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Coisas da vida

Antonio A Alves

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Vivemos em uma sociedade na qual o valor de uma pessoa é medido por sua condição financeira. Uma pessoa é tida como bem-sucedida quando ganha bem. Ela só é respeitada por amigos e parentes quando está bem de vida - o que, estranhamente, significa estar bem de dinheiro! Será que existe um modo da pessoa se sentir feliz, com boa auto-estima e orgulhosa de si mesma sem ter muito dinheiro?

Resposta: É uma triste realidade essa de que somos avaliados por nossa situação económica. Mais triste ainda é percebermos que nós mesmos nos julgamos dessa forma! Ou seja, quando não estamos bem de grana nos sentimos inferiorizados e deprimidos. Se temos uma profissão liberal, nosso humor dependerá de quantas pessoas nos telefonarem procurando nossos serviços. Se temos um comércio ou restaurante, nossa disposição no fim do dia dependerá da facturação diária. É trágico, mas é assim mesmo que temos vivido. A influência dos valores sociais sobre nós é muito maior do que gostaríamos. Para diminuir um pouco essa dependência da opinião alheia e também da nossa condição financeira, temos que nos tornar bastante mais atentos e preocupados em construir uma história de vida própria, fundada em valores humanos mais consistentes. Sim, porque muitas das pessoas que conseguiram óptima condição material não agiram de forma ética, de modo que não deveriam se orgulhar, como é o habitual, do que possuem. Não estou subestimando o valor do dinheiro como meio de acesso a bens materiais que podem ser motivo de prazeres interessantes. Porém, temos que nos tornar pessoas mais livres, ou seja, deixarmos de ter nossa auto-estima vinculada à nossa conta bancária.

As pessoas comentam que a paixão, aquele estado inicial do encantamento amoroso no qual o coração bate forte e tudo parece fascinante e assustador ao mesmo tempo, corresponde ao período mais interessante do relacionamento amoroso. Depois, com o passar do tempo, tudo tende à rotina e a uma certa monotonia já que a intensidade do amor diminui. É mesmo assim que as coisas acontecem?

Resposta: Penso de um modo diferente sobre o amor e a paixão. Acho a paixão uma condição dolorosa e na qual passamos muito medo: medo de perder aquela pessoa que, apesar de mal conhecermos, se transformou em essencial para nosso bem estar e felicidade; medo também que a relação evolua, condição na qual os compromissos mais sérios podem não estar nos nossos planos para aquele momento da vida; enfim, medo de um grande sofrimento, já que toda constituição de um elo é o embrião de uma possível ruptura! O amor, condição que se segue, corresponde a uma situação na qual os medos diminuíram muito tanto porque já conhecemos melhor o amado e desenvolvemos alguma segurança no relacionamento como porque já aceitamos de nos comprometer. Assim, paixão é amor + medo. Com o fim da paixão, vai embora o medo e o amor se mantém igual. Com o fim da paixão, acaba o filme de suspense e começa o filme de amor, mais calmo, mais doce. Amor é paz e aconchego ao lado de uma outra pessoa. Não é monótono e nem chato, mas é só isso. Acho óptimo que seja assim. Acho que temos que aprender a buscar nossas emoções mais fortes em outras áreas ao invés de tumultuarmos nossas relações amorosas. Vivemos tensões fortes e grande incerteza na vida prática, no trabalho, nos desportos etc. No amor, devemos buscar nosso porto seguro, adorável se houver companheirismo e afinidades intelectuais, além, é claro, das deliciosas sensações que as trocas de carícias eróticas determinam.
 
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Antonio A Alves

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Sendo verdade que todos nós somos vaidosos, como explicar a existência de pessoas que, mesmo tendo ótima condição financeira, vestem-se de forma totalmente displicente, desleixadas mesmo? Não seriam elas criaturas que foram capazes de superar essa preocupação em chamar a atenção e atrair olhares de admiração sobre si?

