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GF Ouro
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Em entrevista ao JN, Juan Carlos Monedero, co-fundador no movimento político espanhol Podemos, diz que a queda na credibilidade do atual sistema se transformou na necessidade de inventar novas soluções e que a esquerda tem que se reinventar.
Num café de Malasaña, o bairro madrileno onde vive, Juan Carlos Monedero senta-se junto à janela e é abordado por uma mulher que lhe fala da rua. Comenta com o politólogo da Universidade Complutense uma notícia que leu essa mesma manhã: o Estado espanhol vai indemnizar com 1.350 milhões de euros a construtora ACS depois de a obrigar a encerrar um depósito de gás natural em Castellón, que provocava sismos na região. "É preciso correr com estes políticos vendidos", exclama, indignada. "Vamos fazer por isso", responde com um sorriso Monedero, um dos ideólogos do Podemos, a formação política do momento em Espanha, que fundou junto a Pablo Iglesias e Iñigo Errejón.
E tem motivos para sorrir. Depois dos cinco eurodeputados eleitos em Maio, o percurso do Podemos não para de surpreender. A mais recente sondagem, publicada pelo diário El País, coloca-os como primeira força política em Espanha, com 27,7% das intenções de voto.
Depois de décadas de progressivo distanciamento entre a classe política e a cidadania, o Podemos nasce com um método de organização baseado precisamente na participação da cidadania. É essa a chave do fenómeno Podemos?
Em parte. [Antonio] Gramsci dizia que os tempos de crise são tempos em que o velho ainda não morreu e o novo ainda não nasceu. As instituições vinculadas à Constituição espanhola de 1978 estão aí, mas já não funcionam e as novas instituições estão por construir. É necessário confiar nas pessoas, tanto para fazer cair o velho como para iluminar o novo. A diferença entre nós e as outras forças políticas é que decidimos confiar nas pessoas.
Isso é uma resposta ao afastamento das elites partidárias em relação ao cidadão comum?
A conclusão é que o esgotamento da democracia representativa, a perda de credibilidade de uns políticos que se converteram em burocratas do neoliberalismo, transformou-se na necessidade de inventar novas soluções. Era preciso gente que viesse de fora da política, de fora do sistema, que tivesse a sua profissão e que falasse uma linguagem que as pessoas entendessem. Alguém que quebrasse uma linguagem ideológica que o que faz é mascarar a realidade. É verdade que os partidos de direita são de direita, mas é mentira que os partidos de esquerda sejam de esquerda. Nós chegámos, atirámos uma pedra para ver se fazia ondas e acabou por acontecer um tsunami.
jn
Num café de Malasaña, o bairro madrileno onde vive, Juan Carlos Monedero senta-se junto à janela e é abordado por uma mulher que lhe fala da rua. Comenta com o politólogo da Universidade Complutense uma notícia que leu essa mesma manhã: o Estado espanhol vai indemnizar com 1.350 milhões de euros a construtora ACS depois de a obrigar a encerrar um depósito de gás natural em Castellón, que provocava sismos na região. "É preciso correr com estes políticos vendidos", exclama, indignada. "Vamos fazer por isso", responde com um sorriso Monedero, um dos ideólogos do Podemos, a formação política do momento em Espanha, que fundou junto a Pablo Iglesias e Iñigo Errejón.
E tem motivos para sorrir. Depois dos cinco eurodeputados eleitos em Maio, o percurso do Podemos não para de surpreender. A mais recente sondagem, publicada pelo diário El País, coloca-os como primeira força política em Espanha, com 27,7% das intenções de voto.
Depois de décadas de progressivo distanciamento entre a classe política e a cidadania, o Podemos nasce com um método de organização baseado precisamente na participação da cidadania. É essa a chave do fenómeno Podemos?
Em parte. [Antonio] Gramsci dizia que os tempos de crise são tempos em que o velho ainda não morreu e o novo ainda não nasceu. As instituições vinculadas à Constituição espanhola de 1978 estão aí, mas já não funcionam e as novas instituições estão por construir. É necessário confiar nas pessoas, tanto para fazer cair o velho como para iluminar o novo. A diferença entre nós e as outras forças políticas é que decidimos confiar nas pessoas.
Isso é uma resposta ao afastamento das elites partidárias em relação ao cidadão comum?
A conclusão é que o esgotamento da democracia representativa, a perda de credibilidade de uns políticos que se converteram em burocratas do neoliberalismo, transformou-se na necessidade de inventar novas soluções. Era preciso gente que viesse de fora da política, de fora do sistema, que tivesse a sua profissão e que falasse uma linguagem que as pessoas entendessem. Alguém que quebrasse uma linguagem ideológica que o que faz é mascarar a realidade. É verdade que os partidos de direita são de direita, mas é mentira que os partidos de esquerda sejam de esquerda. Nós chegámos, atirámos uma pedra para ver se fazia ondas e acabou por acontecer um tsunami.
jn