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Mastectomia em animais

Satpa

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Deixo aqui este artigo, porque a minha cadela hoje foi operada e fez uma mastectomia parcial, e assim alerto a todos os donos para estarem alerta para esta terrivel doênça.
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Saúde dos Cães - Mastectomia em animais

Introdução

O tumor de glândula mamária é o mais comumente encontrado em fêmeas caninas, sendo que o maligno é o mais freqüente.

A idade média das cadelas atingidas por esse tipo de tumor é de 10 a 11 anos, sendo extremamente raro ocorrer em cadelas com menos de 5 anos.

As raças mais atingidas são o cocker spaniel, o poodle, o fox e boston terrier. O chihuahua e o boxer apresentam menores riscos. Observa-se que em pastores alemães as neoplasias mamárias apresentam comportamento mais maligno do que em outras raças.

Os tumores em machos são raros, porém de extrema agressividade.

Características Clínicas e Comportamento Biológico

As características mais importantes são aquelas associadas com o prognóstico desfavorável. Características como modo e taxa de crescimento, volume total do tumor e envolvimento dos linfonodos regionais e distantes são fundamentais para determinar prognóstico e possível tratamento. Tumores malignos têm crescimento rápido.

Em princípio todos os tumores devem ser submetidos a exames histológicos, pois, mesmo nódulos pequenos, com aparência de benignos podem revelar focos de células malignas.

O modo de crescimento de uma neoplasia é freqüentemente o indicador da sua invasividade relativa. Lesões expansivas, bem circunscritas são mais facilmente excisadas; tumores infiltrativos com ou sem ulceração ou de tecidos abaixo da glândula mamária são mais agressivos, apresentando alta taxa de recidiva pós-operatório.

É fundamental, também, análise dos linfonodos regionais, pois, tumores com alto potencial metastático tem prognóstico desfavorável.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem usado estas características importantes para desenvolver um sistema de representação clínica para as neoplasias comuns. Este sistema TNM (Tumor Nódulo Metástase) classifica 4 estágios de neoplasias mamárias como segue:

Estágio I: Tumores pequenos e localizados;
Estágio II: Tumores maiores, embora discretos, com metástases regional limitada ou ausente;
Estágio III: Invasão do tumor nas estruturas adjacentes ou metastase regional extensa;
Estágio IV: Indica metástases distantes;
Uma apresentação rara de neoplasia mamária é o carcinoma mamário inflamatório. Os animais apresentam tipicamente comprometimento glandular múltiplo, freqüentemente bilateral com tumores quentes e dolorosos. Quase todos os cães com este tumor possuem metástases sistêmicas.

Histopatologia

O desenvolvimento de sistema de classificação patológica para os tumores mamários e o exame de seu significado prognóstico, estão entre os tópicos mais controversos da oncologia. Morfologicamente a neoplasia mamária canina é uma doença extremamente heterogênea.
Cães com diagnóstico de carcinoma do tipo simples ou complexo parecem ter melhor prognóstico que os de sarcoma. Este último diagnóstico está associado a uma taxa de recidiva acima do 90%, dentro de 2 anos após a cirurgia. Enquanto cães com adenocarcinomas exibem taxas de sobrevida em dois anos de tão somente 60%. Há relatos que cães com carcinoma de forma tubular ou papilar apresentam um melhor prognóstico geral que os carcinomas sólidos ou anaplásicos. Os adenocarcinomas tubulares vão à índices de mortalidade relacionados a 21 a 32%, respectivamente, dois anos após a cirurgia inicial. Já para carcinomas sólidos e anaplásicos, os índices de mortalidade são de 53 e 76%, respectivamente.

Cães com qualquer das formas benignas de neoplasias mamárias estão sob mínimo risco de recidiva tumoral.

Tradicionalmente, cerca de 50% dos cães com tumores malignos comprovados por biópsia, sofrem recidivas ou metástases após a excisão cirúrgica.

O carcinoma infiltrativo está associado a um índice de recidiva significativamente mais elevado que para o carcinoma não invasivo.

A demonstração de células intensamente anaplásicas é outro achado prognóstico negativo em cães com carcinoma mamário. Os tumores mamários quase sempre infiltrativos, estando assim associados a um índice de recidiva similar aos dos cânceres invasivos. Todavia, nem todos os carcinomas infiltrativos tomem necessariamente a forma anaplásica. Visto que ambos os tipos tumorais são agressivos torna-se difícil determinar se os carcinomas anaplásicos correlacionam-se a um prognóstico diverso com relação as cânceres não anaplásicos invasivos.

É baixa a freqüência de sarcomas de glândula mamária, provavelmente representem menos de 10%.

Osteossarcomas, osteocondrossarcomas compostos e fibrossarcomas são os tipos celulares mais comumente relatados. Os sarcomas mamáios não fazem metástases com freqüência, para locais regionais ou distantes, antes ou depois da remoção cirúrgica.

