• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Quem quer um estagiário de borla e à experiência durante dois dias?

Feraida

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Fev 10, 2012
Mensagens
4,161
Gostos Recebidos
2
12417637_529289883915161_5874022731158132950_n.jpg


Precários Inflexíveis vão apresentar queixa contra empresa que acusam de “tráfico de mão-de-obra” e “máfia laboral”. Work4U justifica-se com “erro do departamento de marketing”

“Receba sem compromisso um estagiário durante dois dias. Experimente grátis." O anúncio da empresa Work4U, colocado na sua página do Facebook na passada sexta-feira e divulgado pela plataforma Ganhem Vergonha, vai ser denunciado à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

Ainda nesta semana, os Precários Inflexíveis vão avançar com uma queixa contra aquilo que consideram ser “tráfico de mão-de-obra”.


A página do Facebook da Work4U onde o anúncio aparecia deixou de estar disponível pouco tempo depois de a plataforma Ganhem Vergonha ter denunciado o caso.

A desactivação, justificou uma pessoa da empresa que preferiu não ser identificada, deveu-se ao elevado número de denúncias da página.

“Foi desactivada automaticamente, mas será reactivada assim que possível”, garantiu.


A publicação do anúncio foi “um erro do departamento de marketing”, justificou a mesma trabalhadora da Work4U ao P3, numa conversa telefónica.

A empresa considera a denúncia do Ganhem Vergonha uma “calúnia” e adianta que caso se confirme a queixa à ACT irão “abrir um processo de difamação contra quem está a fazer esses ataques”.


Para os Precários Inflexíveis, o caso “configura uma ilegalidade até do ponto de vista do modelo de negócio”, comentou João Camargo.

“É tráfico de mão-de-obra, uma coisa absolutamente estarrecedora.”

A associação está já a ultimar a queixa a ser entregue na ACT e mostra-se particularmente preocupada com o alegado acesso desta “espécie de empresa de trabalho temporário” a que chama mesmo de “máfia laboral” a estágios ao abrigo do IEFP.


“Se apresentam garantias de estágios significa que têm acesso ao IEFP. Isto é um passo seguinte às empresas de trabalho temporário, nem sequer está contemplado na lei”, lamenta o membro dos Precários Inflexíveis.

Na página do Ganhem Vergonha, várias pessoas relatam experiências tidas com esta empresa.

Segundo revelam, os candidatos têm de pagar uma taxa de inscrição de 30 euros e uma outra, também de 30 euros, correspondente à activação do estágio, caso o mesmo se concretize.


Recusando “aprofundar” o tema ou facultar o contacto de um responsável da empresa que o pudesse fazer, a trabalhadora da Work4U admitiu que a empresa chegou a pedir um pagamento inicial de 30 euros aos candidatos, mas sublinhou que o procedimento deixou de ser esse “há já algum tempo”. “O pagamento inicial dos 30 euros existiu numa fase, porque muitas pessoas desistiam dos estágios e optámos por essa caução.”

Não foi o que aconteceu com João (nome fictício) ainda na semana passada. Depois de ter sido contactado telefonicamente por uma funcionária, deslocou-se à Work4U, no número 96 da Rua Bartolomeu Dias, em Lisboa. “Fui entrevistado nesse dia e fui perder o meu tempo. A pessoa que me entrevistou não soube ou não quis referir o cargo para o qual estava a ser entrevistado”, contou ao P3.

A ficha de inscrição e o regulamento enviados por e-mail aos candidatos — e aos quais o P3 teve acesso — mencionam os pagamentos a serem feitos à empresa e confirmam os vários relatos feitos no Facebook do Ganhem Vergonha: “Para ser considerado apto a estágio, o estagiário reserva-se no direito de liquidar a taxa de inscrição no valor de trinta (30) euros. 50% desta mesma taxa será́ devolvida se num período de noventa (90) dias (seguidos) a WORK4U — Gestão de Carreiras não conseguir proporcionar ao candidato cinco (5) oportunidades de estágio, ou seja, cinco (5) entrevistas com empresas acolhedoras”, refere o regulamento no ponto 4. Mais à frente, aparece ainda a indicação de que, “iniciado o estágio, o candidato deve proceder à liquidação da taxa de activação, no valor de trinta (30) euros”.

