kokas
GF Ouro
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Escritas em 2005, as 466 páginas manuscritas pelo mauritano Slahi foram classificadas top secret pelo governo americano. Até agora.
Foi numa tarde de novembro de 2001 que Mohamedou Ould Slahi saiu da sua casa em Nouakchott para prestar depoimento no Ministério do Interior. De volta a casa em 2000 depois de 12 anos passados no Canadá e na Alemanha, esta não era a primeira vez que o mauritano era interrogado - ou não encaixasse o seu perfil no do suspeito de terrorismo que os EUA procuravam naquelas semanas que se seguiram aos atentados de 11 de Setembro, que fizeram quase 3000 mortos em solo americano.
"Leva o teu carro. Esperamos que possas voltar hoje", disseram-lhe os dois responsáveis do ministério, enquanto Slahi, um engenheiro de telecomunicações então com 30 anos se despedia da mãe e da tia. Não voltou. E, passados quase 14 anos, continua detido em Guantánamo, sem ter sido julgado ou acusado formalmente de qualquer crime. É esse percurso da casa de família em Nouakchott até à prisão americana em Cuba e o que aí viveu que Slahi conta agora em Diário de Guantánamo. O primeiro relato na primeira pessoa de um prisioneiros de Guantánamo ainda encarcerado - com a descrição das torturas, privações e humilhações a que foi sujeito - surge num momento em que o presidente Barack Obama reafirmou, terça-feira no discurso do Estado da União, a intenção de encerrar a prisão. Um desejo que os republicanos prometem travar, tal como o têm feito nos últimos anos.
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