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Tetraplégico vai de Abrantes a Lisboa em cadeira de rodas para reclamar uma vida independente

B@eta

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Tetraplégico vai de Abrantes a Lisboa em cadeira de rodas para reclamar uma vida independente

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Um deficiente motor residente em Concavada, Abrantes, propõe-se realizar, na próxima semana, 180
quilómetros em cadeira de rodas até ao Ministério da Segurança Social, em Lisboa, para reclamar o direito a uma vida independente.

Eduardo Jorge, 52 anos, tetraplégico e activista do movimento "nos.tetraplégicos", revela que a finalidade da iniciativa é "chamar a atenção para os problemas dos deficientes motores e idosos" em Portugal e "dizer basta à institucionalização compulsiva, por parte do Estado, das pessoas com deficiência em lares de idosos, como única alternativa de vida".

O ex-gerente comercial, licenciado em Serviço Social, foi vítima de um acidente de viação em 1991 que o deixou numa cadeira de rodas.

Eduardo Jorge já havia realizado uma greve de fome em frente da Assembleia da República, no ano passado (com o apoio do Movimento (d)Eficientes Indignados), que suspendeu, depois ter sido recebido pelo secretário de Estado da tutela e este ter assegurado, na ocasião, iniciar os trabalhos de redacção de legislação sobre a Vida Independente no final de Janeiro.

"Realizei a greve de fome pelo direito a uma vida independente e digna, e suspendi-a porque obtivemos determinadas garantias e promessas, numa reunião tida na Assembleia da República com o secretário de Estado da tutela, mas pouco ou nada aconteceu até ao momento, facto que me leva a voltar a luta, neste caso, à estrada", destacou.

"Não quero deixar de ser uma pessoa participativa na sociedade e não quero ficar confinado a um lar, só porque o Estado não concede a hipótese de ter um cuidador e sermos nós a contratar o serviço que entendemos que possa prestar uma ajuda específica à medida e tendo em conta as necessidades de cada um", vincou.

"Criar-nos condições para vivermos nas nossas casas, fica muito mais barato ao Estado do que a institucionalização, e é pelo direito a uma vida independente que vou fazer este percurso até Lisboa em cadeira de rodas”, justificou.

Eduardo Jorge reclama para os deficientes motores o crescimento junto da família, poder frequentar a escola do bairro ou trabalhar num emprego adequado à formação.

O plano de viagem começa em Concavada, Abrantes, na terça-feira, às 7h, e durante o percurso Eduardo Jorge vai pernoitar na via pública, em vigília, junto à Câmara Municipal de Almeirim, no dia 23, e no dia seguinte vai pernoitar em Benfica do Ribatejo. A chegada está prevista para quinta-feira, às 10h, à Praça de Londres, sede do Ministério da Solidariedade Social, Emprego e Solidariedade, em Lisboa.

Fonte: Público
 

B@eta

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Razão do protesto 180 km em cadeira de rodas pelo direito a uma vida digna

Razão do protesto 180 km em cadeira de rodas pelo direito a uma vida digna

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A 7 de Outubro do ano passado o Sr. Secretario de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Agostinho Branquinho, confrontado com a anunciada greve de fome pelo direito a uma vida independente, protagonizada por Eduardo Jorge, tetraplégico, fez promessas e assumiu um compromisso com Eduardo Jorge e o movimento (d)Eficientes Indignados.

Foi acordado nessa altura:
1. Abrir um endereço de e-mail para receber contributos sobre o que seria necessário para proporcionar uma Vida Independente às pessoas com deficiência.
2. Fornecerem-nos um dossier com esses contributos no início de Janeiro
3. Iniciar os trabalhos de redacção de legislação sobre a Vida Independente no final de Janeiro com a participação do movimento (d)Eficientes Indignados e demais representantes da comunidade de pessoas com deficiência.