A empresa garante a devolução de 15 euros, caso não consiga proporcionar ao candidato as cinco entrevistas, e a totalidade da taxa de activação se o estágio for concluído com sucesso.

Tiago (nome fictício) sentiu-se desconfortável com a empresa desde o primeiro momento em que lá entrou, no fim do mês de Janeiro. Foi contactado depois de ter respondido a um anúncio para estágio remunerado na área do marketing e cruzou-se com mais dois candidatos nesse dia. A sala onde decorreu a entrevista era “um autêntico gabinete médico de medicina alternativa. Tinha uma maca, uma bancada com variados utensílios e as paredes estavam recheadas de ilustrações do corpo humano e outros temas relacionados”.

Depois de uma breve descrição da empresa por uma jovem trabalhadora e de uma apresentação feita pelo candidato, a entrevistadora comunicou a Tiago as condições do acesso à oferta, “um estágio profissional com a duração de 3 a 6 meses, com uma bolsa mensal de 200 euros e com a possível continuação na empresa após o estágio". Condição para ficar inscrito na Work4U: fazer um pagamento inicial de 30 euros.

Tiago foi surpreendido. “Respondi que não estava à espera de ser necessário fazer um pagamento mas estava interessado no tipo de oferta.” Perguntaram-lhe se podia fazer o pagamento na hora “para dar início ao processo de recrutamento o mais rápido possível”, mas o candidato atalhou dizendo que estava sem o cartão multibanco e poderia pagar posteriormente. Vinte minutos depois da entrevista, já a Work4U tinha enviado a Tiagoum e-mail com os dados para pagamento. Mas o contacto com a empresa ficou por aí.

Pelo relatado no anúncio entretanto retirado, os contratos são feitos entre a Work4U e as empresas interessadas em recrutar estagiários, sendo estas quem definem o "valor mensal de apoio" a pagar aos trabalhadores "para custo de transporte e alimentação".

As condições de pagamento à empresa estão bem definidas e explícitas no mesmo cartaz. Uma empresa que queira garantir um ano de estágio a pronto deve pagar 969 euros, o que equivale a um desconto de 15% (171 euros); quem pretender contratar seis meses a pronto paga 510 euros, um desconto de 10% (60 euros); por último, é possível fazer um pagamento mensal de 95 euros, por débito directo.

A Work4U, marca utilizada pela entidade LONTRA – Agência de Marketing e Publicidade para Formação, tem sede nas instalações da Ibérica Instituto de Formação, cujo nome fiscal é EFIB - Escola de Formação Ibérica, uma escola de formação profissional nas áreas de gestão, administração, hotelaria, moda e estética, e ainda terapêuticas não convencionais e massagem. No Google View percebe-se que no número 96 da Rua Bartolomeu Dias se encontra a Dragão Dourado, uma associação de medicina tradicional mencionada no site da Ibérica mas cujo site está indisponível. Ao P3 foi dito pela Work4U que as empresas são independentes, tendo a Work4U “subalugado duas salas do espaço”.

Fonte
 

Feraida

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Fev 10, 2012
Mensagens
4,161
Gostos Recebidos
2
Work4u cobrava 60 euros para colocar estagiários.

Agora vai ser investigada


ng5928802.JPG


Autoridade para as Condições de Trabalho fiscaliza empresa de gestão de carreiras que já desligou o telefone e fechou o site

A Autoridade para as Condições de Trabalho está a investigar a empresa Work4u - gestão de carreiras na sequência de denúncias feitas por estagiários que dão conta do pagamento de 60 euros por pessoa - 30 de caução e outros 30 da emissão de certificado - para terem acesso ao mercado de trabalho.

