessoas (em número mais reduzido do que as anteriores, mas ainda assim significativo) usam muitas vezes, o jogo para fugir dos problemas e para conseguir acalmar a sua ansiedade.

Caminhos que conduzem ao problema do jogo:

As pessoas com problemas de jogo enquadram-se em três grandes categorias:

1 – Jogador normal: A origem do problema está relacionada com o meio envolvente e a aprendizagem, decorrente de um ganho anterior ou de uma distorção cognitiva sobre as verdadeiras probabilidades de ganhar (isto é, considerar que tem determinadas probabilidades de ganhar sem que esta ideia se baseie em qualquer dado objectivo e comprovável). O jogador não tem, necessariamente, problemas psicológicos preexistentes;

2 – Jogador emocionalmente vulnerável: A origem do problema de jogo resulta da dificuldade do jogador em gerir o stress ou uma crise na sua vida, recorrendo ao jogo como uma compensação emocional;

3 - Jogador de base biológica: Trata-se de uma disfuncionalidade neurobiológica com várias causas possíveis e é o mais problemático no que diz respeito ao sucesso do tratamento.

O problema do jogo afecta as pessoas de formas diferentes. Nem todas as pessoas que jogam excessivamente são iguais, nem são iguais os problemas com que se deparam. Encontramos o problema do jogo em todas as faixas etárias, classes sociais, culturas e profissões. Algumas pessoas desenvolvem-no rapidamente; outras ao longo de muitos anos.

Existem muitas razões que podem contribuir para o desenvolvimento de um problema de jogo:
- Algumas pessoas desenvolvem-no quando tentam recuperar o dinheiro que perderam;
- Outras porque gostam de se sentir em acção;
- Outras ainda, podem levar uma vida tão stressada que encontram no jogo o alívio desejado.
O problema do jogo constitui a maior ameaça para o crescimento da própria indústria do jogo.

O Jogo Responsável é o resultado de um conjunto de acções colectivas compartilhadas por indivíduos, comunidades, indústria do jogo e Governo, para alcançar resultados socialmente responsáveis. O jogo é uma actividade recreativa considerada uma conduta inteiramente normal que tem estado presente em muitas sociedades ao longo da história. O jogo responsável é a prática de jogos de fortuna e azar como forma de entretenimento e diversão.

Características do jogador responsável:
- Está informado sobre as reais probabilidades de ganhar ou perder;
- Por opção informada, aposta dinheiro moderadamente;
- Desfruta das experiências de jogo em condições de baixo risco.
No entanto, uma minoria de pessoas tem dificuldades em jogar os jogos de fortuna e azar como uma opção de lazer saudável. As dificuldades podem ser de natureza diversa, duração e gravidade, e com frequência acabam também por afectar as pessoas da sua esfera pessoal, social e profissional.

Objectivos do jogo responsável:
- Em primeiro lugar, fornecer informação de protecção ao consumidor, como a informação sobre a natureza incerta dos prémios das máquinas de jogo e avisos de que o jogo excessivo pode causar dano.
- Em segundo lugar, propor medidas para reduzir a incidência do problema do jogo. Estas incluem o acesso restritivo dos jovens ao jogo, limitações no fornecimento de bebidas alcoólicas a clientes de jogo, assim como o controlo sobre a disponibilidade de crédito ao jogo.
- Em terceiro lugar, planear programas para ajudar os jogadores com problemas e as suas famílias, que devem incluir serviços de encaminhamento, planos de auto-exclusão e treino do pessoal que trabalha nas áreas de jogo.
É sobejamente conhecido que uma pequena percentagem de jogadores tem dificuldade em controlar os seus gastos e sofre as consequências.

A segurança do consumidor!

Encontramos jogadores com problemas em qualquer sítio onde se jogue e em particular, nos locais onde existe jogo mais intenso, como as slot machines, jogos de casino ou apostas nas corridas.

A Indústria do Jogo e a segurança dos seus produtos!


Durante muitos anos, a indústria do jogo não assumiu a responsabilidade social de controlar os gastos excessivos dos jogadores, minimizando, em considerandos mais ou menos elaborados, a extensão do problema. Contudo, tornou-se inquestionável a necessidade de tomar medidas para reduzir ao mínimo a probabilidade dos seus clientes desenvolverem problemas com o jogo e ajudar os que realmente já os sentem.

A indústria do jogo tem sido algo insólita nesta questão. Os fornecedores de todos os produtos de consumo e serviços têm a obrigação de os oferecer de uma forma segura, reduzindo ao mínimo o seu potencial de dano ao consumidor. Não se espera um produto a toda a prova, nem um serviço infalível, mas qualquer indústria que falha reiteradamente na protecção ao consumidor, mais tarde ou mais cedo terá que ser alvo de intervenção, não só governamental como também de possível contencioso com os seus clientes. Quando a indústria do jogo não introduz voluntariamente um conjunto de regras e procedimentos para tornar o jogo seguro e responsável, o regulador poderá aplicar-lhe um regime mais restrito.

O litígio é outra consequência possível do problema do jogo!

Litígios:

Em alguns países, o relevo dado ao problema do jogo e o aumento da consciência pública decorrente das campanhas de informação foram acompanhados por um grande número de acções judiciais contra operadores de jogo. Estes casos penalizam a indústria quando são ilustrados e intensamente publicitados pelos órgãos de comunicação social. Os julgamentos dos jogadores compulsivos, que roubam para financiar o seu jogo, também são fonte de notícia nos media.

Muitos operadores de jogo compreenderam, por isso, a utilidade dos programas para uma conduta responsável do jogo, como meio de protecção contra o litígio. A lição retirada do caso precedente da indústria tabaqueira, nos Estados Unidos da América e na Austrália, é mais que suficiente para que a indústria do jogo deseje precaver-se contra situações semelhantes.

A ilegalidade dos operadores de jogo na Internet exige uma regulação!


Jogo na Internet:

O acesso universal à Internet torna o jogo disponível em qualquer lugar onde haja acesso à Rede. Os governos podem dificultar o acesso ao jogo no ciberespaço, mas são incapazes de o prevenir. Com o crescimento deste mercado, aumentam as pressões sobre os governos para regular e cobrar impostos. A ilegalidade dos operadores de jogo na Internet exige uma regulação.

A introdução voluntária de medidas de jogo responsável constitui uma forte motivação para a indústria regulada. O jogo na Internet constitui um meio perfeito para a introdução do jogo responsável na medida em que, tecnicamente, é fácil, com eficácia e baixos custos, estabelecer limites de aposta pré-determinados, aconselhamento on-line e informação sobre o problema do jogo.

Linha de Ajuda:

Contactos:

JOGADORES ANÓNIMOS: janonimos@hotmail.com

Centro Paroquial do Campo Grande, nº 244 – Lisboa.
Centro Comunitário – Parede.
Centro Comunitário – Carcavelos.
Igreja do Cristo Rei – Porto.

LINHA DE AJUDA:
Lisboa: 919 449 917 | Porto 919916611

SICAD: sicad@sicad.min-saude.pt

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências.
Av. da República nº 61, do 1º ao 3º e do 7º ao 9º - 1050-189 Lisboa.

LINHA DE AJUDA:
Tel: 211 119 000 | Fax: 211 112 795

IAJ - Instituto de Apoio ao Jogador
Cruz Quebrada – Lisboa.

LINHA DE AJUDA:
Tel: 968 230 998 - 962 641 161

ACG – Addiction Clinic Group
Rua São Francisco de Assis, nº 15 Olhos de Água - 2950-665 Quinta do Anjo.

LINHA DE AJUDA
Linha Gratuita: 800 200 100
Tm: 967 785 266 - 917 510 001 - 969 812 535

CASAS DE SANTIAGO
Quinta da Tapada Nova - Apartado 5 6250-073 Belmonte.

LINHA DE AJUDA:
Tel: 275 911 046 Tm: 964 918 180 Fax: 275 913 285

CITA - Centro de Investigação e Tratamento de Adições
Rua S. Sebastião da Pedreira, 100 - 4º - 1050-209 Lisboa.

LINHA DE AJUDA:
Tel: 213 564 460 Tm: 961 532 827 Fax: 213 564 469

CRETA - Clínica de Tratamento
Rua Dr. Jacinto Nunes, 12 Parede – Cascais.