Pensávamos lidar com gente de palavra, mas enganámo-nos. Em Janeiro nada se passou.

Só em Fevereiro, e a nosso pedido, se realizou uma reunião em que constatámos que nada havia sido feito para além da intenção de abrir ,em parceria com a União das Misericórdias e o IEFP, cursos de formação de supostos assistentes pessoais. Nenhum passo tinha sido dado na garantia de acesso à assistência pessoal por parte das pessoas com deficiência.

Nessa reunião, realizada a 27 de Fevereiro, foi-nos garantido por elementos do Gabinete do Sr. Secretario de Estado que seriam respeitados alguns princípios sobre a Vida Independente que são fundamentais para nós:

1. Que um projecto piloto de Vida Independente será concebido com a participação das pessoas com deficiência
2. Haverá pagamentos directos à pessoa com deficiência que contratará com essa verba o seu assistente pessoal.
3. A pessoa com deficiência terá liberdade de escolha do seu assistente.
4. A formação dos Assistentes será assegurada pela pessoa com deficiência se essa for a sua escolha.

Passado quase um ano das promessas iniciais do Sr. Secretario de Estado nada foi feito.

Em sinal de protesto e no sentido de sensibilizar a população em geral para a necessidade de uma politica que fomente a independência e autonomia das pessoas com deficiência, Eduardo Jorge, com o apoio do Movimento (d)Eficientes Indignados, sai novamente à rua.

Pondo em risco a sua saúde, dada a sua condição física, Eduardo Jorge irá, na sua cadeira de rodas, fazer um percurso de 180 km, da sua residência em Concavada (Abrantes) até ao Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social onde entregará uma Carta Aberta ao Sr. Secretario de Estado.

No dia 25 às 12,30h, estaremos à sua espera na Praça de Alvalade, fazendo a parte final do percurso em conjunto até à Praça de Londres.

CONCAVADA A LISBOA - 180 KM PELO DIREITO A UMA VIDA INDEPENDENTE

23, 24 e 25 de Setembro

Através das estradas nacionais 118, 114 e 10, pelo seguinte itinerário:

Dia 23
7H00 - saída de Concavada, Abrantes, sempre pela estrada nacional 118
7H45 - Pego
8H15 - Rossio ao Sul do Tejo
9h00 - Tramagal
10h15 - Santa Margarida da Coutada
11h45 - Arrepiado
13h00 - Carregueira
15H00 - Chamusca
16h00 - Vale de Cavalos
16h45 - Alpiarça
17H30 - Almeirim pernoita em vigília à frente do edifício da Câmara Municipal local.

Dia 24
8H00 - saída de Almeirim pela estrada nacional 114
9H15 - Benfica do Ribatejo
10H15 - Casa Cadaval
12H00 - Salvaterra de Magos
13H00 - Benavente pela EN 118
14H30 - Samora Correia/Porto Alto
15H30 - Vila Franca de Xira EN10
16H00 - Alhandra
16H30 - Sobralinho
17H00 - Alverca do Ribatejo pernoita na Praça de São Pedro

Dia 25
8h00 - Alverca do Ribatejo
8H45 - Forte da Casa
9H00 - Póvoa de Santa Iria
10H00 - Sacavém
10H30 - Moscavide
11H30 - Rotunda do Aeroporto/Relógio
12H30 - Praça de Alvalade
13H00 - Lisboa, Praça de Londres

NOTA - Actualização em 20 Setembro 2014
O horário poderá sofrer algumas alterações devido a qualquer imprevisto

Fonte: Movimento (d)Eficientes Indignados
 

B@eta

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A UDF apoiou esta iniciativa: 180 km em cadeira de rodas por Vida Indepependente

A UDF apoiou esta iniciativa: 180 km em cadeira de rodas por Vida Indepependente​

1ª parte: 180 km em cadeira de rodas pelo direito a uma Vida Independente

Como vos conseguir passar tudo o que vivi nestes 3 dias de viagem? Foram tantas as emoções, acontecimentos, momentos bons e menos bons...adoraria contar-vos tudo, tipo estarmos juntos, em cavaqueira, como acontece com as crianças que saem pela primeira vez da proteção dos pais e chegam com muitas novidades para contar. Mas não pode ser e também não sei se teriam pachorra para me ouvirem. Por esse facto, vou tentar resumir a viagem em 3 partes, cada uma delas corresponderá a um dia de jornada.

