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Sabe mesmo o que anda a comer?

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Se nunca olha para os rótulos da comida que compra para si, esta é uma boa altura para começar a prestar atenção, pelo menos para o que compra para as crianças. A partir de 13 de dezembro, várias mudanças serão obrigatórias. Sai o sódio, entra o sal. A ordem de apresentação da informação nutricional também será invertida dentro de seis meses, quando o regulamento 1169/2011, de 25 de outubro, se tornar obrigatório.

É uma regulamentação europeia, não uma diretiva, o que significa que todos os países irão adotá-la de forma homogénea, em vez de a transpor com adaptações. De aqui em diante, todos os produtos alimentares pré-embalados vendidos na União terão de seguir este padrão. Vai também tornar-se obrigatória a informação nutricional de todos os produtos processados, embora haja um período de transição até dezembro de 2016.

E qual é o motivo da alteração? Defender o consumidor, dando-lhe informação mais clara e visível sobre o que está a consumir. "Os rótulos devem ser facilmente visíveis, claramente legíveis e, quando apropriado, indeléveis", determina o regulamento aprovado pelo Parlamento Europeu. "A informação obrigatória sobre a comida não deve ser em qualquer circunstância escondida, obscurecida, diminuída ou interrompida por qualquer outro material escrito ou visual", lê-se. "Por isso, os rótulos não devem ser facilmente removíveis, pondo em risco a disponibilidade ou acesso à informação obrigatória para o consumidor."

Para que serve?
Esta legislação vem tornar obrigatória a informação nutricional nos alimentos pré-embalados e a indicação da origem de carne não processada de porco, ovelha, cabra e aves. Passará a ser obrigatório destacar (a negrito ou com sublinhado) os alergéneos contidos na comida, tais como ovos ou leite, tendo estes de estar incluídos na lista de ingredientes. E fixa um tamanho de letra mínimo.

"Esta legislação vai consolidar duas áreas que estavam separadas. Vemos com bons olhos porque homogeneiza e ainda introduz algumas novidades", diz ao Dinheiro Vivo Sofia Mendonça, técnica da área alimentar da Deco - Associação de Defesa do Consumidor.

Não há estudos sobre o comportamento do consumidor português quanto à influência dos rótulos na decisão de compra, mas a União Europeia quer que a informação seja clara para tornar a escolha mais fácil. Quando os consumidores não se interessam pelos ingredientes do que ingerem, poderão não fazer as escolhas mais acertadas, ou cair em truques de marketing. O que é particularmente importante se sofrerem de alguma condição que deve restringir a escolha - alergia a um ingrediente, diabetes, obesidade, etc.

"O nosso trabalho tem sido no sentido de dar informação e educação ao consumidor", diz Sofia Mendonça. "A existência de rótulos foi uma vitória das associações de consumidores."

Como ler um rótulo
A primeira informação a reter é que a lista de ingredientes é feita por ordem decrescente, isto é, o ingrediente que aparece primeiro é aquele que existe em maior quantidade no alimento, e por aí em diante. Isto explica porque é que um pacote de bolachas de aveia tem farinha de trigo em primeiro na lista, ou porque é que um sumo de laranja primeiro tem água e açúcar e só depois concentrado de fruta.

A segunda informação a ter em conta é que a informação nutricional, quando presente, só é obrigatória para 100 gramas de produto. A Deco defende que seja obrigatória a inclusão de informação por porção, visto que muitas pessoas não conseguem perceber exatamente a quantidade a que corresponde a porção que vão comer. Se um iogurte tem 80 calorias por 100 gramas, uma embalagem fornece 100 calorias, porque o peso total é de 125 gramas. E o mesmo se aplica às doses de gordura, açúcares e proteínas.

A ordem pela qual estes macronutrientes aparecem também muda. Até aqui, as empresas podiam escolhê-la, e grande parte optava por colocar primeiro as proteínas, depois os hidratos de carbono e depois os lípidos (gorduras), seguidos da fibra. Agora, os lípidos devem aparecer primeiro, seguidos dos hidratos de carbono, das fibras e só depois as proteínas. No valor energético, a densidade do alimento deve ser expressa primeiro com kilojoules e só depois em kilocalorias - o valor de referência e muitas vezes a única coisa que os consumidores procuram: quantas calorias tem isto?

Agora, o sal. Até aqui, as marcas podiam escolher o que punham no rótulo, optando normalmente pelo sódio - que é o elemento nocivo do sal. O consumidor, para calcular quanto sal estaria a ingerir com aquele produto, tinha de fazer um cálculo, multiplicando o sódio por um fator de 2,5.

Agora, são as marcas que fazem isso. Desaparece o sódio e entra o sal - não necessariamente adicionado, pode ser aquele que está no alimento de forma natural. "É bom, porque obriga a que todos façam da mesma maneira e facilita a comparação", diz Sofia Mendonça.

Outra mudança é do DDR para o VNR. O DDR representa as Doses Diárias Recomendadas, para a ingestão calórica e de nutrientes, tendo por base um adulto típico. Agora, aparece o VNR - valores de referência do nutriente.

Passa ainda a haver um tamanho mínimo de letra (1,2 milímetros para embalagens com a superfície superior a 80 cm2 e 0,9 mil"metros para as mais pequenas).

Uma das alterações mais importantes, diz a Deco, é o destacar dos ingredientes com potencial alergéneo e a obrigatoriedade da sua referência na lista de ingredientes. "Era uma reivindicação antiga, não havia regulação de como o indicar. Cada um fazia como entendia." O aviso de ingredientes deste tipo também será obrigatório na comida não embalada, a granel, mas ainda não foi definido o formato do aviso.
Para a Nestlé, que já começou a implementar as modificações nos produtos que vende em Portugal, as alterações são quase todas positivas.
"Salvo algumas coisas, é benéfico", opina Elisa Magalhães, responsável da área de regulação da Nestlé Portugal. A técnica gostaria de ver regulação também na rotulagem voluntária, para poder "comparar produtos semelhantes", e critica o excesso de informação, que pode fazer o consumidor desligar. A Deco pensa o contrário: "Tudo o que seja informativo é importante aparecer no rótulo. E ainda falta fazer mais", diz Sofia Mendonça.

Detalhes
Regulamento está em vigor desde 2011 e passa a obrigatório a 13 de dezembro. ASAE será responsável pela fiscalização da conformidade. Deco recebe menos de 10 pedidos de informação por mês sobre rótulos. Todos os produtos alimentares terão de ter informação nutricional até dezembro de 2016. Origem das gorduras vegetais terá de ser discriminada. Bebidas alcóolicas continuam isentas.










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