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Domesticação de animais no Mediterrâneo

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Domesticação de animais no Mediterrâneo

Nuno Leitão

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O envolvimento do Homem com a Natureza na Bacia do Mediterrâneo, com mais de 10000 anos, proporcionou a grande variedade de animais domésticos que integram os sistemas desta região.

Na bacia do Mediterrâneo ocorreram as primeiras experências com sucesso de domesticação de mamíferos. Esta área é excepcionalmente rica em genótipos de gado seleccionados pelo Homem ao longo de muitas gerações, a partir de pontos de origem na Europa Oriental e na Asia Ocidental.

A diversidade de animais domésticos no Mediterrâneo reflecte a diversidade de ambientes onde o Homem procedeu à sua selecção. Uma vez adquirida nestas regiões a prática de domesticação, os animais domesticados espalharam-se por todo o mundo, num muito curto espaço de tempo.

Hoje em dia niguém consegue imaginar o Mediterrâneo sem as vacas, porcos, ovelhas, cabras, cavalos, burros, cães e gatos. Os animais domesticados tornaram-se fontes de recursos como a carne e o leite para alimento, peles para fabrico de roupas, de tendas e de outros utensilios, força de trabalho para desbravar florestas e trabalhar a terra e para transporte.

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As primeiras indicações da prática de domesticação datam de há cerca de 12000 anos atrás, na altura em que o clima começava a melhorar após a última época glacial. Os primeiros animais a serem domesticados foram os predadores como os cães e lobos, permitindo o desenvolvimento de novas técnicas de caça e protecção contra os predadores selvagens (o mais antigo cão doméstico conhecido, encontrava-se na Alemanha há 10000-12000 anos atrás).

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Estes cães passaram depois a proteger outros animais domésticos como os porcos que aparecem há 7000 anos atrás, facilmente domesticados devido à facilidade com que os porcos selvagens se reproduzem em cativeiro.

Os cavalos foram domesticados a partir do Equus caballus que andava nas florestas e estepes da Europa durante o Quaternário. Aparentemente os cavalos terão sido domesticados há 5000 anos em zonas estepárias, permitindo o rápido desenvolvimento dos sistemas de transporte. Por volta dessa altura, contemporânea do antigo Egipto, na Libia domesticou-se o burro do Equus asinus, que pelas suas qualidades de força e resistência física se tornou indespensável nas actividades do Homem.

O gado bovino derivou do Bos primigenius há cerca de 6000 anos tendo sido o touro adorado em muitas civilizações do Mediterrâneo. Também os Bufalos (Bubalis bubalis) foram domesticados na India há 5000 anos, principalmente para produção de leite.

O gado ovino e caprino foram e em muitos locais ainda são os animais domésticos de maior importância para as pessoas Mediterrânicas e com mais vasto impacto nos ecossistemas do Mediterrâneo através do pastoreio. As cabras conseguem sobreviver numa grande gama de condições do meio, desde zonas húmidas de montanha a zonas planas e secas. Juntamente com as ovelhas, adquiriam uma grande importância no Mediterrâneo, tendo-se espalhado por toda a região, verificando-se hoje diferenças locais bastante marcadas. A primeira domesticação, inquestionável, de ovelhas envolveu duas raças de Muflão há 7000 anos. As cabras terão derivado da Capra aegagrus há 8700 anos, havendo hoje um complexo de formas e híbridos.

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A domesticação do gato ocorreu muito mais tarde do que os animais antes referidos, a partir do africano Felis cattus libyca e não a partir do europeu Felis sylvestris mantendo-se ainda hoje uma relação Homem/Gato muitas vezes mais próxima do comensalismo do que da total domesticação.


Bibliografia
Blondel, J. e Aronson, J. (1999). Biology and Wildlife of the Mediterranean Region. Oxford University Press.

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