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Mundial-2014: Alemanha-Argentina, 1-0, ap

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Alemanha-Argentina, 1-0, ap

A Alemanha sucede à Espanha, e torna-se a primeira seleção europeia a vencer um Mundial em solo americano. O Maracanã, cenário mítico por excelência, foi palco da maior conquista de todas para um grupo que, desde 2006, em todas as fases finais de grandes competições, andou sempre muito perto da coroa.

É possível, e até fácil, ver nesta final traços da anterior, entre Espanha e Holanda. Como há quatro anos, foi um golo na segunda parte do prolongamento a decidir para que lado caía o troféu. Cozinhado por dois suplentes, o grande remate de Götze (112 minutos) deu um desfecho lógico a um grande Mundial, coroando a melhor seleção que passou pelo Brasil. Tal como Messi que, simbolicamente, bateu para fora o último livre do jogo, a Argentina ficou à porta da glória máxima, entre outras coisas por uma comprometedora falta de pontaria em dois momentos-chave. Quanto a esta Alemanha, embora a final não tenha sido a melhor demonstração, deve mais ao futebol latino de passe e circulação do que à sua identidade história. Apesar do abismo de diferenças nos respetivos perfis e identidades, há mais pontos em comum entre os dois últimos campeões do Mundo do que poderia imaginar-se.

A esperada confirmação da baixa de Di María mantinha Enzo Pérez no onze, mas privava a Argentina do seu argumento ofensivo mais direto. Porém, a lesão de Khedira, no aquecimento, nivelou o saldo, desequilibrando o trio virtuoso do meio-campo alemão, que na terça-feira tinha reduzido o Brasil a escombros. Kramer ocupou a vaga, mas pareceu sempre um peixe fora de água, mesmo antes de um choque violento com o ombro de Garay o obrigar a ser substituído, pela meia hora, visivelmente abalado.

Por essa altura, já a Argentina era a melhor equipa em campo. Compacta, com linhas juntas, a seleção de Sabella, organizada em redor de Mascherano, criava sérios problemas à defesa alemã de cada vez que lhe ganhava espaço nas costas. E provava, caso fosse preciso, que o vendaval ofensivo nos 7-1 de Belo Horizonte teve pelo menos tanto de cooperação brasileira como de talento alemão.

Numa noite mais feliz de Higuaín, a Argentina poderia ter ido para o intervalo a ganhar, mas o ponta-de-lança desaproveitou a melhor situação do jogo, aos 20 minutos, rematando ao lado depois de um mau atraso de Kroos o deixar cara a cara com Neuer.

O erro do médio alemão, o melhor jogador da sua equipa na prova, era sintoma de uma invulgar perturbação alemã, como o sublinhavam os primeiros cartões do jogo, mostrados a Schweinsteiger e Howedes. Menos fluida na circulação, com espaços bem tapados, a Alemanha ainda viu Higuaín ter um golo bem anulado por fora de jogo (30 minutos), antes de conseguir endireitar-se no jogo.

Ao lançar Schürrle para a vaga de Kramer, Löw deslocou Özil para o meio e devolveu critério à circulação. Assim, um lance em que Boateng dobrou Neuer e resolveu uma oportunidade inventada por Messi marcou o fim da superioridade argentina: os minutos finais do primeiro tempo trouxeram uma Alemanha mais próxima do seu padrão-FIFA. Uma grande defesa de Romero negou o golo a Schürrle (37 minutos) e mesmo ao cair do pano Höwedes cabeceou ao poste, após canto.

Tudo somado, a Alemanha recuperava um pouco da confiança minada pelos minutos iniciais da Argentina, e o público despedia as equipas com uma ovação merecida, após uma primeira parte tão intensa e equilibrada quanto se pode esperar de uma final.

Reentrar no jogo a murro

Com Aguero no lugar de Lavezzi, o início da segunda parte foi uma reedição dos minutos iniciais: a Argentina voltou a surgir mais confortável e Messi conseguiu aparecer a espaços, como no remate cruzado que roçou o poste esquerdo de Neuer (47 minutos). E se o choque entre Kramer e Garay, na primeira parte, tinha virado uma página no jogo, foi outro lance contundente, aos 56 minutos, a interromper mais esse breve ciclo de domínio sul-americano: Zabaleta lançou Higuaín em profundidade e o avançado do Nápoles, só de olhos na bola, foi atropelado pela saída a soco de Neuer, que o deixou prostrado. O italiano Rizzoli apitou uma inacreditável falta contra a Argentina e a Alemanha aproveitou para reentrar no jogo, a murro.

Por esta altura, o receio de cometer erros começava a pesar de forma decisiva, levando os jogadores a resolver os casos de dúvida da maneira mais direta, sem receio de chutar a bola (e o perigo) para longe. Schweinsteiger, discreto nos jogos mais exuberantes da Alemanha, era agora quem assumia o protagonismo, equivalendo-se a Mascherano num jogo cada vez mais alimentado por duelos, contactos e intensidade física.

Sabella sentiu que o meio-campo estava em risco e, já depois de trocar Higuaín por Palacio, apostou na versão mais conservadora, lançando Gago na vaga de Enzo Pérez para completar o «trivote». Löw respondia trocando Klose, um ponta-de-lança clássico, pela mobilidade de Götze, numa altura em que a Alemanha, com mais um dia de repouso e sem prolongamentos, parecia mais fresca para o inevitável prolongamento.

Levado às últimas consequências, o plano conservador de Sabella poderia ter sido recompensado, aos 97 minutos, quando um passe longo de Rojo levou Hummels a falhar o tempo de salto. Palacio, que já tinha falhado uma ocasião clara contra a Holanda, tremeu no frente a frente com Neuer e fez o chapéu para fora.

Era o segundo erro flagrante dos alemães que a Argentina desperdiçava. Para uma final tão equilibrada como esta, parecia demasiado. E era: a oito minutos do fim, aquilo que um suplente argentino não foi capaz de fazer, fizeram-no dois suplentes alemães: Schürrle arrancou em velociade na esquerda, deixando Zabaleta para trás, e descobriu Götze na área. O passe foi bom, mas difícil. A receção no peito, só ao alcance de um craque, deu a Götze o tempo necessário para o remate, em vólei e cruzado, que bateu Romero e escreveu a última linha de um grande Mundial.

Por linhas bem mais acidentadas do que o seu percurso até à final tinha feito supor, a Alemanha garantia assim o quarto título mundial, fazendo justiça à seleção que melhor futebol praticou no Brasil. Mas a Argentina, coerente e fiel a uma ideia nada apaixonante, esticou as suas virtudes até onde não parecia possível – e fica a dever a si própria, e às ocasiões flagrantes perdidas por Higuaín e Palacio, outro desfecho para esta história.

Fonte: Mais Futebol
 
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