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O homem que diz à morte para esperar só mais um bocadinho

kokas

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Set 27, 2006
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O barão Bodo Von Bruemmer tem 104 anos e uma vida que dava vários filmes. A viver em Colares desde os anos 1960, aos 96 decidiu fazer vinho.
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Viveu quatro vidas. Nasceu num lugar chamado Curlândia, sobreviveu a duas guerras mundiais, mudou quinze vezes de escola, teve um cancro. Nunca se sentiu de nenhum país, até encontrar casa em Portugal, aos 60 anos. Aos 96 tornou-se viticultor. Da sua vinha, em Sintra, saem lotes premiados. Mas esta não é uma história sobre vinhos nem a descoberta do segredo da longevidade. Esta é a história de um homem que, prestes a fazer 104 anos, ainda quer continuar a desafiar o tempo.Quando o barão Bodo von Bruemmer nasceu, o mundo de que deveria ser herdeiro estava prestes a desaparecer. Durante mais de seiscentos anos, a família Von Bruemmer vivera numa província da Rússia czarista no Báltico conhecida por Curlândia. Mas, em 1911, a ordem mundial começava a mudar. Em pouco tempo, um conflito mundial, uma série de atentados e uma revolução poriam fim a séculos de opulência e de tranquilidade para as famílias mais antigas da Europa.Nas décadas seguintes, as fronteiras não voltariam a ser estanques, sobretudo naquela zona do Báltico, entre os interesses alemães e russos. Com o final da Primeira Guerra Mundial, a Curlândia passou a integrar a Letónia. Mas isso não sigificou a paz. Aos 7 anos, von Bruemmer partiu com a família para a Alemanha. «Os bolcheviques estavam a chegar e tínhamos de salvar a vida», recorda. O avô recusou juntar-se a eles. «Ele dizia que aquela era a sua casa, que a sua família vivia em Riga há centenas de anos.» Foi assassinado.Um ano depois, o pequeno von Bruemmer estava novamente de partida. O Tratado de Versalhes desfazia o império alemão e impunha a distribuição dos territórios pelos países vizinhos. «Um dia, o governo polaco disse: "Quem nasceu aqui pode ficar. Quem não nasceu tem de ir." Fugimos de novo. A segunda vez em dois anos», recorda o barão, introduzindo pausas entre memórias dolorosas. «Estive em quinze escolas diferentes. A minha vida foi muito difícil, sempre a procurar uma nova base.» O tom da sua voz vai decrescendo, tornando-se progressivamente mais doce e desprotegido. «Nunca estive em casa».



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