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Coisas da cultura

Antonio A Alves

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Roma
três capitais numa mesma cidade

Roma dos Latinos

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Arco de Constantino


As marcas da antiga Roma, pagã, militar e imperial estão por toda a parte. As suas pedras evocam memórias que não se confundem com as recriadas pelos povos que depois a ocuparam.

Roma no século VIII a.C. não passava de uma pequena povoação no alto de uma das sete colinas, o Capitólio. Tornou-se numa cidade-estado à semelhança de tantas outras, tendo seguido um regime monárquico.

Por volta do ano 500 a.C é instaurado um regime republicano, que inicia um processo de expansão por toda a península Itália e depois pelo mundo antigo.
No século I a.C. , com Júlio César, a República dá origem ao um regime Imperial, assente numa forte organização militar, que permite custear a própria cidade.
No século II d.C. começa a sua decadência. Marco Aurélio manda construir a cintura de muralhas, dentro da qual faremos um passeio por Roma.

O Império lentamente vai-se desagregando. Roma começa a ser abandonada pela população, os seus edifícios são ocupados por povos invasores que lhes dão novas funções. Muito são desmantelados pra serem usados em novas edificações. A reciclagem dos seus materiais foi permanente ao longo de séculos.

 

Antonio A Alves

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Roma dos Cristãos

Estados Pontifícios

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Basílica de São João de Latrão



O cristianismo torna-se na religião oficial do Império Romano no século IV d.C. e aqui estabelece o seu centro. O bispo de Roma – o pontífice – torna-se o “chefe” universal dos cristãos e ocorre uma lenta conversão de espaços e referências culturais. As basílicas romanas, enquanto espaços multifuncionais, como foruns, por exemplo, são convertidas em basílicas cristãs. As colunas comemorativas de campanhas de guerra, torna-se em pilares coroados por santos cristãos.

O poder do bispo de Roma aos longos dos séculos, nesta zona de Itália, deixa de ser apenas espiritual e passa a ser também político. O papa passa a ter um exercito próprio, que em luta contra outros estados procura também dominar vastas regiões de Itália.

Roma torna-se num centro administrativo e político da religião cristã. Os vários países cristãos tem aqui a suas representações diplomáticas, mas também as várias ordens religiosas. A cidade que já era procurada pelas suas relíquias, é também um centro onde as várias potencias cristãs procuram legitimar ou consagrar junto dos papas o seu poder no mundo.

A sede e residência dos papas era até final do século XIV a Basílica e Palácio de São de Latrão. A atual igreja do Vaticano (de colina Vaticanum) era nesta altura uma pequena basílica. Quando esta começou a ruir, em 1452, o papa Nicolau V encarregou Bernardo Rosselino de construir uma nova, mas pouco se adiantou, mas as obras no local não pararam. Sisto IV mandou edificar no Palácio Apostólico, a célebre Capela Sistina (1473), por Giovanni dei Dolci. O projecto da Igreja foi retomado em 1503 com o papa Júlio II, rodeando de um notável grupo número de artistas e arquitectos, como Donato Bramante, Miguel Angelo ou Rafael de Urbino. A forma final só virá a ser dada por Carlo Maderno (1556-1629) e Giovanni Bernini (1598-1680). A grandiosidade do conjunto acabou por ditar a sua consagração como sede papal.

A luta contra os movimentos protestantes, entre os séculos XVI e XVIII, desencadeia uma verdadeira revolução nos países católicos e em Roma em particular: a Igreja Católica procura afirmar a sua solidez e confiança no futuro através de obras monumentais.

Enormes recursos financeiros provenientes das igrejas de todo o mundo são canalizados para Roma, onde são aplicados em obras cada vez mais sumptuárias. Grandes artistas trabalham na edificação de uma nova cidade, numa exaltação propagandística da fé.

As populações que viviam nos chamados estados papais (estados teocráticos), que abrangiam a Itália central, são igualmente vítimas de uma brutal repressão e exploração. No século XIX, por exemplo, quando Pio IX sucedeu a Gregório XVI, constata que as prisões estavam cheias de presos políticos. Milhares de pessoas tinham-se exilado. Todas as inovações do tempo, como o comboio, eram amaldiçoadas...

 

Antonio A Alves

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Roma dos Italianos

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Altar a Pátria



A Itália, no início do século XIX, continuava a ser um mosaico de pequenos estados, sem qualquer unidade. A situação agravou-se com o Congresso de Viena (1815), onde as grandes potências resolveram consagrar novas anexações. A Austria estendeu o seu domínio aos estados do Norte da atual Itália: Veneza, Milão, Lombardia, Modena. A Espanha controlou o Reino das duas Sicilias, no Sul. A Sardenha e o Piemonte foram declarados independentes sob o governo da Casa de Saboia. O papa recebeu a zona central, os chamados Estados Pontificios, contando com o apoio da França que se opõe a qualquer tentativa de unificação política da Itália.

À semelhança do que ocorre por toda a Europa, também em Itália surge um forte movimento nacionalista, com duas orientações politicas distintas, uma monárquica e outra republicana, unidas apenas por uma objectivo comum: a unificação da Itália. Os republicanos, em torno a "Jovem Itália" de Giuseppe Mazzini (1805-1872) e Giuseppe Garibaldi (1807-1882), tomam a dianteira nesta luta, mas percebem que ainda era cedo para uma República e acabam por fazer uma aliança estratégica com os monárquicos, liderados pela Casa de Saboia.

O Reino de Piemonte-Sardenha, liderado pela Casa de Saboia, primeiro com Carlos Alberto e depois com Vitor Emanuel II, conquista após conquista vai unificando a Itália sob o mesmo governo.

Vitor Emanuel II acaba por proclamado rei de Itália em 1861.No ano seguinte, a sua filha – Maria Pia -, torna-se rainha de Portugal ao casar-se com D. Luis.
O ponto alto deste processo de unificação ocorreu quando Roma foi conquistada em 1870, e se tornou na capital de Itália.

O Reino de Itália que emerge depois de 1870 pretendeu desde logo ombrear com as memórias de grandeza do Império Romano, mas também ofuscar a magnificência das grandes obras da igreja em Roma.

A arquitectura do regime monárquico foi buscar a sua inspiração à Roma antiga, mas trabalhada em modelos renascentista e barrocos. Na política ,a exaltação nacionalista acabou por abrir caminho a Mussolini (gov.1922-1945), que apoiado por Vitor Emanuel III, imaginou-se o Júlio César do século XX. A comédia terminou numa tragédia, como é sabido.
 

Antonio A Alves

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Mussolini fazendo a saudação fascista perante a estátua de Júlio César. 1935


O Reino de Itália viveu um longo conflito com a igreja católica, parcialmente resolvido em 1929 através de um Tratado entre Mussolini e o papa, que transformou a Itália num país de religião oficial católica, o que só terminou em 1979. O último rei de Itália – Umberto II, exilou-se em Portugal em 1946 tendo vivido em Cascais.

A República Italiana implantada no dia 25 de Abril de 1946, continua o seu enorme trabalho de unificação de uma Itália muito diversa de povos e culturas.
 
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