A queixa formal foi apresentada pela Associação Precários Inflexíveis, segundo foi confirmado ao DN por fonte da ACT.

A associação também entregou uma queixa no Ministério Público, admitindo que esta prática pode configurar um crime de "angariação ilegal de mão-de-obra".

Mas foi um recente anúncio que engrossou a contestação à empresa, pois os estagiários eram publicitados como um produto:

"Experimente grátis.

Receba sem compromisso um estagiário durante dois dias".

Até o humorista Ricardo Araújo Pereira satirizou esta autopromoção da empresa.

Foi movido pelo desespero de encontrar trabalho na área de design, que Mário julgou ter em mãos uma preciosa ajuda da Work4u, firma que funciona como intermediária entre estagiários e empresas, a quem também cobra o serviço de angariação.

Há um mês deslocou-se de Coimbra a Lisboa, até à rua Bartolomeu Dias, n.º 96, para ser entrevistado nas instalações da empresa que ocupa duas salas.

"Não me disseram nada sobre a empresa para onde poderia ir, nem que funções ia desempenhar", conta ao DN.

O salário também ficava aquém.

"Disseram-me que o estágio poderia chegar aos seis meses, mas que, apesar de ser a tempo inteiro, o ordenado não seria superior a 200 euros.

Afinal, era só o subsídio de alimentação e transporte.

E sem qualquer compromisso de poder continuar na empresa", relata.

Mário achou tudo ainda mais estranho quando recebeu a ficha de inscrição que mencionava o pagamento da taxa de inscrição de 30 euros.

O regulamento indicava que 15 euros seriam devolvidos, caso a empresa não conseguisse proporcionar cinco oportunidades de trabalho ou cinco entrevistas no prazo de três meses.

"Depois pediam mais 30 euros pela taxa de activação assim que iniciássemos o estágio", diz acrescentando que optou por não pagar nada e desistir.

Com maior ou menor interesse dos estagiários a Work4u manteve a actividade, até que na semana passada uma tentativa arrojada de marketing lançou a indignação nas redes sociais.

A plataforma "Ganhem vergonha" publicou na sua página da internet o anúncio que publicitava a possibilidade de as empresas experimentarem um estagiário à borla por dois dias e até apresentava a mais recente promoção.

Por um ano cada estagiário custaria às empresas 969 euros (representando um desconto de 15%), enquanto seis meses saiam a 510 euros (10%) e um mês a 95.

O salário seria decidido pela entidade patronal.

O anúncio da Work4u não escapou à ironia de Ricardo Araújo Pereira, que à sua crónica na revista Visão deu o título "O estágio não remunerado do pai Tomás", para garantir que "recrutar e comercializar estagiários é uma actividade difícil". J

ustifica que "gente desesperada para entrar no mercado de trabalho costuma ser má de aturar.

Choradeiras, perguntas parvas", insiste, dando um exemplo: "Dentro de quantos anos começarei a receber um salário?".

Mais a sério, João Camargo, da Associação Precários Inflexíveis, diz tratar-se de uma situação "completamente atípica e única no país, que não tem cabimento legal".

O dirigente admite que muitos estagiários "tenham caído nesta malha", mas espera que o mediatismo após as dezenas de denúncias "sirva para alertar as pessoas", diz.

O DN tentou contactar a Work4u, mas o telefone da empresa estava desligado, depois de também a página web ter sido encerrada, ficando apenas uma comunicado sobre o assunto, que é assinado pela direcção, mas sem nomes.

Ai pode ler-se que a empresa não está relacionada com estágios praticados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional e não recebe qualquer valor vindo do Estado, confirmando que recebe uma taxa paga pela pessoa que quer fazer parte da bolsa de candidatos a estágio e um valor da empresa que acolhe o estagiário, pelo serviço de consultadoria que presta na angariação.

Sobre o seu modo de funcionamento, a Work4u revela que vai agora submeter a actividade desenvolvida à apreciação das entidades competentes.

Fonte
 
Última edição:
Topo