Contudo é extremamente provável um novo crescimento tumoral local, com índice de recidiva próximo aos 100%. Podem surgir severos problemas locais, como ulcerações, infecções e dificuldade com a locomoção destes cães, e a maioria dos animais com sarcoma mamário recorrente morreram como resultado da doença, dentro de 1 ou 2 anos.

Tumores adicionais menos malignos situados em tecidos adjacentes, não parecem piorar o prognóstico.

Tumores Mamário Benignos

. Tumor misto benigno
. Adenoma completo
. Fibroadenoma
. tipo intercanalicular
. tipo pericanalicular
. Papiloma ductal
. Adenoma simples

Tumores Mamários Malignos

. Adenocarcinoma tubular
. tipo simples
. tipo complexo
. Adenocarcinoma papilar
. tipo simples
. tipo complexo
. Adenocarcinoma papilar cístico
. tipo simples
. tipo complexo
. Carcinoma sólido
. tipo simples
. tipo complexo
. Carcinoma anaplásico
. Outros carcinomas
. mucinoso, epidermóide, de células fusiformes.
. Sarcomas
. osteossarcomas, fibrossarcomas, formas combinadas.
. Tumor maligno misto (carcinossarcoma)


Tumores Benignos

Adenomas
O verdadeiro adenoma é do tipo simples e tubular, formado por células epiteliais secretórias. Podem ser simples, com nódulos definidos de células fusiformes e complexos, com células epiteliais secretórias e células mioepiteliais.

Tumores mistos benignos
Apresentam cartilagem, ossos e gordura. Ocorre sobreposição de fibroadenomas mais adenomas complexos ou adenomas mais tumores benignos mistos

Tumores Malignos

Adenocarcinoma tubular

O tipo simples é mais freqüente. Possui arranjo tubular (células semelhantes às células epiteliais luminais). Possui caráter papilífero, sólido ou escamoso. Tem pleomorfismo e atividade mitótica de alta a baixa. É comum o aparecimento de necroses. Apresentam linfócitos e células plasmáticas ao seu redor. A lesão no estroma é escassa ou moderada.

É difícil a diferenciação histológica do carcinoma tubular e das lesões adenomatosas benignas, pois possuem alta atividade mitótica e crescimento invasivo simulado.

O tipo complexo apresenta dois tipos de células: as células epiteliais luminais e as mioepiteliais. Metade dos tumores tem crescimento expansivo, nodular e lobulado, e a diferenciação histológica entre carcinomas complexos (aqueles altamente diferenciados) e os adenomas complexos.

Papilar:

Também pode ser dividido em simples e complexos. Os simples podem fazer infiltração na pele, nos tecidos vizinhos e nos linfáticos. Já os complexos são raros de ocorrer em cães, não invadem os linfáticos e são bem definidos.

Cisto Papilar:

Os simples são incomuns em cães. São semelhantes às células epiteliais luminais. Possuem pleomorfismo e atividade mitótica de moderada a baixa.

Os complexos são semelhantes as células epiteliais luminais e mioepiteliais, e dificilmente se diferencia benignos de malignos sem a presença de metastáses.

Carcinoma Sólido:

São tumores de células epiteliais, luminais e mioepiteliais, podendo ser simples ou complexo.
Os carcinomas sólidos simples estão arranjados em cordões ou massas, e possuem pleomorfismo e atividade mitótica de moderada a alta. Os tumores que fazem infiltrativos linfáticos correspondem a 60%.
Os complexos possuem arranjo e células idênticas, porém crescem de maneira expansiva e a penetração no linfático é rara.

Carcinoma Anaplásico:

Apresentem células multinucleadas e com núcleos alterados, com estrutura tubular ou em cordas sólidas e pequenas. Fazem infiltração difusa e a penetração nos linfáticos é comum.

Carcinoma Mucinoso:

Raramente se encontra em cães. Apresentam células mioepiteliais neoclássicas, porém não se sabe se tem relação com o muco, que pode ser originado de células epiteliais secretoras, de células conectivas e de células mioepiteliais.

Sarcomas:

Bastante comum em cadelas e possível de fazer metástases.

Osteossarcomas: apresentam células de tecido conjuntivo atípicas e produz osteóides e/ou osso. São irregulares, e a quantidade de osteóides ou osso a serem formados é variável. Possuem uma área mais densa na matriz óssea central e focos hemorrágicos. Possuem atividade mitótica e as células multinucleadas gigantes, semelhantes a osteoclastos situam-se próximo ao tecido neoplásico.

Fibrossacoma: apresentam células fusiformes com grande variedade e quantidade de fibras intercelulares arranjadas paralelamente ou ao acaso. Possuem arranjo concêntrico ao redor de vasos, e deve ser diferenciado de hemangiopericitoma. Possuem pleomorfismo variável.

