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Coca Cola sob fogo por financiar estudos que desvalorizam os riscos da má alimentação

Feraida

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Fev 10, 2012
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Fotografia © Arquivo DN

Companhia terá pago mais de 5,5 milhões de dólares a cientistas para que transmitissem à opinião pública que a culpa da obesidade é do sedentarismo, e não de uma dieta pouco saudável.

Começou tudo no domingo passado, com um artigo publicado noNew York Times: a Coca Cola, maior produtora mundial de refrigerantes, foi acusada de financiar estudos que apresentam uma nova solução para combater a epidemia de obesidade que alastra a nível mundial.

Na prática, para manter um peso saudável - defendem os investigadores cujos trabalhos foram patrocinados pela Coca Cola - importa mais fazer exercício do que cortar nas calorias.

A Coca Cola, refere o New York Times, conseguiu estabelecer parcerias com cientistas influentes nos Estados Unidos da América, e são eles quem tem passado a mensagem de que é o sedentarismo, e não a má alimentação, o principal responsável pela obesidade.

Para fornecer apoio logístico e financeiro a estes investigadores, a empresa apoia uma organização sem fins lucrativos, chamada Global Energy Balance Network, que tem promovido a ideia de que os americanos preocupados com um estilo de vida saudável estão mais fixados nas quantidades de comida e bebida que ingerem, quando deviam realmente preocupar-se com o exercício físico.

Já os cientistas do outro lado da barricada garantem que esta mensagem é errada e faz parte da estratégia da Coca Cola para desvalorizar o papel que tem sido atribuído aos refrigerantes no aumento da obesidade e da diabetes tipo 2.

Garantem que a empresa está a usar a organização sem fins lucrativos para convencer a audiência de que a atividade física pode compensar uma alimentação pouco saudável, ainda que já tenha ficado provado que o impacto do exercício na saúde é menor quando comparado com alterações na dieta habitual.

A polémica surge numa altura em que, tanto nos Estados Unidos como noutras regiões do globo, se verifica um esforço da comunidade médica e científica para incentivar a aplicação de taxas sobre os refrigerantes.

Em Portugal, o diretor do Programa Nacional para a Diabetes já veio defender que as bebidas com elevado teor de açúcar devem ter uma referência aos malefícios que provocam, "tal como acontece para o tabaco e devia existir para o sal".

A posição de José Manuel Boavida vai no sentido das recomendações que a Assembleia da República aprovou recentemente, no sentido da adoção de medidas de prevenção, controlo e tratamento de diabetes.

Estas medidas visam, sobretudo, limitar o consumo de bebidas e outros alimentos açucarados aos menores de idade, impondo limitações também nos anúncios dirigidos às crianças.

Ao New York Times, Michele Simon, uma advogada na área da saúde pública, disse que a estratégia da Coca Cola é uma "resposta direta" às perdas da companhia.

A Coca Cola fez, por outro lado, um investimento substancial na nova associação sem fins lucrativos: só no ano passado, para formalizar a Global Energy Balance Network , a empresa deu 1,5 milhões de dólares - cerca de 1,3 milhões de euros.

Desde 2004, aponta o jornal norte-americano, a Coca Cola terá investido cerca de quatro milhões de dólares (3,6 milhões de euros) em vários projetos de dois dos cientistas fundadores da Global Energy Balance Network: Steven N. Blair, professor na Universidade da Carolina do Sul, nos EUA - e cuja pesquisa contribuiu para definir muitas das recomendações que orientam a atividade física no país - e Gregory A. Hand, reitor da escola de saúde pública da universidade de West Virginia.

Apesar de o presidente da organização, James O. Hill, professor na faculdade de medicina da Universidade do Colorado, garantir que a Coca Cola em nada influi nos estudos conduzidos, o próprio site da Global Energy Balance Network está registado com morada da sede da Coca Cola, em Atlanta, sendo a página administrada pela própria empresa.

A Coca Cola tem recusado comentar as acusações e emitiu apenas uma declaração explicando que tem uma longa história de financiamento de estudos relacionados com os seus refrigerantes e com o equilíbrio energético.

"Fazemos parcerias com alguns dos mais respeitados peritos nos campos da nutrição e atividade física. É importante para nós que os investigadores com quem trabalhamos partilhem a sua própria visão e descobertas científicas, independentemente dos resultados, e que sejam transparentes e abertos sobre o nosso patrocínio".

No seguimento desta polémica, da qual a imprensa internacional tem feito eco, o El Mundo recupera um estudo conduzido pelos cientistas da Universidade de Navarra, publicado na revista médica PLoS Medicine em janeiro de 2014, que demonstrava que as conclusões das pesquisas que analisaram a relação entre o consumo de refrigerantes e o aumento de peso eram muito diferentes em função de terem sido ou não financiados por empresas do sector.


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