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Elas não conduzem mas já podem votar e ser eleitas

kokas

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Dez anos após a primeira eleição para os conselhos municipais, voto e candidaturas foram abertos às mulheres
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Há dois anos, Loujain Hathloul foi presa por desafiar a proibição que impede as mulheres sauditas de conduzir e passou dez semanas atrás das grades. Hoje, é candidata nas primeiras eleições para os conselhos municipais em que as mulheres podem não só votar como ser eleitas. Mas Hathloul, que só nesta semana viu o tribunal confirmar a sua candidatura depois de inicialmente ter sido banida, não poderá hoje conduzir até à assembleia de voto para fazer a sua escolha.O direito de voto é uma pequena vitória no reino ultraconservador islâmico onde as mudanças enfrentam oposição por parte dos clérigos - em 2011, quando o rei Abdullah anunciou que as mulheres iriam poder votar neste ano, o grande mufti (máxima instância religiosa) disse que isso seria "abrir a porta ao mal". Da mesma forma que os clérigos conservadores alegam que as mulheres não podem conduzir porque essa atividade danifica os ovários.Inicialmente, Hathloul, de 26 anos, queria concorrer às eleições para aumentar o número de mulheres candidatas. Mas depois de ter sido banida e de ter usado as redes sociais para chamar a atenção para o caso e reverter a situação nos tribunais, admite que o objetivo mudou. "O meu apelo foi aceite, estou de volta à lista de candidatos. Estou de volta ao jogo!", escreveu no Twitter. "Quero marcar a minha posição. Agora é pessoal", disse ao The Washington Post, admitindo que os conselhos municipais "não têm nada que ver com a proibição de conduzir". Mas prometendo não esquecer esse objetivo: "A proibição de conduzir é outra luta. Mas não está esquecida", acrescentou ao jornal.Faz-se história na Arábia Saudita. Mulheres vão votar pela primeira vez
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O que está em causaOs conselhos municipais são o único órgão de governo para o qual os sauditas podem eleger os representantes. Apesar de não terem poder legislativo, os conselhos são responsáveis pela supervisão de uma série de assuntos que dizem respeito à comunidade - incluindo gerir um orçamento destinado à manutenção e à melhoria de equipamentos públicos. As primeiras eleições para este órgão ocorreram em 2005 e as segundas em 2011, mas só os homens podiam concorrer e votar. Desta vez, as mulheres também têm uma palavra a dizer - apesar da discrepância dos números.Segundo as informações dos media estatais locais, há apenas 979 candidatas mulheres, contra 5938 candidatos homens. Mais gritante é a diferença entre o número de eleitores (é necessário um registo prévio): 1,35 milhões de homens e só 130 mil mulheres. Isto numa população de cerca de 20 milhões de sauditas (vivem no país ainda mais cerca de oito milhões de estrangeiros).Ao todo, há 2100 lugares em disputa - dois terços dos membros dos conselhos municipais. Os restantes 1050 são nomeados e aprovados pelo monarca. Apesar de não haver quota reservada às mulheres, o rei Salman pode assegurar que alguns desses lugares são preenchidos por elas. É um desafio para o governante, que subiu ao trono no início deste ano e herdou estas reformas do meio-irmão, o falecido rei Abdullah. Foi o anterior monarca que nomeou, há dois anos, 30 mulheres para a Shura (Assembleia Consultiva), cujos 150 elementos podem propor leis ao rei.Segregação dificulta campanhaDas 1263 assembleias de voto, só 424 têm espaço para as eleitoras do sexo feminino - tal como noutros espaços públicos no reino, existe segregação de género. Esta dificultou também a campanha das candidatas, que estavam impedidas de se dirigir diretamente ao eleitorado masculino. As redes sociais foram por isso a principal ferramenta para angariar votos, ficando o contacto mais direto nas mãos dos familiares masculinos das candidatas.Numa tentativa de prejudicar menos as mulheres, as autoridades não permitiram que nenhum candidato usasse a sua fotografia no material de campanha - na Arábia Saudita as mulheres têm de usar uma abaya, que as cobre até aos pés, e muitas tapam o rosto com o niqab, que só deixa os olhos a descoberto. Não podem ainda usar simbolismos religiosos ou tribais nem trabalhar em conjunto. De facto, os partidos políticos são proibidos - cada candidato apresenta-se em nome próprio, estando a eleição dependente apenas do seu currículo e das promessas que faz.O último redutoCom a abertura do direito de voto às mulheres sauditas, resta apenas um país no mundo onde elas não podem votar: o Vaticano. Não podendo ser ordenadas padres, as mulheres não podem tornar-se cardeais e logo não têm autorização para eleger o Papa, que também é o chefe de Estado do Vaticano.

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