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A situação de Portugal não é "nem de perto nem de longe semelhante" à que existia durante a ditadura, mas "a obrigação" de os cidadãos "se revoltarem contra a injustiça" mantém-se, disse, neste sábado, o historiador Pacheco Pereira.
Em declarações aos jornalistas, à margem da evocação dos 40 anos do III Congresso da Oposição Democrática, que se realizou em Aveiro, o historiador e militante do PSD afirmou: "Hoje não vivemos, de modo nenhum, um período semelhante mas a obrigação cívica de as pessoas [se revoltarem] contra a iniquidade, contra a injustiça, contra a violência, particularmente contra a violência contra os mais fracos, essa continua inteiramente nos dias de hoje."
Um dos historiadores convidados a debater o significado do congresso de 1973, Pacheco Pereira criticou a forma como a oposição tem contado a sua história. "É importante transformar a história da oposição em História" e não deixar que ela se transforme "num instrumento político em relação à actualidade", defendeu.
"A história mítica é um dos grandes obstáculos para percebermos o presente", sustentou, durante a sua intervenção, no segundo painel da sessão, recomendando que "há que assumir o que aconteceu, porque mais tarde ou mais cedo vai saber-se".
O militante social-democrata, que tem feito críticas ao actual Governo, liderado por Pedro Passos Coelho, esteve presente no congresso de 1973 e reconhece que a vivência da ditadura "não é facilmente comunicável, para quem nunca teve a experiência de conhecer um país com medo, com polícia política, com censura". Para tal, recorre a comparações com figuras de autoridade actuais, como "um árbitro de futebol".
Recordando que, no congresso de 1973, como em várias outras iniciativas da oposição, agentes da autoridade cortavam a palavra aos oradores quando, por exemplo, ousavam falar da guerra colonial, Pacheco Pereira vincou: "Eu não quero, nem ninguém quer, um país em que a polícia impeça o direito de manifestação, de reunião."
Fonte: Publico