LINHA DE AJUDA:
Tel: 800 200 450 - 514 582 910

RAN - Clínica de Recuperação
Estrada Nacional nº 2, Casa 4 Gravelos – Adoufe 5000-027 Vila Real.

LINHA DE AJUDA:
Tel: 800 203 696 - 259 338 257 TM: 917 524 459 Fax: 259 326 626

RUMO CERTO - Tratamento de Adições
Rua S. Francisco de Assis, nº 15 - Olhos de Água 2950-665 Quinta do Anjo.

LINHA DE AJUDA:
Tel: 800 200 100 - Tm: 967 785 266 - 917 510 001 - 969 812 535

S.A.E. - Serviço de Aconselhamento de Espinho
Rua 22, nº 429 - 4500-273 Espinho.

LINHA DE AJUDA:
Tel: 227 321 529 Tm: 913 163 830 Fax: 227 321 529

VILLA RAMADAS - International Treatment Centre
Apartado 1076, E. C. Santana - 2401-801 Leiria.

LINHA DE AJUDA:
Tl: 262 598 028 Tm: 918 120 945

Fonte: Jogo Responsável.PT
 
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Reportagem sobre Vício do Jogo!

Reportagem sobre vício do jogo e o impacto que tem na vida de quem sofre deste vício!
[video=youtube_share;qsHQOZZJdqE]http://youtu.be/qsHQOZZJdqE [/video]



 

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Compradores Compulsivos!

Ir às compras é um entretenimento saudável quando não se converte numa obsessão diária. Os compradores compulsivos são aqueles que gastam mais dinheiro do que têm, dedicam demasiado tempo a magicar a compra de objectos que geralmente nunca vão utilizar, para dar satisfação à sua compulsão. São pessoas que não conseguem controlar-se e para acalmar a ansiedade gerada por algum acontecimento inesperado ou não, compram uma ou várias coisas que normalmente não precisam. O sentimento de culpa que este tipo de compras lhes provoca é tão grande que chegam a deprimir-se e têm tendência a desfazer-se dos objectos comprados oferecendo-os a amigos ou outras pessoas. Os artigos que uma mulher compulsiva compra com mais frequência são: sapatos, produtos de beleza, acessórios. Normalmente as mulheres compram de maneira mais compulsiva do que os homens. Vários estudos demonstram esta diferença. Por norma, quando se compra compulsivamente produtos desnecessários é porque há um desejo escondido de esquecer desgostos, afastar frustrações, tentando desta forma elevar a sua auto-estima. As compras compulsivas são como um paliativo que dá acalma nesse momento, mas depois regressa com mais força conduzindo a vítima a uma maior depressão que a leva de novo a comprar para acalmar a sua culpa e ansiedade, vivendo num circulo demasiado complexo e vicioso de que não será fácil livrar-se. O efeito que a sociedade e o mundo da comunicação exercem sobre este tipo de pessoas é devastador, já que se encontram numa situação muito influenciável e debilitada. Sabe-se que nos Estados Unidos mais de 15 milhões de pessoas são compradores compulsivos às compras, sendo a maioria mulheres. Em Portugal na época dos saldos, os shoppings e outras casas comerciais, enchem-se de mulheres que compram o que quer que seja, ainda que não tenha para si qualquer utilidade. Diz-se que no último ano as compras por impulso aumentaram em Portugal e Espanha, mais de 15%.

Perfil do Comprador Compulsivo:
- Impressiona-se facilmente com as novidades;
- Está sempre a magicar a compra de objectos que geralmente nunca vai utilizar;
- Possui baixa auto-estima;
- É facilmente manejável;
- Tem problemas de solidão;
- Tem baixo auto controlo;
- É depressivo/hipnomaníaco;
- Tem elevado nível de ansiedade.
Alguns conselhos para não perder a cabeça e nem o dinheiro:
- Nunca sair de casa em situação de desânimo, porque o estado de ânimo tem muita influência na hora de comprar;
- Se sente triste, tem tendência de comprar algo por mais inútil que seja, para acalmar a sensação de angústia, por isso, tente afastar a tristeza pensando em coisas alegres;
- Nos momentos de depressão saia com pouco dinheiro e deixe o cartão de crédito em casa, assim só poderá o que realmente precisa;
- Antes de sair de casa faça uma lista do que deve comprar e traga o dinheiro necessário para as compras dessa lista;
- Deve manter-se firme perante um vendedor que a quer convencer a comprar algo que seja necessário ou faça parte da sua lista;
- Evite ver a TV ou ouvir rádio nos momentos de depressão, e em que esteja a passar publicidade;
- Se receber qualquer tipo publicidade pelo correio, evite lê-la;
- Quando sentir ansiedade, evite fazer compras, tente ouvir música, ir ao teatro ou ao cinema, fazer ginástica, distraia-se;
Normalmente um comprador compulsivo esconde um problema relacionado com a auto-estima, algo que está incomodando e provocando uma situação de angústia e ansiedade.

Se seguiu cada um dos sete conselhos acima mencionados e não resultou, chegou o momento de procurar um Hipnoterapeuta, que certamente a irá ajudar a resolver o seu problema, problema este que é tão grave como qualquer outro de origem psíquica e que poderá trazer consequências graves no futuro.

Publicado em plenitude.com e adaptado por PCOV.
 

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Oniomania: A Compulsão por comprar!

Quando a compulsão por comprar se apresenta de forma severa, torna-se uma doença psicológica chamada Oniomania. O transtorno, caracterizado pelo descontrole dos impulsos, atinge cerca de 3% da população. Os portadores da Oniomania, também conhecidos como consumidores compulsivos, frequentemente não conseguem resistir à tentação de comprar. Chegam a não pagar contas essenciais para gastar com bens supérfluos. A gratificação e a satisfação obtidas através da compra não os permitem avaliar a possibilidade de futuros prejuízos.

Entre os comportamentos mais comuns dos consumidores compulsivos estão os seguintes:
- Esconder as compras da família ou do parceiro;
- Mentir sobre a quantidade verdadeira de dinheiro gasto em compras;
- Gastar em resposta a sentimentos negativos como depressão ou tédio;
- Sentir euforia ou ansiedade durante a realização das compras;
- Culpa, vergonha ou auto depreciação como resultado das compras;
- Se dedicar muito tempo fazendo malabarismos com as contas ou com as dívidas para acomodar os gastos;
Além de uma atracção incontrolável por cartões de créditos e cheques especiais.

Uma pessoa só é considerada um consumidor compulsivo se é incapaz de controlar o desejo de comprar e quando os gastos frequentes e excessivos interferem de modo importante em vários aspectos de sua vida. Antes de cometer o acto do qual não tem controlo, é comum que o consumidor compulsivo apresente ansiedade ou excitação. Já durante a execução do acto, experimenta sensações de prazer e gratificação. E quando por algum motivo, são impedidos de comprar, os pacientes costumam relatar sensações como angústia, frustração e irritabilidade. A maioria apresenta culpa, vergonha ou algum tipo de remorso ao término do acto. As compras compulsivas podem levar a sérios problemas psicológicos, ocupacionais, financeiros e familiares que incluem a depressão, enormes dívidas e graves problemas nas relações amorosas. Vários estudos revelaram que a idade e a situação económica são os principais factores de risco para o desenvolvimento desse transtorno. Os investigadores descobriram uma percentagem mais elevado em jovens que ganham menos em relação aos indivíduos mais velhos e em melhor situação económica.

O comprador compulsivo consome pelo prazer de consumir e não pela real necessidade do objecto, e compra mais produtos relacionados à aparência como roupas da moda, sapatos, jóias e relógios. O descontrole é sem limites. Podemos traçar um paralelo entre as compulsões por compras e as dependências químicas. Em ambas, há perda de controlo e o paciente se expõe a situações danosas para si e também para os outros. Assim como em alguns casos os dependentes químicos roubam para custear seus vícios, o compulsivo também pode se utilizar de meios ilegais para continuar comprando.

Compras compulsivas podem ser encontradas com muita frequência na fase maníaca do transtorno bipolar de humor, de exaltação do humor, quando existem sentimentos intensos de alegria e optimismo, associados à falta de capacidade para julgar com clareza as consequências dos actos cometidos; e também podem ser encontradas em portadores do transtorno obsessivo compulsivo (TOC), principalmente em pacientes com compulsões de coleccionismo.

