avense, deves viver noutro planeta, só pode ser. Durante 40 anos de Salazarismo, o povo viveu debaixo de uma ditadura, sem liberdade de expressão, vivendo na pobreza. É certo que não faltava trabalho, mas ganhava-se pouco. Também havia poucos políticos e a PIDE a comer. Hoje infelizmente, são muitos a comer e a mandar bitaites, a criticarem-se mutuamente. Desde o 25 de Abril de 1974, a famosa Revolução dos Cravos, que se falam em liberdade, nos direitos do cidadão à saúde, ao ensino. O investimento nas empresas para melhorar o nível de vida das populações. Mas afinal o que tivemos? Entramos para a União Europeia, não aproveitamos os fundos monetários que recebemos de Bruxelas, e mal investidos, com a compra de casas, carros de topo de gama (ainda lembro-me da moda dos jeeps). Tivemos um ensino medíocre: houve melhoria do aumento da escolaridade nas escolas secundárias a partir de 1985? Antes disso, poucos liceus tinham escolaridades mais abrangentes: alguns eram autênticos estabelecimentos de ensino preparatório. Como a maioria da população tinha uma das escolaridades mais baixas da Europa, surgiram as Novas Oportunidades, que para mim, é o mais ridículo ensino que surgiu no tempo de Sócrates (e não sou o único a pensar assim). Um ensino que não ensina Matemática, Português, Idiomas ou Ciências, é um fracasso, e dá a ilusão de o cidadão ter uma escolaridade melhorada, o que é mentira (só para inglês ver). O mesmo aplica-se à formação profissional: empresas que davam cursos à pressão e recebia por cabeça, sempre com a intenção do lucro. Nunca fomos um país progressista, e a culpa disso é dos governantes em parte, mas também do povo português, que lá fora tem a fama de serem uns ingénuos, pacientes, e habituados a serem castigados. Por isso, não digas, que somos pacientes até certo ponto, e depois explodimos. Se fossemos um povo de garra, este país teria avançado em muito. Mas temos a tradição de sermos assim.
avense, sabes qual foi o maior feito dos portugueses? Foi dar a sua riqueza aos países do norte da Europa, no tempo dos descobrimentos marítimos: o ouro do Brasil e as especiarias da Índia, foram para pagar aos seus credores ingleses, franceses, holandeses e flamengos, das roupas vistosas e do embelezamento de igrejas e monumentos portugueses, que esses artistas estrangeiros faziam ou exportavam para Portugal. Porque aqui não havia artistas, porque ninguém se preocupou em criar escolas nesse sentido. Até nesse tempo, não soubemos criar condições com a riqueza que tivemos acesso. Os outros países que beneficiaram com a nossa riqueza, investiram na indústria, comércio e serviços, criando uma sociedade capitalista, criando condições para no futuro as suas populações terem acesso ao ensino e à saúde, terem por fim, o desenvolvimento científico e tecnológico. Por isso, é que temos hoje em dia, países ricos e países pobres, fruto dos investimentos do passado. Em Portugal, desde o 25 de Abril de 1974, e a entrada para a CEE em 1986, com torneira aberta de milhões que entraram nos cofres do Estado e das empresas, e estamos na mesma como no passado. Somos mesmo muito ingénuos e gostamos de sofrer.