Assassino em massa – louco ou cruel?

O que tem em comum o caso do assassinato em massa no cinema de Denver e o massacre ocorrido no Instituto Columbine, em 1999? A semelhança entre eles não vai além de terem acontecido no mesmo estado americano e possivelmente com o mesmo modus operandi. Mais relevante é compará-lo a outro assassinato dentro de um cinema, no Brasil em 1999.


Ao se pretender analisar a motivação do crime, temos algumas pistas: James Holmes acabara de ser reprovado em exame oral para seu doutorado (o que pode ter sido o gatilho de sua ação), se autodenominou ‘Coringa’, arqui-inimigo de Batman e arquétipo da dualidade entre o bem e o mal, ou além deste conceito. Por ironia ou sabedoria, escolhe para si este codinome que etimologicamente origina-se da língua africana quimbundo (bantu) e significa matar.


Holmes era isolado, quieto, introvertido, e escolhe o momento de estreia do filme ‘Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge’ – quando jovens como ele estão “aprisionados” em um só local, em um só evento, representando um símbolo despersonalizado que só ele conhece. A forma de agir de Mateus da Costa Meira, assassino em massa brasileiro que agiu em uma sala de cinema que exibia o filme ‘Clube da Luta’, foi muito semelhante.


Na primeira avaliação psiquiátrica, feita em 1999, foi considerado mentalmente são e foi responsabilizado penalmente. Em novembro de 2011, em novo exame de insanidade mental, após tentativa de homicídio na cadeia contra colega de cela, foi diagnosticado como esquizofrênico. O que prevalecerá? Assassino cruel condenado a 48 anos de prisão ou doente mental, absolvido e tratado?


Assistiremos agora o dilema americano: se for considerado doente mental, James Holmes não será elegível para a pena de morte, frustrando as expectativas de uma cultura armamentista e espetaculosa. Se estava mentalmente são ao cometer o crime, fará companhia aos outros três presos no corredor da morte do Estado do Colorado, que não executa ninguém desde 1997.


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