Mas primeiro que tudo tenho de agradecer do fundo do meu coração á Cristina Fernandes minha cuidadora desde o primeiro minuto, ao Sr João motorista da carrinha de apoio e ao Sr Manuel Feijão, que me emprestou a carrinha.


DIA 23, PRIMEIRO DIA

Felizmente ao levantarem-me não surgiu a habitual queda de tensão daquelas que nos tiram até a força para respirar. Mas ao chegar á rua e começar a falar para a imprensa presente, estava a ver que não conseguia falar mais que um minuto seguido, mas consegui, e 1ª etapa estava resolvida. Sentir o apoio e carinho das pessoas que estavam a apoiar-me na saída da minha casa em Concavada, e o abraço do Mário Murcho (também em cadeira de rodas) foi um grande estímulo. Na localidade seguinte, Pego, existiam poucos apoiantes á beira da estrada, em compensação no Rossio ao Sul do Tejo foi a surpresa total, tinha um grupo a aguardar-me e a polícia apareceu pela primeira vez. Sentir aquele calor humano e verificar que afinal teria a proteção da polícia foi muito importante. A dúvida sobre se teria proteção ou não por parte das autoridades e se me obrigariam a circular pela esquerda da via pública, como informava parecer das Estradas de Portugal, estavam a preocupar-me.


No Rossio, o João Nisa inicia corrida ao meu lado. Soube mesmo bem ter alguém para conversar e para minha surpresa acompanhou-me durante vários quilómetros. Em Tramagal primeiro banho de emoções. Espantoso. Era gente por todo o lado. Estavam desde o inicio até ao final da localidade. Foi a minha primeira paragem para ser recebido pelas entidades locais, neste caso Sr presidente da Junta de Freguesia e Dra Celeste Simão, vereadora da ação social e educação, da CM de Abrantes, entreguei-lhes um documento onde resumidamente explicava o porquê da minha passagem pela sua localidade e realizei uma pequena palestra sobre o assunto aos presentes. Em troca fui presenteado com um galhardete representativo da localidade por parte do executivo local e um terço oferecido pela Elsa.

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Se já me sentia confiante para enfrentar a grande jornada, mais ainda fiquei. Foi como se uma barreira psicológica fosse ultrapassada de vez. E lá continuei a viagem com o João Nisa em marcha ao meu lado e a acompanhar-me de carro a Guida Correia Pires, Jorge Pereira, Jorge Damas, Vitor Ferreira e José Lopes Peres que me acompanhou desde a Concavada, e grande apoio prestou nas minhas transferências na troca das cadeira de rodas, subi-las e desce-las dos veículos até a Almeirim, onde terminei a viagem do 1º dia..


Mas nem tudo foram rosas, além do frio que sentia, ao chegar a Santa Margarida, aconteceu o primeiro imprevisto. O motor da cadeira de rodas aqueceu em demasia e não foi possível continuar. Foi necessário transferirem-me para outra cadeira de rodas que só circula a 4 km/h. A cadeira mais potente foi transportada pela carrinha de apoio até ao Centro de Apoio Social da Carregueira onde ficou a recarregar as baterias e arrefecer os motores. Foi esse o sistema utilizado durante o resto do trajeto. Ia alternando a utilização das cadeiras. Última mudança aconteceu em Alpiarça e foi a CM que a foi buscar á estrada e fez o favor de carregar as baterias.