Resposta: Gosto muito de pensar que a vaidade, esse prazer erótico que sentimos de atrair olhares de admiração e desejo, corresponde a um ingrediente da nossa sexualidade que, um dia, seremos capazes de domesticar. Acho que seríamos muito mais felizes, pois nossa competitividade - e com ela a inveja - diminuiria muito, se é que não desapareceria. Poderíamos ser criaturas solidárias, amigas e nos preocuparíamos muito menos com o que as outras pessoas pensam a nosso respeito. Se fôssemos verdadeiramente livres da vaidade, teríamos menos preocupação em chamar a atenção por qualquer característica, inclusive, por nossa competência intelectual. A vaidade não se manifesta apenas no aspecto físico. Ela está presente em todos os nossos atos, inclusive, naqueles que podem querer dar a impressão de que não temos nenhum tipo de vaidade. Talvez seja interessante formular a seguinte frase, citando o Eclesiastes, no Velho Testamento: Vaidade das vaidades; tudo é vaidade. Ela poderia ser completada da seguinte forma: e a renúncia total à vaidade corresponde à suprema vaidade! Ela implicaria num desejo de superação da nossa condição humana, num desejo de nos equipararmos aos santos ou às divindades. Assim, aquele que se mostra como displicente e se apresenta de qualquer jeito também está querendo chamar a atenção, está querendo parecer que é superior a nós dando a impressão de que não liga para aquilo que tanto nos preocupa.

Qual seria a melhor forma de definirmos uma pessoa como sendo uma chata? Quais são exatamente suas características? Porque uma pessoa age assim? Tem "cura"?

Resposta: O tema me parece fascinante e extremamente importante, pois trata-se de um tipo de conduta no qual a pessoa leva muito pouco em consideração os seus interlocutores. Penso que poderíamos definir o chato como aquele que fala dos temas que estão ocupando sua mente mesmo quando está diante de pessoas que não tem o menor interesse naquilo que está sendo tratado. Os ouvintes estão quase dormindo e o chato continua a discorrer sobre o mesmo assunto, como que não se apercebendo da reacção dos outros. Ele parte do princípio, totalmente equivocado, de que aquilo que é do seu interesse será igualmente relevante para todas as outras pessoas. É como se todos fôssemos iguais! Pessoas chatas não são obrigatoriamente egoístas e totalmente displicentes com os outros seres humanos. Parece que ficam de tal forma entusiasmados quando se põem a contar uma história que se esquecem de prestar atenção aos que o rodeiam. É evidente que a resolução desse tipo de conduta inadequada - e que, por vezes, prejudica dramaticamente a vida social e afectiva da pessoa - baseia-se na conscientização de que somos criaturas individuais, cada uma diferente de todas as outras, e que, portanto, o que nos interessa e nos encanta pode muito bem entediar outras pessoas. Temos que aprender a ficar atentos a todos os gestos e expressões faciais daqueles com quem dialogamos, justamente para que possamos actualizar nossa conversa e desviarmos os temas para aqueles sectores que sejam do agrado deles. Isso se quisermos ser pessoas agradáveis e simpáticas.
 

Antonio A Alves

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Como é que se pode ter certeza que uma moça, mesmo se sentindo apaixonadíssima por um homem mais velho e muito admirado por ela, não esteja movida, ainda que inconscientemente, por interesses? Como conseguir separar o amor do interesse?

Resposta: A verdade é que não se pode jamais separar totalmente o amor dos interesses que nos movem. Sempre que nos encantamos por alguém é porque percebemos no outro a presença de ingredientes que admiramos muito. Assim, queremos nos aproximar daquela criatura porque ela é portadora de elementos que queremos ter por perto de nós. O amor é fenômeno que passa por nossa razão, de modo que envolve obrigatoriamente propriedades com as quais costumamos pensar e valores que possuímos. Se admiramos muito a beleza física, tendemos a nos encantar e nos apaixonar por alguém que consideramos portador dessa virtude. Se admiramos a inteligência, o senso de humor, o espírito esportivo e a disposição física, tendemos a querer conviver com quem possua essas propriedades. Agora, o que se costuma pensar quando se usa a palavra "interesse" é que se trate de interesse econômico ou interesse em se aproximar de alguém importante ou poderoso com o objetivo de obter benefícios. É provável que essas características sejam as mais buscadas por moças jovens e que tendem a se encantar - por vezes verdadeiramente - por homens mais velhos; é fato também que eles costumam ser bem sucedidos. Não conheço muitas histórias de moças encantadas por senhores de poucas posses ou desprovidos de posição social. Por outro lado, quando um homem, de qualquer idade, se aproxima de moças belas e que despertam o desejo deles e também dos outros homens, estão movidos pelos mesmos interesses de se destacarem através de suas parceiras. É claro também que isso não implica obrigatoriamente que se trate do único fator de encantamento. Ou seja, que além desse jogo de interesses mais superficial e imediato existam também outros valores mais sólidos gerando admiração e amor. Estes últimos serão os que garantirão longa vida à relação.
 