Embora a compulsão por compras possa estar relacionada a outros transtornos, alguns factores presentes no dia-a-dia são facilitadores da compra descontrolada. Produtos à venda pela Internet, canais de venda na televisão ou grandes promoções de queima de estoque são um grande perigo.

Infelizmente, a maioria dos compradores compulsivos só costuma procurar ajuda quando as dívidas são elevadas e os gastos exagerados já acarretam problemas familiares, nos relacionamentos, em situações legais, ou até quando dão origem a episódios depressivos de intensidade importante. Em alguns casos, os portadores do transtorno só chegam ao consultório trazidos por familiares, amigos ou pelo cônjuge. Quanto à origem do transtorno, acredita-se que haja algum défice do neurotransmissor serotonina, que reconhecidamente proporciona menor ocorrência de impulsividade. Desta forma, o tratamento pode envolver medicamentos como antidepressivos ou agentes estabilizadores do humor, e psicoterapia cognitivo-comportamental.

Dependendo do caso, duas outras medidas também devem ser levadas em consideração:
- Frequentar grupos de auto-ajuda, como os devedores anónimos (DA) e nomear algum conselheiro financeiro, que possa orientar o paciente sobre suas movimentações financeiras.
Quando esse último procedimento ocorre, o paciente continua com a responsabilidade de pagar suas contas, porém, não tem acesso a cartões de crédito e a cheques. É dado a ele, semanalmente, uma quantia previamente combinada à qual deve se adequar. Além disso, as contas são acompanhadas por meio do fornecimento de recibos ao conselheiro financeiro. Esta é uma das formas de tentar combater a possibilidade de episódios de compulsão por compras. Conforme o indivíduo obtém progressos, ele retoma paulatinamente o pleno controlo sobre suas finanças.

Autora: Leonardo Gama Filho, Psiquiatra especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria e Chefe do Serviço de Saúde Mental do Hospital Municipal Lourenço Jorge (RJ)

Quando gastar torna-se uma obsessão?


Comprar, comprar e comprar... Muita gente compra para obter status, por necessidade, ou até mesmo por moda, mas há quem compre pelo simples prazer que esse acto proporciona.

A Oniomania, doença que ataca esse tipo de compulsivo, é caracterizada como um transtorno de personalidade e mental, classificado dentro dos transtornos do impulso.

Para o consumidor compulsivo, o que lhe excita é o acto de comprar, e não o objecto comprado. Essa pessoa tem vontade de adquirir, mas não de ter, afirma o psicólogo Daniel Fuentes, coordenador do Ambulatório do Jogo Patológico (Amjo) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

A maioria desses consumidores compulsivos são mulheres de temperamento forte, ágeis, dinâmicas, inquietas, perfeccionistas, possuem uma desenvoltura social e cultural maior, são imediatistas e inteligentes. O mais interessante é que essa vantagem intelectual não é aplicada na vida, porque racionalmente são pessoas que, depois da compra, são capazes de saber que fizeram asneiras, mas não conseguem evitar, e usam da inteligência para ludibriar os familiares.

Na hora da compra, a avidez por comprar fala mais alto. Os compulsivos por jogos, por exemplo, possuem uma fixação maior que a fixação do viciado em cocaína. Muitos problemas podem ser gerados por essa doença. Os compulsivos contraem dívidas altíssimas, o que gera problemas pessoais e familiares.

Quando são privados dos meios de compra, chegam até a roubar. Essas pessoas que até então, eram honestas, deixam-se levar pelo impulso de comprar. Algumas vezes aplicam golpes, passam cheque sem fundo e pedem dinheiro emprestado para liquidar dívidas. Não é um defeito de carácter, é uma doença, a pessoa não é desonesta, tem apenas uma incapacidade de controlar esse impulso.

Além de sua compulsão em comprar, as pessoas que sofrem da Oniomania apresentam outros tipos de impulsividades:
- Como fazer muito exercício;
- Comer exageradamente;
- Ter comportamentos controladores sobre pessoas e situações ao seu redor;
- Trabalhar muito.
Mas não compulsivamente, como o obeso, mas fazer tudo com exagero. Ao comprar, elas não pensam em coleccionar coisas, mas acabam sempre comprando um determinado tipo de objecto.

O psicólogo Daniel Fuentes, menciona vários casos de consumo compulsivo:
- Uma paciente comprou 120 pares de sapatos;
- Outra paciente tem mais de 600 CD;
- Outra paciente comprou 30 ou 40 vestidos semelhantes e não os usa.
Houve um caso em que uma pessoa gastou um livro de cheques num só dia.

Muitas pessoas pensam que o consumidor compulsivo compra apenas por problemas emocionais. A depressão pode estar ligada a isso, mas não é o que determina o impulso para a compra. As pessoas compulsivas, mesmo quando tratadas com medicamentos antidepressivos, não deixam de ter seus impulsos, e quando conseguem se recuperar, passam por uma crise de abstinência parecida com a dos usuários de drogas pesadas. O compulsivo acaba comprando excessivamente porque não resiste ao seu impulso, e enquanto não realizar a compra, se sente ansioso, irritado e suas mãos ficam suadas.

Apesar dessas pessoas com transtorno viverem numa sociedade que respira propaganda, o professor Dilson Gabriel dos Santos, da Faculdade de Economia e Administração da USP, nega que esse seja o principal motivo que leva o consumidor a se tornar um compulsivo. "Nos Estados Unidos, antes de chegar nas caixas de supermercado, o consumidor passa por um corredor cheio de produtos. Aqueles são produtos típicos de compra por impulso, mas que atingem todos os tipos de consumidor. No caso dos consumidores compulsivos, eles tornam-se presa fácil para os estímulos do marketing", e complementa: "O marketing não tem o propósito de agir sobre as pessoas compulsivas, e nem tem como distinguir quem é normal e quem compra compulsivamente".

Às vezes, o facto de um produto estar bem colocado na vitrina, ou em promoção, ou até sendo degustado no supermercado, pode levar o consumidor compulsivo a comprá-lo porque chama sua atenção, mas ele poderia comprar qualquer outro produto, pois o impulso que lhe faz comprar é independente do que ele vai adquirir.

"Imagine a pessoa que está propensa a comprar. Ela responde bem a esses estímulos, e muitas delas sentem uma sensação de completude. Por não ser uma compra planeada, ela pode comprar aquilo que estiver chamando mais a atenção na hora", diz Fuentes.

Nos casos de compra por Internet ou TV, por exemplo, há muita devolução do produto justamente porque não é o mais importante no acto da compra. Quando o produto chega em casa, a pessoa percebe que comprou algo inútil e o devolve. Para esses consumidores compulsivos, o professor Dilson dá uma dica: "saia com uma lista e siga rigorosamente. É uma forma de se defender dos estímulos permanentes e que estão em qualquer lugar, gastando menos".

Como saber se é um compulsivo:
- Não resistir ao impulso de comprar;
- Gastar mais que o planeado, o que o prejudica financeiramente;
- Acabar com seus planos de vida e das pessoas à sua volta;
- Pedir dinheiro emprestado aos outros e até aplicar golpes para poder saldar a dívida;
- Precisa efectuar a compra de qualquer maneira, independentemente do produto comprado;
- Perceber que está comprando coisas que não usa ou usa muito pouco;
- Contrair dívidas elevadas que comprometem seus rendimentos mensais.

Tratamentos:

Psicoterapia com profissionais especializados: a primeira etapa é passar o controlo dos bens para alguém de confiança e a segunda, é o autoconhecimento e a busca do motivo pelo qual a pessoa compra compulsivamente.

Tratamento secundário com antidepressivos, nos casos em que o paciente apresenta quadro de depressão.

Grupos de auto-ajuda, como o DA (Devedores Anónimos).

Fonte: Laura Lopes Revista Espaço Aberto 150 | USP busca novos patamares de internacionalização
 
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Entrevista com André Malbergier sobre consumos descontrolados!

Muitas pessoas imaginam que os comportamentos compulsivos estão apenas associados a drogas como álcool, maconha, cocaína e nicotina, por exemplo. De facto, dependentes de droga manifestam esse tipo de comportamento, mas a compulsão não está relacionada exclusivamente com o uso de substâncias químicas. Pode estar ligada a outras situações que provocam prazer, como fazer compras ou passar horas em frente do computador.

