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O abandono das salinas

Luz Divina

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O abandono das salinas





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As salinas estão associadas a ecossistemas característicos de elevado valor de conservação, que estão em risco pelo abandono progressivo da extracção do sal marinho.


A extracção de sal é uma actividade secular, completamente integrada no ecossistema onde é praticada, pois é praticamente inócua. Por este motivo, é possível considerar a existência de um ecossistema característico das salinas, onde a presença do Homem é perfeitamente tolerada e necessária.


A perda de uma salina, do ponto de vista funcional, representa não só o desaparecimento de importantes sistemas ecológicos e biológicos, mas também de valores sócio-económicos, culturais e paisagísticos de grande importância a nível nacional.


O estado das marinhas abandonadas e o seu ritmo de degradação variam consideravelmente de acordo com o sistema onde se inserem. Factores como o grau de assoreamento do esteiro, a existência ou não de comportas de ligação deste à marinha, a permeabilidade do solo dos tanques, a existência ou não de ligação entre estes, a proximidade ao estuário, o tipo de formação vegetal e o seu ritmo de colonização, são condicionantes da velocidade de deterioração das salinas.


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Numa salina inactiva deixa de existir manipulação sazonal do nível das águas nos tanques, o que pode conduzir, em situações extremas, tanto ao desaparecimento completo da água das superfícies, como à inundação de toda a salina. No primeiro caso verifica-se uma alteração profunda da fauna, visto desaparecerem muitas das espécies piscícolas e invertebradas, normalmente associadas ao sistema. Relativamente à avifauna, para além de ocorrer uma perda de habitats de alimentação, a pressão predatória sobre os ovos e juvenis das espécies nidificantes é muito maior. No segundo caso, embora o impacto sobre a fauna dependente da água não seja tão acentuado, os problemas relativos às aves são análogos. A perda de habitats de alimentação deve-se, nesta situação, à elevada profundidade da coluna de água (normalmente superior a 20 cm), impedindo que a maioria das espécies pousem nesses locais. Por outro lado, o insucesso reprodutor deve-se, agora, à inundação dos ninhos.


Outra das consequências, que vem agravar a deterioração destes mesmos locais e dificultar a nidificação, é a frequente invasão pela vegetação circundante que, na fase de exploração do sal era controlada com a manutenção da salina.


A caça é uma actividade que se torna frequente nesta situação e que, de modo directo ou por perturbação do sistema, pode ter um importante impacto ecológico. Embora esta seja autorizada nalgumas zonas de marinhas portuguesas, e incida particularmente sobre coelhos e patos, muitas vezes, propositada ou inadvertidamente, são atingidas espécies de aves protegidas. No caso particular das limícolas, embora não sejam alvos preferenciais, podem ser afectadas, já que são afastadas dos seus locais de repouso e alimentação.


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As salinas abandonadas, como qualquer outro terreno improdutivo, são muitas vezes utilizadas como locais de vazamento de entulho e desperdícios, pondo em risco a riqueza faunística e o interesse paisagístico do local.


De salientar finalmente que, tal como todas as actividades artesanais, o abandono da actividade salineira constitui uma importante perda a nível cultural, que se tornará irrecuperável se a tendência actual se mantiver.




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