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De férias sem os pais

Luz Divina

GF Ouro
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Dez 9, 2011
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De férias sem os pais


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As férias longe da família promovem a autonomia e até melhoram a relação entre as duas gerações. Mas há que alertá-los para os perigos e muni-los de estratégias de proteção.


Carlota está super, hiper, mega feliz! Este ano, pela primeira vez, vai de férias sem os pais. Não cabe em si de contente e está constantemente a falar no assunto. Porém este entusiasmo não é completamente partilhado pelos pais. Estes acabaram por ceder perante a forte insistência, mas os receios avolumam-se. E se alguma coisa corre mal? E se Carlota decide experimentar droga ou beber álcool? Ela que foi sempre tão protegida, a “filha querida dos papás”, como irá comportar-se sem estar ao pé deles?

Os filhos crescem muito rapidamente. Um dia são completamente dependentes dos pais, e no dia seguinte são senhores do seu nariz e reivindicam direitos que pertencem ao universo adulto. De entre as exigências, ir de férias com os amigos e sair sem limite de hora para chegar a casa, são das mais comuns. Certo é que os jovens começam a sair à noite cada vez mais cedo. Existem, inclusive, locais noturnos cujo alvo preferencial em termos de idade se situa na adolescência.

Estudos recentes apontam para que o consumo de bebidas brancas, esteja a aumentar no nosso país nas faixas etárias mais baixas, facto que constitui um dado preocupante, se tivermos em conta as suas repercussões a diversos níveis. A adolescência é, por excelência, a fase da irreverência e da tendência para a aventura. Desafiar regras, experimentar tudo o que a vida tem para oferecer, acaba por ser o objetivo do jovem. Neste contexto, as saídas noturnas constituem um polo de atração que se torna irresistível.

A noite é repleta de magia e de segredo. Quando questionamos um jovem acerca do que é que ele pensa sobre as discotecas, ouvimos relatos plenos de fantasia, que pouco têm em comum com a realidade. Certo é que as saídas noturnas, dado constituírem um dos focos de conflito mais comuns entre gerações, passam a ser de tal forma idealizadas que o adolescente imagina um mundo maravilhoso, que muitas vezes nada tem de real.

Para além disso, a nossa sociedade carece de rituais de passagem, que nos permitam marcar inequivocamente a diferença entre a adolescência e a idade adulta. Talvez possamos encontrar um esboço destes rituais, no ato de tirar a carta, na permissão de sair à noite ou de passar as primeiras férias sem a presença dos pais.


Começar por sair à noite e depois ir de férias sozinho

Conseguir licença parental para sair à noite sem ter horas marcadas para regressar a casa é uma conquista que demora algum tempo a concretizar-se. A maior parte dos pais só o permite quando o jovem já deu provas de confiança. De facto, as saídas ao longo do ano poderão constituir um excelente “balão de ensaio” para testar o modo como o jovem usa a liberdade.

Deste modo é possível ir controlando e soltando as rédeas aos poucos, ao mesmo tempo que lhes vai sendo dado alguma independência e responsabilidade. Há que aprender a cumprir horários e saber fazer uma boa gestão do dinheiro que recebem e, principalmente, a serem honestos com os pais. Os conflitos muitas vezes acentuam-se quando se trata de dormir fora de casa. Por exemplo, em tempo de verão, proliferam os festivais por todo o país. Os organizadores destes eventos apostam em grupos musicais mais vocacionados para a camada jovem, pelo que é natural que estes sintam o desejo de responder ao apelo. Para além disso, assistir a um concerto inserido num grupo de pares é uma experiência divertida e inesquecível.


É preciso alertar para os perigos

Crescer implica correr riscos. Esta é uma verdade inquestionável. Contudo, os riscos podem ser minimizados quando tomámos previamente conhecimento da sua existência e discutimos estratégias para os contornar. Esta é uma tarefa que cabe aos pais e educadores, no geral. De nada vale proibir, pois é certo e sabido que o jovem saberá encontrar um meio de driblar as proibições.