Quem não conhece pessoas que compram compulsivamente, estouram o limite do cartão de crédito, do cheque especial e a conta no banco?

Quem não tem notícias de pessoas que permanecem horas em frente do computador e se esquecem de comer, de falar com os amigos, de prestar atenção aos filhos?

Esses comportamentos, tanto quanto os relacionados com o uso de drogas, interferem com o mecanismo de prazer e podem adquirir características patológicas, de certa forma incontroláveis.

Drauzio Varella, médico oncologista, cientista e escritor brasileiro, formado pela Universidade de São Paulo, é conhecido por popularizar a medicina no Brasil, através de programas de rádio e TV. Num desses programas entrevista André Malbergier, médico, professor do Departamento de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenador do GREA, Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas.

Características do Comportamento Compulsivo!

Drauzio: Quais são as características básicas do comportamento compulsivo?

André Malbergier: O comportamento compulsivo se caracteriza por uma pressão interna que, em determinadas situações, faz com que a pessoa se sinta impelida, tomada por desejo muito forte de realizar uma acção que gera prazer principalmente nos estágios iniciais, mas que depois provoca sentimento de culpa e mal-estar.

Drauzio: Vamos pegar o exemplo das compras. Como se distingue um comportamento patológico do comportamento normal da pessoa que vai às compras?

André Malbergier: Com base em estudos americanos o comprar compulsivo só passou a ser tratado como doença recentemente. Considera-se que uma pessoa é compradora compulsiva quando, em determinado momento, começa a contabilizar prejuízos financeiros, pessoais e de relacionamento provocados pelo descontrole nas compras.

Embora as pesquisas mostrem que quase todo o mundo, de vez em quando, compra por impulso, porque comprar por impulso faz parte da natureza humana, o comprador compulsivo não cede a essa pressão eventualmente. Cede sempre, em especial se estiver dominado por sentimentos negativos, entristecido, com baixa auto-estima e dificuldade de relacionamento.

Em geral, são mulheres que vão ao shopping e começam a comprar sem controle. Às vezes, saem de casa pensando em adquirir determinado produto, mas entram nas lojas e não resistem ao apelo de comprar outras coisas. O mais interessante é que não compra só para si própria. Se a abordagem do vendedor for eficiente, sairão da loja carregada de presentes.

Na verdade, os shoppings favorecem esse tipo de comportamento pelo número e diversidade de lojas que oferecem agrupadas num mesmo espaço. Além disso, contar com cartões de crédito e poder parcelar os pagamentos funcionam como atracção e incentivo para novas compras.

Compulsão nos dois Sexos!

Drauzio: Esse tipo de compulsão é mais frequente nas mulheres?

André Malbergier: Observa-se que 90% a 95% dos compradores compulsivos são mulheres. Alguns estudos mostram que elas têm a chamada dependência de shopping center, caracterizada por problemas com compras, com comida e cleptomania, uma vez que também fazem pequenos furtos. Os comportamentos compulsivos dos homens estão mais ligados à adição de álcool, de drogas e ao sexo. Essa diferença provavelmente pode ser atribuída a aspectos culturais, já que toda a acção ou fisiopatologia da doença está associada ao circuito da recompensa que, em teoria, é igual nos dois sexos. Por outro lado, vários países que estudam o comportamento dos adolescentes no que se refere ao uso de drogas lícitas ou ilícitas verificaram que, nesse campo, o comportamento de homens e mulheres está muito parecido, o que pode reforçar a hipótese de tratar-se de uma questão mais cultural do que propriamente biológica.

Circuito Cerebral de Recompensa!

Drauzio: Um consumidor deprimido entra numa loja, compra uma camisa e uma gravata bonita e fica um pouco mais feliz. Como funciona o mecanismo de recompensa nesses momentos?

André Malbergier: Já está demonstrado que existe no nosso cérebro um circuito de recompensa, na verdade uma estrutura bastante rudimentar que, de alguma forma, está presente também nos outros animais, por exemplo, nos ratos, e que vai mediar nossa relação com situações de prazer, como fazer sexo, ir às compras, comer uma comida saborosa ou encontrar uma pessoa querida que não víamos há muito tempo.

Sabe-se também que, dependendo do grau de prazer que determinada situação gerou, esse circuito é estimulado em diferentes níveis. Certos comportamentos e algumas substâncias conseguem fazê-lo de uma maneira que dificilmente seria possível ocorrer na vida quotidiana. É muito difícil dimensionar o grau de prazer experimentado pelos dependentes se o compararmos com o de uma pessoa comum. Talvez seja isso que, depois de algum tempo, os faça declarar que nada mais lhes traz prazer além do sexo, da cocaína ou das compras, por exemplo.

Existe uma alteração no cérebro ligada à libertação de um neurotransmissor chamado dopamina, que é responsável pela sensação de prazer. Ele faz com que a pessoa, por susceptibilidade biológica ou sociocultural, ao entrar em contacto com determinado comportamento ou substância, associe tal estímulo ao prazer e bem-estar que está sentindo e que foi provocado pela maior libertação desse neurotransmissor. No entanto, quando se repete muito tal comportamento ou o uso da droga, a acção da dopamina se esgota, se esvazia rapidamente, a pessoa se sente mal e precisa repetir com mais frequência o estímulo externo para manter minimamente os níveis de dopamina no sistema cerebral de recompensa.

Drauzio: Quer dizer que os compradores compulsivos estabelecem uma ligação patológica entre determinado comportamento e os níveis de dopamina. Provocam o estímulo, porque só ele consegue fazer com que sintam felizes naquela hora, pelo menos. Com a cocaína, acontece a mesma coisa. Quando cessa sua acção, o usuário fica derrubado e repete a dose, mesmo sabendo que aquele comportamento é deletério. A pessoa que vai fazer compras sabe que depois vai sentir-se mal?

André Malbergier: Sabe sim. O interessante é que só recentemente se conseguiu demonstrar que não são apenas as substâncias químicas que actuam nos circuitos cerebrais da recompensa. Compras, jogos patológicos, sexo, comida ou mesmo o uso exagerado do computador representam comportamentos capazes de agir sobre eles.

No caso do comprador compulsivo, o fenómeno é muito parecido com o provocado pelas drogas. A pessoa se ilude com a sensação de que vai ao shopping não para comprar, mas para ver vitrinas, ir ao cinema ou levar o filho. Tal como o consumidor de cocaína que pensa que pode ir a uma festa, sem consumir drogas ou tomar só um pouquinho, o consumidor compulsivo pensa que vai conseguir ir ao shopping sem endividar-se, mas não resiste sequer ao primeiro apelo. Os comportamentos compulsivos são estimulados pela facilidade de acesso à substância, no caso, o acesso às compras. Do mesmo jeito que numa festa a simples visão da cocaína pode libertar desejo incontrolável, exposta a uma situação de compra, a pessoa tem as mesmas reacções.

Factores de Risco!

Drauzio: Existem pessoas que correm maior risco de desenvolver comportamento compulsivo em relação às compras?

Há um tipo de personalidade ou de educação mais comum nelas. Por exemplo, pais que compram mais presentes para os filhos podem estar incentivando esse tipo de comportamento?

André Malbergier: Teoricamente, quem corre maior risco são as mulheres de classe média ou média alta, faixa socio económica com maior disponibilidade de dinheiro para gastar. Pagas as contas diariamente, sobra-lhes sempre uma quantia para ser usada em recreação, lazer, compras, etc. Discute-se se boa parte dessas mulheres são filhas de pais que trabalhavam muito e ficavam ausentes por longos períodos, deixando em suas mãos, quando meninas, dinheiro disponível precocemente. Assim, aos 16 ou 17 anos, idade em que começaram a sair sozinhas, criaram hábitos, entre eles, o de compras, que incluem gastos excessivos.

Comorbidades!

Drauzio: Compradores compulsivos podem apresentar o que em medicina se chama de comorbidade, ou seja, a associação com outras patologias psiquiátricas?

Por exemplo, existem pessoas deprimidas que são dependentes de álcool. Quando se vai analisar o caso, descobre-se que o alcoolismo surgiu como tentativa para fugir da depressão.

André Malbergier: Na área da dependência e compulsão são comuns os casos de comorbidade. Estudos mostram que de 60% a 70% das mulheres com compulsão por compras apresentam sintomas depressivos e número um pouco menor, depressão clínica propriamente dita.

