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O que devem fazer agora as polícias e as secretas?

kokas

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O terrorismo não se espalhou na Europa, mas o medo sim. Entre a guerra securitária e as liberdades da nossa civilização é possível combater ambos

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Reforçar a troca de informações e a cooperação entre as autoridades policiais e os serviços secretos europeus será o caminho imediato para prevenir outros atentados terroristas, como os que aconteceram na sexta-feira em Paris. "Terá de ser uma troca de informação efetiva e operacional, quase como se não houvesse fronteiras dos diferentes regimes jurídicos entre países", salienta ao DN uma fonte operacional que tem acompanhado estas questões do contraterrorismo.Numa altura em que ainda não se sabe todos os detalhes sobre a preparação dos ataques na capital francesa, as várias detenções que ocorreram logo no dia a seguir na Bélgica levantam a questão sobre a eficácia da partilha de informação entre os dois países, com numerosas comunidades muçulmanas e onde reside o maior número de suspeitos jihadistas regressados da Síria e do Iraque. "Das duas uma, ou essa operação da polícia belga foi já na sequência dos atentados e com base em informação entretanto disponibilizada pelos franceses e isso é positivo, pois quer dizer que o intercâmbio funcionou, ou, e isso seria preocupante, já teria antes a informação e protelou a ação", assevera a mesma fonte policial. "O que não é admissível é voltar a acontecer como no 11 de Setembro, antes do qual havia vária informação dispersa, dando sinais de que aquilo podia suceder, e cada um a guardou para si. A cooperação internacional é essencial porque o mais certo é que os atentados sejam sempre planeados num país diferente do alvo onde vão ser executados", sublinha este operacional.Outra fonte, ex-membro da Unidade de Coordenação Antiterrorista portuguesa, onde têm assento todas as forças e serviços de segurança e as secretas, chama atenção para a necessidade de, na Europa, se dar prioridade "urgente" ao controlo de outro tipo de crimes, associados ao terrorismo e que lhe servem de instrumento. "O fácil acesso a armas de calibres de guerra, cujas redes de comercialização se sabe terem origem nos países dos Balcãs, não tem sido suficientemente combatido; o fácil acesso aos explosivos de natureza comercial, cuja venda devia poder ser rastreada, e a fiscalização, por exemplo, nas pedreiras, que está longe de ser suficiente; o acesso também fácil a documentos falsificados são alguns pontos por onde, a nível europeu, se podia trabalhar mais", assinala esta fonte.Mais de cinco mil suspeitos jihadistas estão neste momento referenciados pelas autoridades policiais europeias. São cidadãos com passaportes de países da União Europeia que foram combater para o Estado Islâmico e estão numa base de dados comum, à qual as polícias têm acesso. Mas se conseguirem documentos falsos, passam nas malhas das autoridades.Em França, existem cerca de sete mil pessoas suspeitas de ser próximas do extremismo islâmico. Como podem ser todos monitorizados pelas autoridades? "Não podem", responde o investigador de terrorismo Daniel Pinéu, doutor em Estudos Críticos de Segurança e professor na Universidade de Coimbra. "A segurança absoluta não existe em sociedades abertas e é isso que se tem de explicar às pessoas", salienta . O investigador sustenta que "toda a sobre reação securitária que se queira impor, de forma a cortar as nossas liberdades e princípios do Estado de direito, é o que querem os terroristas. Por trágicas que sejam estas e quaisquer mortes, temos de as naturalizar como parte da vida na nossa sociedade industrial avançada, tal como aceitamos os milhares de mortos em acidentes rodoviários ou as vítimas do crime violento. E sobre estes não há também declarações de guerra porquê, se até produzem mais mortes?" Para Daniel Pinéu, "eficazes são políticas públicas que reforcem a investigação criminal, a capacidade e a celeridade dos tribunais e a partilha de informações entre as autoridades europeias e a prevenção da radicalização".



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