Antonio A Alves

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Crescemos acreditando que o sexo e o amor andam juntos. E agora, como fica se o que observamos é bem diferente? Como explicar que a maioria dos machões que tanto desejam as mulheres são mesmo é chegados nos homens com quem bebem, confidenciam e se gabam de suas conquistas nas mesas dos bares? Como explicar que a maioria dos homossexuais sejam tão íntimos das mulheres e que sintam desejo pelos homens - em especial por aqueles que não são homossexuais explícitos - com os quais têm um relacionamento tenso e cheio de hostilidades recíprocas?
Resposta: Tudo nos leva a pensar que, em nossa cultura, a sexualidade está mesmo é associada à agressividade e não ao amor e à amizade. Temos que parar de nos iludir e observar os fatos: o jogo de conquista e sedução é extremamente violento, de modo que podemos concluir que tesão e ódio andam juntos.

Afinal de contas, porque as mulheres se interessam tanto em colocar próteses de silicone em seus seios se a maioria dos homens não gosta do efeito táctil que elas provocam?
Resposta: A prótese provoca um efeito visual interessante, especialmente quando a mulher está com uma roupa decotada. Pode despertar o desejo visual masculino, prometendo algo que será um tanto frustrante na intimidade. Parece que despertar o desejo visual à distância é percebido como mais importante do que agradar o parceiro. Além do mais, as mulheres assim turbinadas podem se sentir por cima de suas concorrentes.

Se um homem - ou uma mulher - se encanta por um dado parceiro em virtude do seu modo de ser, porque é que depois, ao longo do convívio, insiste tanto para que ele se modifique?
Resposta: Nos encantamos por alguém por causa da admiração que suas qualidades nos provocam e também por causa da presença de alguns defeitos que nos permitem alguma defesa contra uma intensidade amorosa que não seríamos capazes de suportar. As qualidades nos atraem enquanto que os defeitos nos afastam. Resulta um grau de intimidade que toleramos. O parceiro sabe que não poderá se modificar porque isso determinaria um desequilíbrio perigoso para a continuidade do relacionamento. O casal briga bastante e tudo fica exatamente como está!
 

Antonio A Alves

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Afinal de contas, o que uma mulher pretende quando usa, por exemplo, uma bolsa de grife, uma daquelas muito cobiçadas em virtude de estarem na última moda e serem caríssimas?
Resposta: Os motivos podem ser variados, mas a única coisa indiscutível é que uma bolsa não provoca os olhares masculinos da forma que uma calça velha e justa pode fazer. Não conheço muitos homens que se sentem atraídos por mulheres em virtude de suas bolsas. Elas são, mais que tudo, símbolos de poder, de modo que suas donas são imediatamente percebidas como pertencentes à classe dominante - e, é claro, tratadas como tais. Não há dúvidas que a maioria das bolsas são muito belas, mas são usadas mesmo é para definir status social e também para provocar a inveja das outras mulheres.

O que leva uma pessoa a quem ajudamos muito, que morou em nossa casa por um bom tempo e a quem demos todo o tipo de apoio moral e material, a desenvolver tamanha raiva contra a gente? Ela não deveria ser reconhecida e grata?
Resposta: Outro dia, lendo a resenha de um livro, o autor citou Cícero (orador e político romano do século I antes de Cristo), que dizia que a gratidão é a maior de todas as virtudes. À primeira vista, pode parecer um exagero, já que aprendemos a pensar que todos aqueles a quem ajudamos não farão mais que a obrigação de nos serem gratos. Mas a verdade, a regra geral, é que aquele que recebe favores materiais ou ajuda emocional costuma desenvolver enorme hostilidade contra nós. A ingratidão é filha da inveja. É assim: aquele que recebe se sente por baixo, humilhado. Como precisa receber, não tem outra escolha e aceita o que estamos oferecendo. Quanto mais receber, mais humilhado e ressentido ficará. Acabará arranjando algum pretexto e se afastará, nos agredindo e nos acusando de algo que não fizemos. É preciso pensar duas vezes antes de decidirmos ajudar alguém!
 