Outra doença frequentemente associada aos compradores compulsivos é a distimia, uma depressão crónica mais leve do que a depressão clínica. É evidente que pessoas com sintomas depressivos, às vezes por anos, quando descobrem que o facto de irem às lojas para fazer compras melhora seu ânimo, desenvolvem compulsão nem tanto pelo prazer de possuir um objecto em si, mas porque são paparicadas pelo vendedor dentro de uma loja bonita e num ambiente agradável. O bem-estar que sentem nesses momentos é descrito quase como um orgasmo.

Interessante é que muitas, mal saem da loja, começam a cair na realidade e apercebem-se que deram mais um cheque ou assumiram mais uma dívida no cartão de crédito e não levam os objectos que adquiriram para casa ou se levam, escondem-no do marido, ou não desfazem os embrulhos.

Drauzio: Em que faixa etária é mais comum esse tipo de problema?

André Malbergier: Em geral, na faixa dos 39, 40 anos, quando os maridos atingiram certa estabilidade financeira. As feministas não gostam dessa interpretação. Dizem que hoje em dia as mulheres trabalham e ganham dinheiro para arcar com as despesas e os pagamentos de suas compras.

Computadores e Internet!

Drauzio: Vamos falar sobre a compulsão por computadores e internet. O que fazer com as crianças que ficam enlouquecidas diante do computador por horas?

André Malbergier: Essa é uma área que vem chamando muito a atenção e acredito que chegou a hora de discutir o assunto aqui no Brasil. Só agora se está tentando estabelecer uma legislação que oriente o funcionamento de estabelecimentos com computadores para crianças, adolescentes e adultos poderem frequentar e jogar em rede, em geral, jogos de estratégia, de guerra.

Em 2002, havia 500 desses estabelecimentos no Brasil. Em 2003, esse número gira em torno de 3000, ou seja, estão abrindo casas desse tipo em cada esquina, sem regra nenhuma que norteie seu funcionamento, não importa se em frente de escolas, faculdades ou próximas a lugares frequentados por crianças. Existem até certos empreendimentos imobiliários que se valem da instalação desses equipamentos no condomínio como propaganda de venda e escolas que se gabam de oferecer um computador por criança.

Na verdade, o estímulo para que as pessoas usem o computador é imenso e aí entra a questão da comorbidade. Ou seja, pessoas com alguma dificuldade de relacionamento social, fóbicas, tímidas demais ou com quadros depressivos, em contacto com o computador, acabam abusando de seu uso o que acarreta prejuízos na sua vida social, financeira e até profissional. Muitas perdem o emprego, porque se aproveitam de que o trabalho requer o uso do computador para despender tempo com jogos, e-mails, internet ou até mesmo visitando sites de pornografia.

De certa forma, o computador é uma experiência nova na vida de muitas pessoas, aqui no Brasil. Para estabelecer alguns limites quanto ao uso desse equipamento, os pais precisam entender como funciona o computador. Por seu lado, as crianças cada vez mais precocemente aprendem a lidar com o computador.

Drauzio: Isso não é bom?

André Malbergier: É bom, desde que haja um filtro, porque não se conhecem ainda as consequências dessa abertura total, nem se sabe em que idade o contacto com o computador deveria acontecer.
Será que uma criança de três anos, que aprende a brincar com joguinhos, às vezes educativos, e passa a tarde toda no computador, porque os pais estão trabalhando e a empregada entretida com seus afazeres, não se tornará um usuário compulsivo?

Hoje, o computador substituiu a televisão no papel de babá electrónica. Só que a televisão não é interactiva. Num determinado momento, o espectador se cansa e vai embora. O computador, ao contrário, é interactivo e prende muito mais a atenção.

Orientação aos Pais!

Drauzio: Que orientação dá aos pais nesse sentido?

André Malbergier: Acho que os pais devem estabelecer um tempo para os filhos ficarem diante do computador. Dependendo da idade pode ser de uma hora, mas nunca deve ultrapassar três horas. E não é só por causa do risco de adição. Problemas de postura e obesidade já têm sido associados ao uso excessivo do computador.

É triste dizer, mas três mortes de adolescentes na Coreia foram atribuídas a esse uso. Os jovens tinham permanecido nesses estabelecimentos com computadores de acesso à net, durante 48 horas sem comer e sem dormir e só se afastavam do computador para ir ao W.C. Provavelmente, eles já apresentavam alguma patologia de base que os deixava mais vulneráveis, mas o facto é que faleceram de exaustão.

Em alguns desses estabelecimentos com computadores, existem as sessões coruja e a oferta de um pacote promocional para o usuário passar a noite toda no computador, gastando muito pouco e não são muitas as que proíbem a entrada de menores.
Felizmente, no final de 2003, foi aprovada pela Câmara Municipal uma lei que obriga a apresentação de uma carta dos pais autorizando o filho a passar a noite nesses estabelecimentos.

Drauzio: A compulsão pelo computador não é exclusividade da infância. Muitos adultos também apresentam essa característica?

André Malbergier: Em geral, as pessoas adultas começam a queixar-se de que estão usando o computador de forma nociva. Se imaginarmos que a Internet apareceu no início da década de 1990, pode-se dizer que elas não eram crianças quando se interessaram por ele. No entanto, quem nasceu depois dessa data, já nasceu na era da Internet.

Consequentemente, a tendência é o número de casos de dependência aumentar, especialmente porque nas famílias mais ricas, cada criança tem à disposição um computador no quarto, e em vez de brincar com os amigos, fica trancada em casa convivendo nas redes sociais.

A propósito, nos Estados Unidos, foi realizado um estudo muito interessante. Os pesquisadores acompanharam por seis meses pessoas que fizeram a matrícula num provedor. A conclusão foi que quanto mais horas ficavam ligadas na internet, mais sintomas de depressão ou mais dificuldade de estabelecer relacionamentos apresentavam. Portanto, já existem evidências de que ficar muito tempo na Internet pode gerar problemas na esfera social do comportamento.

Tratamento!

Drauzio: Vamos falar um pouco sobre o tratamento para compulsões. Existe tratamento para uma pessoa compulsiva que faça compras ou que fique no computador 12 horas a 14 horas por dia?

André Malbergier:
No que se refere às compras, há estudos sobre o assunto e uma experiência clínica maior. Em primeiro lugar, lida-se com a questão comportamental, restringido as oportunidades de acesso às compras como se faz com as drogas. Como medida inicial, procura-se reduzir e às vezes, suspende-se totalmente o montante de dinheiro que chega às mãos dessas pessoas.

O objectivo dessa proposta de tratamento é fazer com que a pessoa aprenda a viver com o que ganha e a respeitar um orçamento. Pedimos que, nesse período, tente afastar-se dos shoppings e deixe de usar cartões de crédito e livros de cheque. Quanto mais pagar as compras com dinheiro, melhor.

Se quiser comprar um par de sapatos, deve levar a quantia necessária ou talvez um pouco mais para tomar um lanche. O problema é que, em geral, as pessoas se sentem de certa forma humilhadas porque possuem médio ou alto poder aquisitivo, não lhes falta dinheiro, mas são tratadas como crianças.

Existem alguns estudos com medicamentos antidepressivos para controle da compulsão por compras, mas sempre fica a dúvida sobre sua verdadeira eficácia. Uma das drogas é o Citalopran, um antidepressivo que vem sendo submetido a testes, inclusive comparando seu efeito com o do placebo, e que parece diminuir a compulsão pelas compras. Isso sugere que se pode associar medicação e terapia comportamental.

Nos casos de uso abusivo do computador, não existem estudos, pelo menos que eu conheça, sobre a acção dos antidepressivos. Por isso, o tratamento é basicamente comportamental a fim de tentar impedir o acesso fácil e ilimitado do usuário.

Drauzio: Muitas mulheres queixam-se que os companheiros passam horas e horas no computador e que isso acaba por interferir no relacionamento afectivo.

