• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Plantas carnívoras sabem contar

Feraida

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Fev 10, 2012
Mensagens
4,161
Gostos Recebidos
2
plantas-carnivoras080216.jpg


Plantas carnívoras alimentam a imaginação.

Por isso, estão em novelas de ficção científica («The Day of the Triffids»), em peças da Broadway («Pequena Loja dos Horrores») e na pesquisa recente que concluiu que as dioneias, ou vénus papa-moscas, podem contar.

Não em voz alta, claro.

E ninguém está a dizer que as plantas têm consciência de que estão a fazê-lo.

Mas, mesmo assim, esta é a primeira vez que alguém demonstra a capacidade de contar de uma planta, segundo o pesquisador que liderou a experiência, Rainer Hedrich, da Universidade de Wurzburg, na Alemanha.


Hedrich, Jennifer Bohm e Sonke Scherzer, todos de Wurzburg, e uma equipa de outros cientistas relataram a sua pesquisa na revista Current Biology.


As dioneias são plantas carnívoras.

Vivem em terra pobre e tiram os nutrientes de que precisam de insectos que apanham e dissolvem.

A sua armadilha é um par de folhas que agem como mandíbulas e estômago.


Quando um insecto pousa e toca nos pelos que servem de gatilho na superfície das folhas, elas fecham-se.

À medida que as enzimas digestivas penetram na armadilha, ela se torna o que Hedrich chama de «estômago verde», e a presa gradualmente se transforma numa sopa nutritiva.


Os cientistas sabiam que um insecto teria que bater nos gatilhos mais de uma vez para fazer com que a armadilha se fechasse, provavelmente para evitar gastos de energia ao responder a gotas de chuva aleatórias e aos fragmentos trazidos pelo vento.


Numa experiência recente, os cientistas estudaram como a planta respondia aos movimentos dos pelos e determinaram que ela estava a contar os impulsos eléctricos que vinham deles.


As plantas não têm sistema nervoso para transmitir esses impulsos como os animais, mas um aumento na electricidade produzida pelas mudanças bioquímicas pode viajar pela superfície das células.


Os investigadores estimularam os gatilhos enquanto gravavam a actividade eléctrica da planta.

As células motoras que fecham as folhas sobre as presas agiam apenas quando recebiam dois sinais em cerca de 20 segundos.

Isso significa que, de alguma maneira, as células se lembravam do primeiro sinal por um curto período.

Depois de 20 segundos, esse primeiro impulso eléctrico era esquecido, essencialmente reiniciando o processo.


Mas fechar a armadilha sobre o insecto é apenas o primeiro passo.

A dioneia precisa também de dissolver a presa. Mexer duas vezes nos pelos que servem de gatilhos não foi o suficiente para iniciar o mecanismo.

Foi preciso mais de três estímulos no gatilho para avisar as células que era hora de produzir enzimas digestivas para começar o processo.

Na natureza, os gatilhos são activados várias vezes enquanto a presa se debate na armadilha. Esse frenesim também dá à planta uma maneira de julgar a quantidade de enzimas digestivas necessárias.

Hedrich e os seus colegas descobriram que mais sinais eléctricos vindo dos gatilhos se traduziram proporcionalmente em mais enzimas despejadas no estômago verde.


David Chapham, de Harvard, que estuda a bioquímica de como as células dos animais geram sinais eléctricos de modo a transmitir informações para os seus sistemas nervosos, disse que ficou intrigado pelo que pareceu ser um sistema que funciona «na hora certa» de fornecer os sucos digestivos.

A dioneia gasta energia para produzir as enzimas apenas quando necessita delas e faz somente a quantidade necessária, um mecanismo eficiente para uma planta que vive em ambientes pobres.


O processo é lento se for comparado com o que acontece em animais, diz ele, mas «as plantas têm muito mais tempo para reagir».


Hedrich disse que os sinais eléctricos são produzidos a partir de mudanças bioquímicas e que esse processo evoluiu muito cedo na história da vida. «Uma simples célula pode ser excitada electricamente», afirma.


Perguntado sobre animais primitivos, como o verme C. elegans, estudado em vários laboratórios em todo o mundo por muitos e muitos cientistas, ele brincou: «Acho que a dioneia é muito mais inteligente do que o C. elegans».

Depois, rapidamente acrescentou com uma risada: «Não diga que fui eu que disse isso».

Fonte
 
Topo