É que a criatividade dos mais novos não tem limites, quando o objetivo é muito atraente. Só estaremos a fomentar a mentira e o embuste, portanto o melhor é encarar a realidade olhos-nos-olhos e agir de um modo assertivo. Os maiores perigos que podem surgir, durante as férias, estão diretamente relacionados com a inexperiência e a ingenuidade. Longe do olhar dos pais, o acesso a drogas e a álcool está facilitado, portanto este é um ponto de extrema importância. Importa fazê-los interiorizar a regra de não aceitar nada que lhe seja oferecido por um estranho e, nos locais noturnos, é preciso que fiquem atentos se os refrigerantes são abertos à frente deles, já que uma certa dose de desconfiança, pode evitar problemas graves.

Para além disso, no caso de existir um elemento mais velho no grupo e que seja o condutor, este jovem não deve beber bebidas alcoólicas, caso contrário está a colocar a vida dos outros em risco. Se ele insistir em beber, a alternativa é voltarem todos para casa de táxi. Este é um ponto no qual se deve insistir bastante, pois a sinistralidade do nosso país é elevada. Ou seja, é preciso ensinar os mais novos a dizer “não!” de um modo assertivo, sem que o peso do grupo se torne num fator de fragilização.

Todos nós sabemos que é extremamente complicado assumir uma postura diferente da maioria, sobretudo quando falamos de adolescentes. Mas se o jovem sentir que pode vir a ser respeitado pelo grupo por demonstrar personalidade e coerência com os seus princípios, deixará de ser um alvo fácil para qualquer um dos fatores de risco.





As primeiras experiências sexuais

Não se pode negar que existem possibilidades de durante as férias haver algum tipo de envolvimento sexual. As hormonas estão a rubro e a sensação de liberdade aliada à falta de controlo parental, podem ser fatores que conjugados constituem o cenário ideal para a exploração da sexualidade. Reforçamos, mais uma vez a ideia de que a proibição ou o incentivo à abstinência de nada valem.

Quem pensa que um adolescente consegue resistir ao apelo das hormonas vive num mundo de ilusão. Interessa, sobretudo, transmitir a ideia de que a proteção é essencial, já que evita a propagação de doenças e o surgimento de uma gravidez indesejada. Não esquecer que Portugal ocupa os lugares cimeiros quer no que respeita aos números de infeção por HIV, quer de gravidezes na adolescência. Só através do diálogo se podem transmitir informações e modos de proteção, que ajudem o jovem a enfrentar positivamente situações de perigo que ocorram quando não está na presença dos pais. Riscos existirão sempre, mas este é o único meio eficaz de os controlar.



ESTIMULAR A AUTONOMIA

A partir dos 12 anos já existe alguma maturidade que permite o distanciamento dos pais sem a presença de grandes doses de ansiedade. Contudo a maioria dos jovens só expressa o desejo de fazer férias sozinho com os amigos um pouco mais tarde. Com a entrada na adolescência, o desejo de descobrir o mundo está no auge. Esta descoberta dos outros é, ao mesmo tempo, uma necessidade de descobrir-se e conhecerem-se a si próprios.

Numa sociedade onde se vive cada vez até mais tarde em casa dos pais, as férias longe da família acabam por ter um duplo efeito: não só promovem a autonomia, mas até melhoram a relação entre as duas gerações. Certo é que depois de passarem algum tempo longe dos pais e da família mais próxima, os jovens regressam ao ambiente familiar mais conscientes dos seus atos e das suas consequências e mais bem preparados para aproveitar as vivências de grupo.


TENHA EM ATENÇÃO


Antes de permitir que o seu filho vá de férias sozinho com os amigos, existem alguns aspetos a ter em conta:
. Tente conhecer previamente os amigos e o adulto que vai ficar responsável por eles (no caso de existir)
. Mantenha aberto um canal de comunicação. Combine telefonemas diários, para se certificar que está tudo bem. Para além de tudo, o contacto com o mundo habitual fá-lo sempre voltar à realidade.
. Fique com o contacto telefónico de um, ou mais amigos. Assim, se surgir algum problema (por exemplo, o seu filho perder o telemóvel) terá sempre alternativas para falar com ele.






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