André Malbergier: É em casa que o usuário compulsivo de computador enfrenta a primeira dificuldade, pois vai deixando de atender a chamada para o jantar, não respeita a hora de dormir ou de cumprir as tarefas domésticas, não conversa com a esposa nem dá atenção aos filhos. É sempre interessante avaliar como o computador está inserido nas actividades do dia-a-dia e medir as horas não essenciais dedicadas ao seu uso, desprezando o tempo dedicado ao trabalho, ao estudo ou em busca de informações. Nos casos de usuários compulsivos, verifica-se que esse tempo gira em torno de 27 horas a 30 horas semanais, ou seja, de três a quatro horas por dia. Ora, se pensarmos que a pessoa chega em casa às sete horas, oito horas da noite, de facto não lhe sobra muito tempo para a vida em família.

Drauzio: Com as crianças talvez seja mais fácil controlar esse uso. O pai estabelece horários, desliga o computador ou proíbe seu uso indiscriminado. Como se faz esse controle com os adultos?

André Malbergier: Aí está o problema. Uma senha, por exemplo, pode resolver o problema com a criança. Com o adulto é preciso conversar. Já recebi o filho de um senhor aposentado, com mais ou menos 70 anos, que aprendeu a mexer no computador e estava se descuidando da saúde por causa disso. O computador tem um aspecto muito atraente. Atrás dele a pessoa pode ser quem quiser. O homem mais velho, por exemplo, pode conversar com raparigas, dizendo ter 25 anos de idade e uma aparência muito diferente da que realmente tem. Há até quem mande pela Internet fotos de outras pessoas como se fossem suas alimentando essas fantasias.

Drauzio: De facto, o computador pode estar ligado a uma infinidade de comportamentos que proporcionam prazer.

André Malbergier: É verdade. Muitas pessoas questionam se o problema é o computador ou se o acesso que dá à pornografia, por exemplo, só interessa às pessoas que já têm distúrbios sexuais. No que se refere aos jogos, qualquer um pode entrar em sites de casinos e jogar livremente. Basta declarar que tem 18 anos, pois ninguém vai conferir a informação. E não são só casos como esses. Há uma infinidade de comportamentos compulsivos associados ao uso do computador.

Tive uma paciente que quase não conseguia levantar-se da cadeira, na expectativa de que pudesse chegar um novo e-mail para ela. Outro aspecto importante para a adesão ao computador é a velocidade com que se processam as informações. Eu tinha um modelo 486. Ligava e podia ir ao W.C. sossegado, porque ele demorava muito para abrir. Hoje, os equipamentos permitem que se abra uma página atrás da outra rapidamente, o que provoca sensação de euforia, bem-estar e liberta adrenalina.

Drauzio: Quanto mais veloz o computador, mais rápido o estímulo que dá prazer?

André Malbergier: Sim, a tal ponto que pessoas ansiosas ou inquietas, às vezes, não aguentam esperar se o computador estiver lento. De certa forma, o mundo moderno empurra as pessoas para os comportamentos compulsivos. Não é só o computador mais veloz. É o cartão de crédito, são os cheques pré-datados, a propaganda e as cores das lojas, tudo estimula o desenvolvimento da compulsão.
 
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Casos de Sucesso e Ruina no Mundo do Jogo!

Caso de Sucesso:

Em 2009, o norte-americano Joe Cada tornou-se o mais jovem milionário do póquer, ganhando o World Series of Poker, arrecadando 8,5 milhões de dólares (cerca de 5,6 milhões de euros) em Las Vegas (E.U.A.). O jovem de Michigan, de 21 anos, bateu o recorde que pertencia ao dinamarquês Peter Eastgate, de 22 anos, ex-estudante de economia, que em 2008, tinha ganho cerca de 6 milhões de euros.
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Joe Cada, vencedor do World Series
of Poker em 2009.

Tal como Eastgate, Joe Cada deixou a escola aos 16 anos para se dedicar ao Póker. A escolha não agradou ao pai, mecânico, e à mãe Ann, profunda conhecedora dos vícios do jogo, pois trabalha no casino, em Detroit. Mas Joe começou a ganhar dinheiro nas mesas de Póker on-line. No último ano, tinha ganho cerca de 2 milhões de euros, entre jogos na Internet e contratos de patrocínio com sites de Póker.

Apesar de ter ganho 5,6 milhões de euros, no World Series of Poker, só vai levar metade. A outra metade vai para os dois investidores que lhe pagaram a taxa de inscrição no torneio: 10.000 dólares (6700 euros) em troca de metade dos potenciais ganhos.

Caso de Ruina:

Allen Iverson, vedeta da NBA, durante uma década, até ao seu declínio, em 2011, saltou do céu ao inferno, num ápice, de milionário (com ganhos superiores a 112 milhões de euros), a simples cidadåo norte-americano com graves problemas financeiros.
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Depois de ter brilhado em diversas equipas (Philadelphia, Sixers, Denver, Detroit e Menphis), retirou-se em 2011 da NBA, chegando a jogar pelos turcos dos Besiktas, já na fase de declínio financeiro.

Entre maus investimentos, gastos sumptuosos em casinos, alguns dos quais chegaram a negar a sua entrada, e um divórcio litigioso, que lhe custou uma fortuna, Iverson perdeu também a sua mansão de Atlanta, avaliada em 3,3 milhões de euros. Actualmente, vive em dificuldades financeiras, depois de ter estourado uma fortuna de 112 milhões de euros, acumulados enquanto estrela de várias equipas.
 
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Milionário Chinês torna-se Mineiro para deixar o Jogo!

Zhang Qijang Yonqiang, 39 anos, milionário e proprietário de uma rede de supermercados e algumas propriedades na China, tomou o gosto pelo jogo e ficou viciado.
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Depois de perder uma fortuna em algumas noites, apercebeu-se do erro cometido. Assim, em 2008, Zhang decidiu deixar o jogo, e conseguiu um trabalho como mineiro. Inicialmente, fez isso apenas para se manter longe do jogo, mas logo caiu de amores pela nova profissão. Os seus pais e esposa deram-lhe apoio e ajudam a operar os supermercados, enquanto ele trabalha como mineiro nas minas de carvão, na cidade Fengchun Shihão. Já não joga à três anos.
 

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Freira Católica rouba para gastar no Casino!

Uma freira católica roubou 130.000 dólares (quase 100.000 euros), para gastar em casinos na costa oeste de Nova Iorque. A irmã Mary Anne Rapp, 68 anos, foi detida em Novembro de 2012, durante uma auditoria de rotina as igrejas rurais do Estado de Nova Iorque.

Viciada no jogo, a freira da Ordem de São Francisco, em Lewiston, perto da cidade de Niagara Falls, confessou ter roubado o dinheiro, entre 2006 e 2011. Mary Anne Rapp, freira à quase 50 anos, aceitou afastar-se de suas funções e procurar tratamento. Kevin Keenan, porta-voz das paróquias roubadas, afirma que esse montante afectou as contas das pequenas paróquias e igrejas rurais daquele Estado.
 

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Os Viciados na Internet!

O uso excessivo da Internet é prejudicial à saúde mental!

Estudos demonstram que o uso excessivo da Internet é um perigo para a saúde mental. A prisão psíquica pelo computador está unida à depressão e variações de humor que podem ser semelhantes a crises de abstinência e fazer com que um internauta apresente traços de autismo. O facto de o viciado em Internet ser fortemente relacionado a traços de autismo é um dado científico recente, e pode ser de natureza semelhante a associações estabelecidas entre isolamento social e esse tipo de dependência.
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Pessoas viciadas em Internet são muito mais predispostas a apresentar alteração de humor negativa e péssimo estado de espírito logo após desligarem o computador do que internautas que usam a rede mundial de computadores de forma moderada. É um quadro análogo à síndrome de abstinência e robustece ainda mais a ideia de que esses viciados sofrem de dependência cibernética.

Na América do Norte, a compulsão à Internet é tratada por um crescente número de centros médicos especializados, entre eles os da Universidade de Maryland, em College Park, e o Computer Addiction Study Center, do Hospital McLean, em Belmont, Massachusetts. A questão "cybervício" foi analisada e publicado em Maio de 2013, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, sigla em inglês), documento considerado por muitos médicos como a "Bíblia da Psiquiatria". Phil Reeds afirma que quando essas pessoas viciadas na Internet, se vêem off-line, elas passam a apresentar um humor muito mais negativo, assim como indivíduos que deixam de usar drogas ilegais, como o ecstasy.

