kokas
GF Ouro
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- Set 27, 2006
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Cumprem-se hoje dez anos sobre o dia da morte de Álvaro Cunhal, o dirigente do Partido Comunista que se tornou uma quase obsessão na vida de José Pacheco Pereira.
Não se conheceram, Cunhal nunca aceitou falar com um biógrafo tão meticuloso que o biografado acabou por reconhecer: "Ele sabe mais do que eu sobre a minha vida", terá desabafado.
Chega meia hora antes do combinado, como sempre faz, mas deixo-o ficar sossegado largos minutos antes de me sentar à frente dele numa esplanada, em Lisboa. Em vez do inevitável saco de livros, traz um dossiê preto, recheado e organizadíssimo. É o quarto volume da biografia. Ao longo de uma hora, abrirá janelas para algumas das novidades que vai trazer. Paciente, meticuloso, obstinado, com uma memória pormenorizada e uma clara compreensão do todo e das relações entre os acontecimentos que só pode nascer de um trabalho aturado e sem descanso.
Está a preparar o quarto volume da biografia. Pelo que vejo nesse dossiê, parece-me pronto.
Está muito avançado, mas entre avançado e pronto vai uma diferença. Fazer uma biografia a sério de Álvaro Cunhal implica verificar todos os dados que já se conhece, muitos deles errados ou imprecisos, e tratar a matéria de forma diferente dos trabalhos têm saído, onde nada é verificado. Este volume vai desde a primeira noite depois de fugir da cadeia em 1960 [3 de janeiro] até ao momento em que, vindo de uma reunião clandestina em Paris, Jorge Sampaio compra o Le Monde e vê que o Salazar caiu da cadeira [3 de agosto de 1968].
Ele soube pelo Jorge Sampaio?
dn