SAD do Boavista à beira da falência

O plano de recuperação por via extrajudicial da SAD do Boavista foi chumbado pelo Tribunal da Relação do Porto, que alega ter sido concluído fora do prazo legal.

Fica assim em causa a recuperação da sociedade anónima desportiva e está a porta aberta a novas ações judiciais de cobrança de dívidas e, no limite, à liquidação da empresa numa insolvência, pretendida por credores minoritários. Porém, a SAD do Boavista não se conforma com o revés judicial e já recorreu para o Supremo.

IN:JN

O clube axadrezado reagiu esta manhã em comunicado a uma notícia que falava de «falência» depois do chumbo do Tribunal ao plano de recuperação de dívidas, no valor de 40 milhões de euros.

As panteras explicaram que o acórdão do Tribunal da Relação «ainda não transitou em julgado», por causa do recurso interposto pelo clube.

Além disso, e depois de contrariarem a ideia passada de que haveria risco de falência, a SAD boavisteira enalteceu o «grande esforço de contenção económico-financeira», com um dos orçamentos mais baixos da Liga NOS.

Leia o comunicado na íntegra:
«Perante mais uma sensacionalista notícia, neste caso de hoje e do Jornal de Notícias, com um título absolutamente especulativo e chamada à primeira página, referente a um assunto que já tinha sido noticiado há cerca de três semanas e como tal requentado, já na altura devidamente esclarecido, e cujo timing bem entendemos, tal como todos os boavisteiros, e sem prejuízo de ulteriores tomadas de posição, vem a Administração da Boavista Futebol Clube, Futebol, SAD esclarecer o seguinte:

1. O acórdão do Tribunal da Relação a que a notícia se refere, que contrariou uma primeira sentença da 1ª Instância favorável a esta SAD (como tal matéria controvertida), ainda não transitou em julgado, pois foi já objecto de Recurso, que acreditamos terá vencimento.

2. Em qualquer caso, tal decisão diz apenas respeito a uma pequena minoria dos credores privados (cerca de 13% dos créditos), aqueles que votaram desfavoravelmente o procedimento Sireve.

3. Para todos os demais, cerca de 87% dos créditos, cujos credores subscreveram e outorgaram o acordo extrajudicial Sireve, este está em pleno vigor, designadamente para as Entidades Públicas, Autoridade Tributária e Segurança Social, com as quais esta SAD tem cumprido plenamente os acordos vigentes. E continuará em vigor qualquer que seja a decisão final do Recurso que interpusemos.

4. Aliás, bem recentemente a Boavista SAD entregou nas instâncias desportivas competentes as respectivas certidões oficiais referentes a tal cumprimento.

5. Como tal, fácil é de concluir que o surpreendente e injustificado título da referida notícia não faz qualquer sentido, e em nosso entender não faz jus ao bom jornalismo que se esperaria do maior jornal diário da nossa cidade, o que, tal como os boavisteiros, seguramente registaremos.

6. É sabido que, após todas as graves injustiças cometidas contra esta instituição, e os vários anos passados em divisões inferiores, a Boavista SAD tem sido obrigada a um grande esforço de contenção económico-financeira, que jamais escondemos e pelo contrário sempre reconhecemos como necessário, para que possamos crescer passo a passo e de forma segura. E dessa necessidade temos sucessivamente dado conhecimento a todos os boavisteiros, que têm sabido entender de forma realista que o regresso ao patamar por que todos ansiamos terá que levar o tempo necessário e ser feito com muita disciplina orçamental.

7. Por isso mesmo, e para poder continuar a dar cumprimento dos acordos com as Entidades Públicas, tem esta SAD um orçamento para o futebol muito reduzido, talvez o mais baixo da 1ª Liga.

8. Para que alguns o possam entender e ter devida noção, e apenas a título de exemplo recente, metade do salário anual de um jogador internacional do nosso adversário do jogo anterior dá para pagar todo o nosso orçamento anual para o plantel e equipa técnica. E nem por isso a nossa equipa deixou de se bater em tal jogo com grande brio e profissionalismo, fazendo uma partida equilibrada e conseguida, como por toda a crítica reconhecido.

9. E também, apesar de todos os constrangimentos, desde que regressamos à 1ª Liga, para a qual não obstante muitos ressabiamentos viemos para ficar, temos conseguido sempre alcançar os objectivos a que nos propusemos, de forma perseverante e determinada, como é e sempre foi apanágio do Boavista.

10. E, mais uma vez, esta Época estamos a cumprir desportivamente o nosso objectivo e quiçá a suplantá-lo, o que nos orgulha e seguramente a todos os boavisteiros, cujo entusiástico e constante apoio nos jogos em casa ou fora, qualquer que seja a classificação, tem sido também determinante e fundamental.

11. Mas por tudo o que tem acontecido, e pelos injustos ataques sofridos, a que aliás já estamos habituados e para que já estamos vacinados, são exactamente os nossos adeptos quem mais terá que permanecer sempre e cada vez mais vigilante e com grande união em volta da sua equipa de coração, e que terão que entender e ser compreensivos, como até agora, relativamente à necessidade de contenção nas despesas e maximização de receitas, sem o que não conseguiríamos cumprir os nossos compromissos, como com esforço temos feito até agora.

12. Fica assim clarificada sumariamente esta questão, a que nos referiremos se necessário no futuro, repetindo que já estamos habituados a que, em determinados momentos 'cirúrgicos', surjam este tipo de notícias, que apenas servem para mais reforçar e fortalecer o apoio de todos os boavisteiros a esta Instituição, que sempre, de forma discreta e com muito trabalho, tem sabido encontrar soluções e ultrapassar os obstáculos que lhe tentam colocar no percurso, como mais uma vez fará, e o futuro há-de provar.

Porto, 1 de Março de 2017
A Administração da Boavista Futebol Clube»

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