Além do vício na Internet, em frente ao computador, existem outros problemas de saúde variados, normalmente relacionados com a visão, mente, músculos, articulações e coluna vertebral. As queixas de quem sofre esses problemas incluem fadiga, cansaço e irritação ocular, visão turva, tensão muscular, dores de cabeça, stress, dores no pescoço, costas e braços. Entre os principais problemas, estão as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), que agora são reconhecidas como Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

Apesar de não haver consenso, existe um estudo da Universidade La Salle, divulgado em 2008, afirmando que há um total de 50 milhões de adictos na Web.

Todavia, outro relatório da Advances Psychiatric Treatment informa que o número de compulsivos gira em torno de 5% a 10% do total de internautas no mundo (estimados em 1,3 bilião de pessoas, de acordo com o Internet World Stats) - isso dá cerca de 100 milhões de pessoas.
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Na China, dos 18,3 milhões de internautas adolescentes, mais de 2 milhões são
viciados na rede mundial de computadores.

Há casos extremos em que os internautas morrem após longas horas diante de video-games. E outros casos em que passam mais tempo agarrados ao computador horas e dias seguidos, por vezes, anos como é o caso de um chinês chamado Li Meng.

Li Meng, um chinês viciado em jogos virtuais, passa a maior parte do tempo jogando on-line. Li Meng reside há seis anos no cybercafé em Changchun, província de Jilin, no nordeste do país. Recusa-se a conversar com as pessoas que frequentam o local e não corta o cabelo há muito tempo, e só deixa o cybercafé exclusivamente para comer e tomar banho. Geralmente joga à noite, de dia anda dorminhoco e dorme junto ao computador.

Estima-se que Meng tenha conseguido sustentar-se ao vender bens virtuais por dinheiro real. Aparentemente, o gamer tem um rendimento mensal de cerca de 2000 yen (cerca de 248 euros), dos quais 62 euros são para pagar ao cybercafé todos os meses.

Um artigo do Business Insider avança que chamar a sua atenção é um verdadeiro desafio: «Não importa o que lhe digamos, ele recusa comunicar com os outros. Consultei o dono do estabelecimento e ele explicou que o jogador está aqui há tanto tempo que eles mal notam a sua presença, e consideram-no uma pessoa que não causa distúrbios».

A China tem um problema bem documentado com os jovens que se viciam nos computadores, havendo reportagens de campos para curar os agarrados à Internet. Recentemente, um jovem envenenou os pais após eles imporem um recolher obrigatório em relação aos video-jogos. Noutro caso um pai de um jogador de 23 anos contratou um «assassino on-line» para matar repetidamente o avatar do filho, na esperança que ele desistisse e arranjasse um emprego, de acordo com a imprensa internacional.

Apesar dos riscos concretos que o uso inadequado da Internet pode apresentar, não é considerada negativa à sociedade. Mas sim uma ferramenta indispensável na sociedade contemporânea. Sem ela o mundo para sem dúvida!
 
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Oficial Chinês gastou Milhões do Dinheiro Público em Jogo de Video-game!

Um oficial chinês tornou-se viciado num jogo on-line e desviou 2,6 milhões de yuanes (cerca de 424.000 dólares) em fundos públicos para sustentar sua obsessão. O funcionário de sobrenome Chu trabalhava no Centro de Administração Económica e Cooperação Comunitária na cidade de Nanjing, e estava encarregado de administrar o dinheiro dos contribuintes. Em 2005, ele descobriu o jogo on-line Zhengtu, um dos mais populares na China no género de "jogos de RPG para multi-jogadores", que envolve conduzir a personagem no mundo de fantasia enquanto se interage com outros jogadores.

O jogo "World of Warcraft" (WoW) é um dos mais conhecidos do género mundialmente. Fabricantes de jogos chineses imitaram muitos dos recursos do WoW para criar suas próprias versões. Chu achou a variedade de armas e itens virtuais do Zhengtu irresistíveis e logo se tornou um viciado.
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Imagem do jogo on-line Zhengtu, que motivou um oficial chinês viciado a desviar 2,6 milhões
de yuanes (424.000 dólares) em fundos públicos para sustentar seu vício. (Epoch Times).

Ele gastou 10.000 yuanes (1633 dólares) em equipamentos para o jogo virtual, segundo artigos da média chinesa. Depois, gastou 100.000 yuanes (16.327 dólares) para abrir duas contas de alto nível do jogo em vez de apenas uma conta regular. Em pouco tempo, usou todas as suas economias, e em 2005, decidiu tirar proveito de seu acesso aos fundos públicos e começou a retirar dinheiro da conta bancária do Centro de Administração.

Com esse dinheiro, voou para outras cidades quase todo fim-de-semana para se reunir com colegas-jogadores e para participar de competições. Às vezes, também pagava as despesas de viagem de outros jogadores que vinham visitá-lo, segundo um artigo no site Sina. Após cinco anos desse comportamento, sua esposa divorciou-se dele. Em 2012, Chu calculou que havia gasto no jogo 2,6 milhões de yuanes do dinheiro público. Finalmente, entregou-se e foi condenado a 11 anos de prisão.

Críticas:

"Um funcionário municipal pode causar todo esse caos por seis anos sem ser apanhado!", lamentou um internauta chinês no Sina Weibo.

"A China é o país com os funcionários e o governo mais corruptos do mundo", escreveu outro.

Fonte: Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas.
 
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O Vício da Comida!

O chamado vício da comida é na realidade, um distúrbio de ingestão compulsiva. Este distúrbio é um síndrome persistente e frequente de ingestão compulsiva, que não é acompanhado por comportamentos compensatórios regulares necessário para o diagnóstico de bulimia nervosa.
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A ingestão compulsiva consiste na ingestão de uma grande quantidade de comida sendo superior à que a maioria das pessoas comem num período de tempo semelhante e sob as mesmas circunstâncias, com a sensação de perda de controlo sobre o acto de comer durante o episódio.

Os episódios de voracidade estão associados a certas condições, nomeadamente:
- Comer muito mais rápido do que o normal;
- Comer só porque tem vergonha do quanto come;
- Comer até se sentir desagradavelmente cheio;
- Comer muito apesar de não ter fome;
- Sentir-se triste, ou culpabilizado depois de comer.
Depois da ingestão compulsiva o indivíduo apresenta mal-estar geral em relação aos episódios e estes aparecem, em média, pelo menos, duas vezes por semana.

A evidência tem indicado que a terapia cognitivo-comportamental; psicoterapia interpessoal e tratamento antidepressivo têm utilidade no tratamento do distúrbio de ingestão compulsiva. A terapia mais bem estudada e com resultados promissores é a terapia cognitivo-comportamental. Esta baseia-se na premissa que a dieta crónica no esforço de controlar o peso promove e mantém o comportamento de ingestão compulsiva. A terapia cognitivo-comportamental tem como objectivo focar-se em diminuir a restrição alimentar e modificar pensamentos mal adaptativos, crenças e valores relacionados com a alimentação, forma e peso. Em conclusão: O vício da comida é um distúrbio alimentar que consiste na ingestão rápida e abusiva de comida sem que a pessoa esteja realmente, necessitada de comida.
 

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O que é um Foodie?

Foodie é um termo informal para uma classe particular de viciados em comida e bebida. A palavra foi criada em 1981 por Paul Levy e Ann Barr, que a utilizaram no título do livro de 1984 "The official Foodie Handbook".

Distinção de Gourmet:

Ainda que os dois termos sejam algumas vezes utilizados com o mesmo sentido, Foodies se diferenciam de Gourmet, apesar de ambos serem epicuristas com alimentos:
- O Gourmet possui carácter refinado nos seus alimentos, enquanto o Foodie simplesmente é apaixonado pelo consumo, estudo, preparo, notícias, entre outros, relacionados aos alimentos.
- Gourmets simplesmente querem apreciar a comida, enquanto Foodies querem aprender tudo sobre comida, tanto a melhor quanto a comum, e sobre a ciência, indústria e personalidades ao redor da Culinária e alimentação.