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A primeira refeição aconteceu perto do miradouro de Almourol. A sandes saboreada à beira da estrada, com o Tejo como cenário de fundo soube muito bem. Ainda por cima apareceu a Carolina Marques com uns miminhos trazidos diretamente da sua Duplo Deleite. Nesta altura o frio, dor no braço direito, pescoço e nos ouvidos era cada vez maior.

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Próximas emoções fortes aconteceram na Carregueira. E que emoções…foi comovente a maneira como fui recebido pelos utentes do Centro de Apoio Social da Carregueira. Estava previsto não realizar paragens durante a viagem, a não ser as programadas, mas teve de acontecer, era o mínimo que poderia fazer para agradecer. Até direito a cartazes com incentivo eu tive, e no final da localidade lá estavam mais uma vez à beira da estrada a desejar-me boa sorte. Escusado será dizer que as lágrimas não me deixaram durante largos minutos.

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Em Alpiarça tínhamos o executivo da CM à nossa espera com a cadeira de rodas já carregada e algumas lembranças (garrafa de vinho tinto Quinta dos Patudos já foi aberta).

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Durante o percurso os agentes das autoridades iam-se substituindo, mas a partir da Chamusca deixaram de me acompanhar. Só os voltei a ver em funções, a partir do Porto Alto/Samora Correia. Muita falta me fizeram entre Alpiarça e Almeirim. Percorri os 8km de distância já durante a noite, numa cadeira sem luz, com muito frio e trânsito muito complicado. Houve até momentos de solidão. Cheguei a Almeirim completamente de rastos. Foram momentos muito difíceis. Felizmente a recepção foi muito calorosa e a CM de Almeirim pela voz do Sr vereador Joaquim Sampaio, tinha à nossa espera o átrio de entrada do Salão Nobre da CM para pernoitarmos. No dia seguinte recebemos a visita do Srº presidente que nos foi desejar boa sorte. Soube mesmo bem não ficar na rua ao frio, assim como soube muito bem a sopinha quente e pizzas trazidas pelo casal Fátima Henriques Figueiredo/Davide Susca e PizzaMassas. Assim como os bolinhos trazidos por duas ex colegas da faculdade que aproveitaram para me aquecer com a sua capa académica e uma massagem realizada pela enfermeira Pascal.

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Para melhor podermos aceder á internet o casal Dr Hélder e Dra Ana Poupino, trouxeram duas pens de internet móvel novinhas em folha com internet ilimitada. Os primos Gracinda e marido, e neta Cláudia Constantino, foram também incansáveis no apoio. Que bem soube no dia seguinte tê-los ao acordar...a luz do local que estávamos impossibilitados de desligar e teve de ficar ligada a noite toda, barulho assustador do sistema de ar condicionado e a preocupação de estarmos despachadinhos antes de funcionários da autarquia começarem a chegar ao local para iniciar dia de trabalho, condicionou-nos, mas permitiu-nos dormir umas 4 horas. Cristina Fernandes dormiu no chão, e costas acusaram esse facto. De manhã estava cheia de dores.

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Foi muito agradável ter recebido a visita no meio do trajeto do professor António Carraço e esposa, Dra Lurdes Botas, já mencionada Carolina Marques, Fátima e marido de entre outros amigos, assim como o apoio do Armindo Silveira na véspera da partida.

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Antes de iniciar a viagem tentei preparar o organismo para a viagem. Tomei antibiótico para a bexiga, trabalhei de maneira diferente o treino intestinal, etc., mas tudo poderia acontecer. Sentir a primeira etapa realizada, o 1º objetivo cumprido, mesmo de rastos, foi uma sensação fantástica. Umas barrinhas de Herbalife oferecidas pela Isa Barata, e uns pedacinhos de chocolate também fizeram milagres quando a força começava a desaparecer.

Continua...

Eduardo Jorge

Fonte: deficiente-forum.com - Índice
 
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