Antonio A Alves

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Costumamos ouvir que as pessoas mais estouradas e que reagem com violência quando são contrariadas são as de gênio forte, as de natureza mais firme e determinada. É fato que elas são as mais fortes?

Resposta: É curioso que pensemos dessa maneira, já que a verdade é exatamente o contrário: as pessoas que estouram por qualquer contrariedade são como as crianças pequenas que ainda não aprenderam a tolerar as contrariedades e frustrações que a vida forçosamente nos irá impor. Parecem aquelas crianças muito mimadas e superprotegidas que reagem com violência a tudo que as incomoda. Na realidade, elas são mesmo é fracas, pois não lidam bem com as dores. O forte é aquele que suporta os sofrimentos, especialmente aqueles que não podem ser evitados - não se trata, é claro, de ir atrás de sofrimento só para se sentir poderoso. A consequência mais grave desse engano é que não agimos de modo firme com as crianças mais intolerantes, de modo que não as ajudamos a crescer e a se tornarem adultos mais fortes. Assim, continuamos a gerar dois tipos de pessoas: os mais estourados - e que são os fracos - e os mais tolerantes e calmos - os que são mais fortes.

Porque é que a obesidade está aumentando tanto a ponto de se tornar o problema de saúde número 1 em certos países? Não dispomos de melhores informações a respeito do modo certo de comer? Isso não deveria ajudar as pessoas a manter o peso desejado? Afinal de contas, as dietas para emagrecer funcionam ou não?

Resposta: Tudo leva a crer que elas não funcionam, já que quase todas as pessoas que fazem dietas continuam gordas - isso quando não ficam cada vez mais pesadas. A preocupação exagerada, presente em nossa sociedade, relativa às formas do corpo tem levado um número crescente de pessoas a se preocupar muito com o que comem. O resultado disso é que cresceu demais o número de pessoas com distúrbios alimentares, especialmente bulimia - comer muito e depois provocar o vômito - e anorexia - criar um pavor de engordar a ponto de não conseguir comer nem o mínimo necessário. E mais, o número de obesos só tem crescido. É como se todos estivéssemos proibidos de nos alimentar de forma espontânea e natural. Aí existem dois problemas graves: tudo o que é proibido é mais desejado (não é assim também com o sexo?); além disso, nosso organismo detesta quando nos intrometemos em seu funcionamento natural: se pensarmos que temos que adormecer logo porque amanhã temos que acordar muito cedo, aí é que não dormimos; no que diz respeito à função sexual então... não adianta querermos mandar em nada. Se o mesmo raciocínio vale para o modo como nos alimentamos, só podemos concluir que as dietas para emagrecer engordam!
 

Antonio A Alves

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Como é que se explicam certos casamentos nos quais é mais que evidente a enorme diferença de valor entre os cônjuges? Como é que mulheres inteligentes, independentes e atraentes se casam como homens ignorantes, feios e pouco competentes para a vida prática? Como homens bem postos social e culturalmente se casam com mulheres que não têm nada a ver com eles?

Resposta: A questão é interessante e muito importante. A primeira observação a ser feita é de que é muito mais comum o casamento de homens cheios de virtudes com mulheres bastante mais simples do que eles, do que aqueles entre mulheres muito mais bem dotadas do que seus maridos. Em muitos casos, um dos fatores relevantes da escolha é de natureza sexual: mulheres atraentes podem ofuscar a lucidez e o bom senso de certos homens! Ainda assim, essa não costuma ser a única razão, já que a maioria dos casais convive intimamente antes do casamento, de modo a atenuar o peso do fator erótico na decisão. A impressão que tenho é que escolhemos nossos pares de acordo com a idéia que fazemos de nós, de acordo com nossa auto-estima. Assim, escolhas muito discrepantes indicam baixa auto-estima. Seria mais ou menos assim: diga-me com quem estás casado que te direi o juízo que fazes de ti! Esses casamentos tendem a ser tumultuados e não são gratificantes também para aqueles que, à primeira vista, foram beneficiados pela diferença. Eles vivem na corda bamba, com a sensação de que estão no posto por engano e que podem ser demitidos a qualquer momento; costumam ficar mais inseguros do que eram e se tornam muito ciumentos e controladores.

