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Fotografia © Leonel de Castro / Global Imagens
Em 2013, o nível de vida das famílias portuguesas estava 25 por cento abaixo da média europeia.
Após uma tímida aproximação aos parceiros europeus, o nível de vida dos portugueses recuou, em 2013, para valores de 1990, ficando 25 por cento abaixo da média europeia, revela o estudo "Três Décadas de Portugal Europeu: Balanço e perspetivas".
O documento, coordenado pelo economista Augusto Mateus e encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, vai ser apresentado hoje e atualiza um estudo anterior ("25 anos de Portugal Europeu") com os anos de 2011 a 2013, os primeiros anos da 'troika' em Portugal, cobrindo todos os ciclos de programação de fundos comunitários desde a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE) (1989-1993, 1994-1999, 2000-2006 e 2007-2013).
Segundo o relatório, o "Portugal Europeu passou de uma rota de convergência, concentrada nos anos seguintes à adesão à CEE e na segunda metade da década de 90 e mais intensa em termos de consumo das famílias, para um processo de visível divergência".
No panorama europeu atual, Portugal é incluído num segundo patamar de convergência, composto por países com um nível de vida 20 a 30 por cento abaixo do padrão europeu, incluindo a Eslovénia, República Checa, Eslováquia, Lituânia, Grécia e Estónia, destaca o estudo, indicando que, desde 1999, Portugal apenas se aproximou da média europeia em 2005 e 2009.
Entre 2010 e 2013, o PIB 'per capita' português caiu 7 por cento face ao padrão europeu e o nível de vida das famílias regrediu mais de 20 anos, refletindo a crise económica, a aceleração do processo de globalização, o alargamento da União Europeia a Leste e a aplicação do programa de resgate.
Portugal foi o país europeu que registou maior aumento na fiscalidade entre 2010 e 2013, com a carga fiscal a subir mais de 11 por cento.
O aumento das receitas do Estado ficou a dever-se sobretudo aos impostos diretos, em particular o IRS, que aumentou mais de um terço entre 2010 e 2013, tendo os impostos e contribuições sociais absorvido em 2013, mais de um terço da riqueza criada em Portugal, totalizando cerca de 60 mil milhões de euros.
Portugal é também o Estado-membro em que os juros absorvem uma maior proporção da riqueza criada e o décimo que mais gasta em prestações sociais.
Os encargos com juros aumentaram em 2013 para 5 por cento do PIB, refletindo as dificuldades no acesso a financiamento decorrentes da crise das dívidas soberanas, mas situam-se ainda assim abaixo dos valores registados até meados da década de 90.
O peso das despesas públicas no PIB que, em - 2009, cresceu cerca de cinco pontos percentuais, mantem-se desde essa altura em torno dos 50 por cento, com crescente relevância das despesas com proteção social, cujo impacto no orçamento subiu de 30 por cento em 1995 para 40% em 2013.
O destaque positivo vai para as exportações, cujo peso no PIB passou de 25 por cento para 41 por cento nos 28 anos de Portugal Europeu, enquanto as importações passaram de 27 por cento para 39 por cento.
O ano de 2013 foi o primeiro em que o saldo comercial português foi positivo, salientando-se o contributo das exportações de serviços: se, em 1986, valiam um quarto das exportações nacionais, em 2013 já representavam cerca de um terço.
O estudo realça, aliás, que o "Portugal Europeu registou um intenso processo de terciarização, com os serviços a serem responsáveis por mais de três quartos da riqueza gerada em Portugal em 2013" e a registarem um peso na economia nacional 4 por cento superior ao padrão europeu quando em 1987 era 10 por cento inferior.
O desenvolvimento da economia portuguesa nas últimas décadas ficou também marcado pela perda de relevância da indústria.
Nos últimos 28 anos, o peso das indústrias transformadoras na economia caiu dez pontos percentuais, e só as indústrias alimentares conseguiam alcançar, em 2013, um volume de vendas superior ao registado em 2007.
No entanto, o Norte de Portugal, com um em cada cinco trabalhadores empregados na indústria, continua a destacar-se como uma das regiões europeias mais industrializadas.
Também o setor primário, dominado pela agricultura e produção animal, registou "um claro declínio nos últimos 28 anos", tendo o seu contributo para a criação de riqueza nacional diminuído de 8 por cento em 1986, altura em que representavam mais do dobro da média europeia, para 2 por cento em 2013.
Estas atividades conseguiram interromper, no entanto, nos últimos anos, "o definhamento global registado desde 1995, com um ligeiro aumento do seu peso na economia nacional, a par de progressos mais nítidos nas exportações agroindustriais".
O turismo, responsável em 2013, por 16 por cento do PIB, 18 por cento do emprego e 13 por cento das exportações, tem vindo a afirmar-se como uma das principais atividades económicas em Portugal.
Atualmente, Portugal é o sexto Estado-membro em que o turismo mais pesa no PIB, o quinto em termos de emprego e o quarto em termos de relevância nas exportações.
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