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Nova lei das rendas entope Associação de Inquilinos de Lisboa

billshcot

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Nov 10, 2010
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A associação atende por dia 120 pessoas, em média, desde que entrou em vigor a nova legislação que actualiza as rendas.

A meia hora do início do atendimento na Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL) só estão nas instalações os funcionários e a primeira pessoa da fila, que chegou às 5 horas, quatro horas antes do horário de abertura.

Poucos minutos passam até que a senha 85 chegue às mãos de um inquilino que conta ao telemóvel como recebeu a certeza de ser atendido no próprio dia. "Já não há das azuis. Pode ter das outras, mas sem compromisso de ser atendido mais logo, sem compromisso", diz uma das funcionárias da AIL pouco depois das 9 horas.

Francisco Martins Brito fala à Lusa quando a grade do edifício da Almirante Reis, em Lisboa, ainda está a meio da porta de entrada: "Sou o segundo da fila. A primeira senhora que está sentada lá dentro chegou aqui às 5 horas. Já aqui vim ontem, mas não cheguei a tempo".

"Tive de vir mais cedo. Era como dantes para ir para o posto médico. Agora vimos para o inquilinado porque uns querem pôr a gente na rua, outros querem aumentar a renda para uma coisa exorbitante", nota o inquilino, que acusa a senhoria de o querer "pôr debaixo da ponte".

As propostas de atualização das rendas, no âmbito da nova lei do arrendamento urbano, são os principais motivos que levam os inquilinos à sede da associação.

Um buraco na casa para evitar a queda do telhado é, segundo Francisco Martins Brito, o argumento usado pela proprietária desde 1973. "Então não hei de estar preocupado? Então onde é que ponho a tralha que lá tenho e vou morar para onde? Agora com esta idade e com esta reforma", questiona, revelando receber "400 e poucos euros".

Deolinda Pelica está na frente da fila e as suas críticas vão para a "senhora que fez uma lei que é uma trapalhada". Segue-se o Governo e "um Presidente da República que não olha pelos nossos idosos e que tem uma reforma de 10 mil euros que não lhe chega".

"Às pessoas com 400 euros tem que lhes chegar", acrescenta a inquilina, que enfrenta um aumento "para o dobro" da renda. Deolinda lembra que ocupa o mesmo imóvel há 36 anos, onde "fez uma casa nova por dentro, mas a lei não contempla as obras que os inquilinos fizeram".

"Se eu não tivesse feito obras, a casa já tinha caído. O senhorio não pregou lá um prego, só pintou a fachada", diz.

As filas não são novidade para António Machado, da direção da AIL, que refere as 120 pessoas como a média de atendimento diário. Desde a entrada em vigor da nova lei, a 12 de Novembro, que é assim. "Umas vezes mais, outras menos" e as contas totais já rondam os sete mil atendimentos.

"Muitas das pessoas chegam psicologicamente afectadas, algumas em pânico, outras chorosas. E a maior parte pergunta 'como é que é possível'?", cita António Machado, que resume a situação como uma "dor de alma".

O responsável tem as suas perguntas: "Como é que é possível tratar os mais velhos desta maneira tão desrespeitosa, tão indigna?". E tenta também respostas: "É preciso não ter nada, não ter sentimentos, para fazer aquilo que está acontecer aqui".

Rosária Serra só chegou à AIL depois das 9 horas e com o aviso de que ali já estariam pessoas à espera. Mesmo assim, não sabia que havia "tanta gente". Como já tem "a manhã perdida", decide esperar para saber como responder ao aumento de renda sugerido pelo senhorio de 65 para 290 euros.

"O meu marido tem uma reforma pequena e não podemos pagar essa renda, vamos tentar resolver a situação", diz Rosália Serra, aceitando a senha verde e a preparar-se para uma longa espera.

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