Sinto-me inseguro em inúmeras situações. Nunca tenho certeza absoluta de que estou agindo de modo adequado. Sinto-me ameaçado em muitos momentos do cotidiano, com medo de perder o emprego, de ser rejeitado pelos amigos, de não ser bem aceito em um ambiente novo, e assim por diante. Observo as pessoas e tenho a impressão de que a maior parte delas é tão mais segura e autoconfiante do que eu. O que posso fazer para me sentir como elas?

Resposta: A idéia que fazemos a respeito das outras pessoas, ao observá-las de fora, é que elas são muito mais firmes e determinadas do que nós. Elas nos parecem muito mais seguras, parecem não se abalar com os perigos da vida. Muitas pessoas se empenham em parecer dessa forma, de modo que nos sobra a sensação de que só nós temos insegurança. As pessoas acabam classificando aqueles que conhecem em seguros e inseguros, sendo que elas próprias são as rainhas da insegurança. A grande verdade é que, nesse particular, a vida intima das pessoas é bem mais parecida do que elas manifestam externamente. Assim sendo, só existem mesmo dois tipos humanos: os inseguros e os mentirosos! Como nos sentirmos seguros se vivemos sem nenhum tipo de garantia acerca de nosso futuro, sem sequer sabemos exatamente ao certo de onde viemos e para onde vamos? Nos dividimos, de fato, em duas categorias: aqueles que aceitam mais docilmente a insegurança da nossa condição - e não se empenham em esconder nada daquilo que estão sentindo - e os que, não aceitando as limitações que nos são próprias, gostam de passar por super-heróis e tratam de fingir e demonstrar um estado que não é o que sentem.

Muitos casais que, quando jovens, viviam às turras, tendem a se dar melhor à medida que começam a envelhecer - depois dos 60, 65 anos de idade. O que isso significa? Será que, com o passar dos anos, conseguiram a evolução emocional necessária para tolerarem melhor as diferenças de modo de ser e de pensar? A idade traz consigo, forçosamente, um certo grau de crescimento interior?
Resposta: Bem que eu gostaria de acreditar que o passar dos anos corresponde a um santo remédio, capaz de trazer a sonhada serenidade e tolerância a frustrações, contrariedades e diferenças de opinião (As diferenças de opinião são grande fonte de irritação para as pessoas mais imaturas, especialmente quando acontecem entre marido e mulher). Talvez uma das razões para a melhora do relacionamento conjugal entre aqueles que vão envelhecendo se deva ao aumento da dependência recíproca; ou seja, cada um vai se sentindo mais ameaçado por doenças e dores de todo o tipo, de modo a poder necessitar da ajuda prática do cônjuge; nessas condições, não convém brigar por motivos fúteis! Penso que a principal razão para a melhora do relacionamento tem a ver com a diminuição da inveja, especialmente da inveja masculina: os homens admiram e valorizam muito as mulheres pela sua aparência física, isso em decorrência do desejo que elas lhes provocam. Porque as desejam mais do que se sentem desejados, se sentem por baixo, inferiorizados, irritados e invejosos. O machismo, ou seja, a tendência dos homens de depreciar e viver criticando as mulheres, deriva dessa inveja masculina, quase sempre inconsciente. À medida que os anos passam e as mulheres perdem o viço da mocidade, se tornam menos atraentes sexualmente e ao mesmo tempo menos invejadas. Como a inveja é a razão maior para a hostilidade gratuita, essa tende a diminuir e a qualidade do relacionamento tende a melhorar. As mulheres, por seu lado, talvez por se sentirem menos poderosas, também tendem a se tornar mais dóceis e dedicadas.
 
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