Luz Divina
GF Ouro
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Livros mastigados
Dezenas de livros escolares são disponibilizados aos professores, todos os anos, para que escolham os manuais a adotar para uso com os seus alunos. São várias as editoras, com diferentes estratégias, diferentes exemplos, diferentes ilustrações, uns mais grossos, outros mais finos, uns mais apelativos, outros mais desencorajadores. Desde a facilidade de uso à estratégia pedagógica, são diversos os motivos pelos quais os professores adotam determinado manual em detrimento de outro.
O curioso é reparar que, praticamente em todos eles, há sempre nos finais de capítulo, os quadros resumos, os esquemas e os tópicos das coisas mais importantes. À primeira vista, poderá parecer um importante trunfo para os alunos. Assim conseguem perceber quais as matérias mais importantes e as suas associações, facilitando quem possa ter maiores dificuldades.
A questão é que assim não é. Isto porque faz com que os alunos pensem, reflitam, decidam, escolham, criteriem… cada vez menos. Grande parte do trabalho processual da aprendizagem surge feito. A tendência natural para ir pelo caminho mais fácil de estudar pelos resumos já feitos e copiar os esquemas propostos, é tão tentadora como limitadora. Faz com que os alunos pensem pouco sobre as matérias que já se apresentam “mastigadas”. Repare que até nos textos ao longo dos capítulos, temos já as datas, os conceitos, as palavras-chave já destacadas a negrito ou mesmo sublinhadas. Que trabalho têm os alunos para pensar sobre o que é mais importante?
Deste modo, para os alunos que têm dificuldades, poderá ser útil no imediato, mas demasiado prejudicial no seu futuro enquanto alunos, que se querem pensantes.
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