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Dois anos de 'troika' e resultados mais negativos do que o esperado

florindo

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Dois anos de 'troika' e resultados mais negativos do que o esperado

Portugal pediu ajuda financeira pela terceira vez ao Fundo Monetário Internacional há dois anos e, em troca de um empréstimo de 78 mil milhões de euros, acordou um conjunto de medidas cujos efeitos na economia estão aquém do esperado_O pedido de ajuda ocorreu no dia 6 de abril de 2011 depois de uma emissão de títulos da dívida em que o Estado viu as taxas de juro subirem de forma expressiva.
Na sequência da emissão, o então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, em declarações ao Jornal de Negócios, admitia que era "necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu em termos adequados à atual situação política".
Pouco depois, o Governo liderado por José Sócrates confirmava que tinha endereçado um pedido de ajuda financeira às autoridades internacionais.
Em resultado deste pedido, foi acordado um memorando de entendimento – assinado também pela maioria PSD/CDS-PP agora no Governo – com um conjunto de pressupostos cujos resultados não estão, no entanto, à vista.
Em termos de indicadores económicos, o mais desapontante tem sido mesmo o desemprego que passou de uma expectativa inicial de cerca de 13% para quase 19%.
Quando Portugal pediu ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Bruxelas, as condições de financiamento da República tinham-se tornado insustentáveis e os indicadores económicos apontavam já para uma deterioração generalizada da economia, mas nem as previsões mais pessimistas da ‘troika’ na altura anteviam o que veio a acontecer.
Eis alguns exemplos da situação económica portuguesa antes do pedido de ajuda e qual a situação atual:

PIB

Portugal fechou o ano de 2010 com um crescimento económico de 1,9% do Produto Interno Bruto, um valor influenciado por gastos excessivos da parte do setor público que acabaram por pesar no défice orçamental e no nível de dívida pública.
Em 2012 a recessão atingiu os 3,2% de acordo com os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística, o segundo pior resultado na história da economia portuguesa desde que existem dados. Pior só em 1975.

Desemprego

Em 2010 os dados do INE apontavam para uma taxa de desemprego nos 10,8%, em média anual, e 11,1% no último trimestre do ano. Entre os jovens (dos 15 aos 24 anos) a taxa de desemprego era já de 22,4%.
Os mais recentes dados furam todas as previsões, até as mais recentes. Segundo o INE, a taxa de desemprego em média anual ficou nos 15,7% em 2012, no quarto trimestre o desemprego bateu novos máximos históricos chegando aos 16,9% e o desemprego jovem atingiu os 37,7%. A previsão feita no início do programa esperava que o desemprego fosse no máximo até aos 13%, agora já contempla 18,5% de taxa média anual no próximo ano e um pico de quase 19% este ano em termos trimestrais.

Défice orçamental

Em 2010 o défice orçamental terminou o ano nos 8,8% do PIB, um dos valores mais altos de sempre, mas que também se tratava de uma redução face aos mais de 10% registados no ano anterior.
Em 2012 o resultado confirmado pelo Eurostat na primeira notificação do ano enviada a Bruxelas ao abrigo do Procedimento dos Défices Excessivos é de 6,4%. O valor acordado com a ‘troika’ era de 5% do PIB, e do acordo com os critérios estipulados no memorando até terá ficado nos 4,9%, mas o chumbo da inclusão da receita da venda da concessão da ANA – Aeroportos de Portugal, juntamente com outros efeitos, tais como os 750 milhões de euros de compra de ações no aumento de capital da CGD aumentaram este valor.

Dívida Pública

Em 2010, depois de alguns anos a subir de forma acentuada, o rácio de dívida pública de acordo com os critérios de Maastricht terá fechado o ano nos 93,5%.
Em 2012, a dívida pública terá atingindo os 123,7% do PIB, mais 30,2% pontos percentuais do PIB em apenas dois anos, fruto também do valor do PIB usado para calcular esta taxa ser mais baixo depois de dois anos de forte recessão.

Défice Externo

Em 2010 o défice externo atingiu os 8,4% do PIB, o que é já uma redução face aos valores superiores a 10% que se registaram em 2009. As exportações terão crescido 8,8%.
Em 2012, o saldo externo foi positiva pela primeira vez em várias décadas, fechando o ano com um saldo positivo da soma da balança corrente e de capital de 1.313 milhões de euros, naquela que tem sido a parte do ajustamento que melhor tem corrido às autoridades portuguesas, devido sobretudo a uma queda nas importações, numa altura em que o aumento esperado das exportações começa a dar sinais de fraqueza.

Crédito às famílias e empresas

Desde que Portugal fez o pedido de ajuda à ‘troika’ de credores externos, o financiamento da banca à economia tem estado em contração, com uma queda de 20 mil milhões de euros nos empréstimos às empresas e famílias para 238.978 milhões de euros entre abril de 2011 e janeiro de 2013, segundo os últimos dados do Banco de Portugal.
As empresas são quem mais tem sentido constrangimentos, com os empréstimos a caírem 11.448 milhões de euros (9,78%) para 105.613 milhões de euros.
Já o crédito aos particulares reduziu-se em 8.628 milhões de euros (6,08%) nestes quase dois anos, tendo-se fixado em janeiro nos 133.365 milhões de euros, no 11.º mês consecutivo de queda. A maior redução foi registada no crédito à habitação, que caiu 5.160 milhões de euros para 109.315 milhões de euros. No entanto, a queda relativa de 4,51% nestes empréstimos fica significativamente abaixo da redução de 15,05% no crédito ao consumo (13.125 milhões de euros em janeiro, menos 2.225 milhões de euros) e 9,47% no crédito destinados a outros fins (10.925 milhões de euros em janeiro, menos 1.143 milhões de euros do que em abril de 2011).


Fonte: Lusa/SOL
 
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