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Milgram, 50 anos depois os mesmos resultados

p.rodrigues

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Mais de meio século depois, a controversa experiência do psicólogo norte-americano Stanley Milgram continua a ter os mesmos resultados. A maioria dos participantes tende a fazer sofrer outras pessoas para não desobedecer às autoridades.

Quem alguma vez estudou ciências sociais, muito provavelmente já ouviu falar da famosa experiência de Milgram, um dos mais controversos testes da história da Psicologia.

Desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Stanley Milgram, a experiência concluiu que a maioria das pessoas tende a obedecer às autoridades, mesmo que isso signifique ir contra o seu próprio bom senso.

O teste, realizado em 1961, na Universidade de Yale, consistia em pedir aos participantes que dessem choques cada vez mais fortes noutros participantes caso estes não acertassem na resposta de determinadas perguntas.

Havia 30 botões diferentes que os participantes podiam usar, cada um com uma voltagem diferente. Os choques começavam nos 15 volts e chegavam até aos 450 volts. Todos os participantes foram informados de que poderiam realmente magoar o receptor dos choques.

Os dois participantes estavam em salas diferentes, por isso, as pessoas que estavam autorizadas a dar choques ouviam os gritos de dor mas não viam as pessoas a sofrer. Os “azarados” que levavam os choques eram, na verdade, actores pagos para fingir o melhor possível que estavam em sofrimento.

Os investigadores diziam aos participantes que isto era crucial para a experiência. Vários abandonaram a sala e disseram que não eram capazes de o fazer mas cerca de 65% seguiu as regras e continuou a infligir sofrimento nos outros voluntários.

Um estudo de 2014 sobre esta série de testes mostrou que os participantes que obedeceram mostravam-se orgulhosos por estar a dar o seu contributo à ciência e não tinham a consciência pesada.

O principal objectivo de Milgram foi tentar perceber como é que, no auge do regime nazi, pessoas aparentemente saudáveis e bem integradas na sociedade puderam cometer crimes tão bárbaros como assassinato, tortura e outros abusos contra tantos civis.

Atualidade

Agora, mais de 50 anos depois, uma equipa de investigadores polacos decidiu repetir a experiência para verificar se os resultados seriam diferentes. Infelizmente, a conclusão que obtiveram não é a mais animadora.

“Quando ouvem falar sobre a experiência de Milgram, a maioria das pessoas diz ‘eu nunca me comportaria dessa forma'”, diz Tomasz Grzyb, da Universidade de Ciências Sociais e Humanidades, na Polónia, e um dos psicólogos envolvidos no estudo.

“Porém, o nosso estudo demonstrou, mais uma vez, o tremendo poder da situação em que sujeitos são confrontados com coisas desagradáveis e mesmo assim concordam com elas”.

De 1961 até aos dias de hoje, muitos investigadores argumentaram que a metodologia de Milgram foi desleixada e que os dados foram manipulados. No entanto, vários testes semelhantes foram repetidos por todo o mundo, apresentando resultados consistentes. Até agora, o estudo nunca tinha sido feito na Europa Central.

“O objectivo era examinar o nível de obediência que íamos encontrar entre os polacos”, afirmou a equipa no estudo publicado na Social Psychological and Personality Science.

Na versão mais actual do estudo, a equipa recrutou 80 pessoas, 40 homens e 40 mulheres, com idades entre os 18 e os 69 anos. A principal diferença entre os dois testes foi que havia apenas os dez primeiros botões, para tentar tornar o estudo mais ético.

90% dos voluntários obedeceram às ordens e carregaram até no décimo botão – praticamente a mesma percentagem dos participantes da experiência de Milgram que foram até aos dez primeiros botões.

“Meio século depois da pesquisa original, a maioria dos participantes ainda está disposta a electrocutar indivíduos indefesos”, concluiu Grzyb.

Antes de ficar demasiado deprimido com o estado actual da Humanidade, recorde que este foi um teste com uma amostra muito pequena. Aliás, a equipa polaca quer mesmo repetir a experiência e tentar perceber se há diferenças de resultados entre homens e mulheres.

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