Carcinossarcoma: atinge células epiteliais e tecido conjuntivo. Histologicamente pode haver variação tanto no mesmo tumor como entre os tumores. Não é observado a transição entre carcinoma e osteossarcoma. Há severa infiltração em aproximadamente 25% dos tumores, e a maioria é bem definida, sendo raro ocorrer nos linfáticos.

Terapia Cirúrgica

A excisão cirúrgica é recomendado para a maioria dos cães apresentados com neoplasia mamária, e o objetivo terapêutico é remover toda a evidência macroscópica de tumor.

A excisão deve ser feita naqueles animais que possuem carcinomas inflamatórios ou moléstias metastáticas. A alta taxa de recidiva indica a incapacidade de se remover todos os focos de células malignas.

A avaliação completa, incluindo as radiografias torácicas, a palpação cuidadosa de todas as glândulas mamárias, linfonodos periféricos, tecido mole adjacente e estruturas ósseas, assim como análises laboratoriais adequados são pré-requisitos para o tratamento cirúrgico.

Pode-se optar por quatro procedimentos para a excisão:

. Nodulectomia: consiste na remoção isolada do tumor do interior da glândula. Esta técnica possui a vantagem de ser rápida de baixo custo. É utilizada para a remoção de nódulos pequenos e sem circunscritos.

Porém, esta técnica, devido a remoção de pouco tecido normal circundante, não é possível avaliar estas amostras para evidência histológica de invasibilidade ou comprometimento de linfonodos.

. Mastectomia simples: é a remoção da glândula afetada. A desvantagem consiste no fato da maioria das glândulas estarem intimamente associadas com as do mesmo lado.

. Mastectomia em bloco: a remoção do grupo de glândulas dependendo de sua drenagem linfática.

. Mastectomia unilateral completa: é a excisão de todas as glândulas mamárias do mesmo lado do tumor, tecido de interposição e linfonodos regionais.

Para toadas as técnicas, é recomendado o envio do material excisado para biópsia.

Para os cães com chance de recidiva recomenda-se que sejam reexaminados pelo menos a cada um ou três meses. Nos animais com carcinoma "in situ", os exames devem ser feitos com intervalos de três a seis meses. Já os tumores benignos sugerem controle menos agressivos no pós-operatório, a não ser que tenham novos tumores primários.

Terapia Adjuvante

É indicada quando se tem evidência histológica que sugere alto risco de recidiva tumoral ou morbidade com o tumor. A terapia adjuvante oferece seu maior benefício quando o volume do tumor é mínimo.

As drogas possíveis de serem usadas são:

. Drogas citotóxicas: não se tem ainda descritos os efeitos anti-tumorais significativos.

. Terapia radiativa: o objeto desta terapia não é promover a cura ou controle a longo prazo, mas obter um paliativo para o animal que sofre de moléstia avançada.

Os custos são muito altos e geralmente os donos não suportam as despesas, o tempo e as exigências necessárias para este tratamento.

. Imunoterapia e manipulação hormonal: a razão para o uso da imunoterapia é que vários tipos de tumores mamários caninos geram respostas celulares que representam presumivelmente a reatividade do hospedeiro contra a reatividade tumoral. A estimulação do sistema imunológico, particularmente após a remoção do tumor, pode aumentar estas respostas e possivelmente retardar a recidiva ou progressão do tumor. Os agentes terapêuticos mais freqüentemente sugeridos são classificados como imunoestimulantes não específicos e incluem o levamisol, o Corynebacterium pervum, e o bacilo Calmette-Guérin (BCG).

Considera-se que a circulação de antígenos tumorais livres, anticorpos anti-tumorais e complexos compostos destes antígenos e anticorpos inibem a resposta imune do hospedeiro ao tumor. Investigadores propuseram que a remoção dos complexos imunes tanto pela plasmaférese tanto quanto pela imuno-absorção seletiva pode melhorar a reação imunológica e possivelmente resultarem em regressão do tumor.

Na manipulação hormonal, tem se como primária a presença de receptores para estrógenos (RE) na superfície das células tumorais, uma vez que os animais que são RE positivos possuem maior probabilidade de responder a terapia.
Entretanto, se os pacientes forem RE negativos, ou o estado de RE não puder ser determinado, não se recomenda nenhuma manipulação hormonal. Dos tumores mamários caninos cerca de 60% apresentam os receptores, embora carcinomas histologicamente mais agressivos sejam geralmente RE negativos.

A ovariectomia realizada antes do primeiro estro literalmente elimina o risco de desenvolvimento dos tumores mamários. Entretanto, à medida que a ovariectomia é retardada após o 1º cio, o risco de desenvolvimento de tumor mamário aumenta até atingir seu máximo na idade de 2 anos e meio


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