Perseguições:

Foodies formam um grupo distinto de hobbistas. O Foodie típico se interessa por actividades que incluem:
- Indústria de alimentos;
- Cultura do vinho;
- Enologia;
- Criação de cervejas;
- Ciência dos alimentos;
- Seguir inaugurações, fechamentos e ocasionais re-inaugurações de restaurantes;
- Tendências culinárias;
- Saúde e nutrição;
- Aulas de culinária;
- Turismo culinário;
- Administração de restaurantes.
Um Foodie deve desenvolver interesse em um ou alguns itens em particular, como o melhor gelado ou o mais delicioso burrito.
Muitas publicações apresentam uma secção de alimentos, que atraem os Foodies:
- O interesse dos Foodies permitiu a ascensão de canais como o Food Network e outras programações televisivas especializadas em alimentos e culinária;
- Filmes e shows de televisão como o "Kitchen Nightmares" e "Cake Boss";
- Aparição de livros especializados em itens culinários (como cupcakes e bolos);
- Jornais temáticos como a Gourmet Magazine;
- Sites de Internet com este tema como o "Tudo Gostoso" e o “Epicurious”.
Assim como blogs culinários, lojas especializadas em utensílios para cozinha, e a criação de "Chefs-celebridade". Também notou-se a ascensão do turismo culinário, que leva os Foodies a entrar em contacto com outras culturas culinárias e pratos diferentes.

Fonte: Wikipédia.
 
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Viciados em Comida chegam a gastar 60% do Salário em Restaurantes!

Rodrigo Saraiva, 29 anos, sempre ouviu do pai que não se deve economizar com comida. "Acho que estou elevando esse conselho para outro patamar", brinca o director de arte de cinema, que gasta cerca de 40% do salário em restaurantes.

Embora sempre tenha gostado de comer, o paranaense intensificou o hábito de frequentar restaurantes há um ano, quando passou a viver em São Paulo. Sai em média, cinco vezes por semana atrás de novos lugares. Rodrigo gosta de comer, conhece lugares caros, gasta dinheiro com isso.
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Em comum, os Foodies paulistanos têm menos de 30 anos de idade, ganham salários entre 3500 reais e
12.000 reais, e não têm filhos. Esse é o perfil dos entrevistados que se assumiram como viciados em comida.

Em vez de gastar o dinheiro em carros, electrónica ou arte, investem em entradas, pratos principais e sobremesas. Alguns chegam a dedicar até 60% da renda mensal para experiências gastronómicas. A cidade de São Paulo é famosa pela gastronomia desde o século XIX, favorecendo esse hábito. Segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), São Paulo possui actualmente 13.000 restaurantes.

Para Nina Horta, escritora e dona do bufê Ginger, São Paulo é a terra dos Foodies. "Isso está mudando, mas no Rio de Janeiro, por causa do calor, o forte são os botequins", afirma a colunista da Folha de São Paulo.

Já para Marcelo Traldi, professor e pesquisador de gastronomia do Senac, a capital tem uma caracterização diferente em termos de comportamento de consumo: aqui o mercado é muito desenvolvido.
"A cidade tem doçarias baratas e caras, especializadas em brigadeiro, quindim, etc. O mercado maduro faz com que o consumidor aceite experimentar coisas novas", afirma.

A publicitária Mariana Ferreira, 23 anos, troca balada, cinema e teatro pelo ritual que se desenrola entre o momento em que chega a um restaurante e o instante em que paga a conta. Gosta especialmente de saborear pratos feitos com cuidado e conversar com a pessoa à sua frente. "É um tempo que me escapa no dia-a-dia", afirma Mariana, que dedica 40% da renda mensal ao hábito. Quando viaja, separa 70% para isso.

A estilista e "cool-hunter" Ana Paula Tieko, 28 anos, vive em São Paulo, mas divide a sua vida entre temporadas de trabalho em Tóquio, Hong Kong e Xangai. Na semana anterior à conclusão desta reportagem, almoçou no The Gourmet Tea (Pinheiros) na segunda, jantou no Takô (Liberdade) na terça e na quinta, comeu no Lamen Kazu (Liberdade) e no Suri (Pinheiros). A estilista evita fins-de-semana para escapar da espera. Entre os entrevistados, é consenso que os melhores dias são terça, quarta e quinta. No domingo, só com muita disposição.

Mesa para cinco.

Criada pela avó japonesa, Ana Paula passou a respeitar mais os alimentos após suas estadias na Ásia, onde diz que as refeições são sagradas. Além de viagens, é comum a formação gastronómica dos Foodies vir da família.

Na infância, a administradora e especialista em saquês, Ana Toshimi, 29 anos, costumava sair para jantar com os pais e o irmão todas sextas-feiras. Até hoje ela se lembra do aniversário de 12 anos, comemorado com a família e as amigas no Baby Beef Rubaiyat, no Paraíso. Também guarda na memória os momentos em que provou lagosta, ovas, "escargot", sushi de vieira e "crema catalana", o doce da Catalunha semelhante ao "crème brûlée". Hoje, Ana Toshimi, ao lado do marido, sai ao menos uma vez de segunda a sexta e sempre aos fins-de-semana. Quando morava com os pais, chegava a deixar metade do salário em restaurantes. Hoje, a quantia diminuiu, pois ambos cozinham mais em casa.

O publicitário Atair Trindade, 27 anos, também se lembra de experiências gastronómicas de quando era criança, como "polpettone". "Gosto de comida desde criança" conta ele, que reserva 40% para suas descobertas gastronómicas mensais. "Sempre que experimento algo novo, penso: Nossa, como pude viver tanto tempo sem isso!”, afirma.

Vitor Leal, 13 anos, vive um período semelhante. Filho de psicólogos que trabalham para comer, o adolescente enumera as iguarias que provou na primeira visita à Feira Gastronómica da Vila Madalena: taco, casquinha de siri, pastel, sanduíche de pastrami, polvo na grelha, uma tortinha de chocolate com paçoca e sorvete. "Não tínhamos esse acesso", conclui a mãe, Andrea Leal, que costuma levar o filho a restaurantes como o Famiglia Mancini, na Bela Vista. "Ele adora, experimenta tudo e sempre repara em detalhes do ambiente", afirma.

A conta, por favor.


Os Foodies endossam o coro de que a cidade de São Paulo está cara demais. Mas dizem que os valores são relativos, depende se o restaurante entrega o que cobra.

"Em qualquer bistrô não deixo menos de 140 reais. Caro para mim, é mais que 400 reais”, diz Ana Paula, que gasta isso em dias especiais. Quando a experiência impressiona, o publicitário Marcelo Colmenero, 29 anos, não liga para a conta: "A degustação do Maní não é barata, são 310 reais, mas eles são competentes. Dá gosto pagar, é uma forma de como cliente dizer que eles estão no caminho certo". Delimitar quantias mensais ajuda a evitar a falência. Ana Toshimi fez um orçamento do quanto gasta com comida. Marcelo acompanha as facturas on-line do cartão de crédito.

Uma das diferenças, por definição, entre Gourmets e Foodies, é que estes não vão só a estabelecimentos refinados. Parte da graça está em "descobrir". "Quando descobre um lugar bom e barato, o Foodie de verdade não vai pensar em status", define Nina Horta. Casas fora do circuito são alvos de disputas discretas. Ir a casas menos óbvias é uma opção para os que têm baixo orçamento. Outras alternativas são a comida de rua, não regulamentada na capital, e eventos como Chefs na Rua, que atraiu uma multidão na Virada Cultural.

"A gastronomia é voltada para um público mais velho, porque pessoas de 20 e poucos anos não têm dinheiro", diz Danilo Nakamura, 27 anos, formado na área e colaborador de publicações especializadas. Ele diz visitar restaurantes até sete vezes por semana, pagando do próprio bolso. Já chegou a gastar 60% do salário.

"Ter acesso a um tipo de alimento significa conhecer outros tipos de cultura", diz Marcelo Traldi, do Senac. Ele reconhece que São Paulo tem um cenário desenvolvido, mas perde para outras metrópoles: "Um nova-iorquino já provou quase tudo porque encostou em carrinhos na rua". Por "carrinhos", refere-se aos "food trucks", restaurantes em camiões.

Maurício Schuartz, organizador do Chefs na Rua e da Feirinha Gastronómica, ouviu durante o evento que promoveu na Praça Ramos, em Janeiro de 2013, a frase que para ele melhor define o cenário actual. Observava dois adolescentes de uns 15 anos na fila de uma barraca do Così quando um disse para o outro: "Mano, curto muito pato". Eram dois Foodies em formação.

Fonte: Bruna Haddad (Folha de São Paulo).
 
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