"Se a VW não conseguir produzir aqui, há de produzir noutro lado"

Em entrevista ao Jornal de Negócios, o histórico líder da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa classifica o atual conflito laboral de "populismo".

Durante 20 anos, esteve à frente da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, com um trabalho por muitos considerado como exemplar. Afeto ao Bloco de Esquerda, António Chora reformou-se há sete meses e esta terça-feira assiste à primeira greve na fábrica de automóveis da Volkswagen, do lado de fora. Mas com olhar crítico. Em entrevista ao Jornal de Negócios classifica o conflito de "populismo" e espanta-se que os trabalhadores estejam "demasiado confiantes nas palavras de pessoas que nunca viram na vida deles".

Também acho esta greve um pouco estranha. Veremos o resultado final. Agora o trabalho abunda, mas quando virar o contrario pode ser complicado...

Tenho assistido nas redes sociais a este assunto da greve dos operários da Autoeuropa. Não compreendo como estes trabalhadores que não ganham assim tão mal (excepto os contratados), tem certas regalias, e ainda preferem não aceitar as condições da empresa, nem que seja por dois anos. Implicaram com o sábado, mas para mamar a 100% não implicam. A empresa oferece uma folga à escolha durante a semana para compensar o sábado. Mas estes meninos alegam que isso prejudica a sua situação familiar. Mas esquecem que existem inúmeras pessoas a trabalharem muito mais horas do que eles (pois eles só trabalham 8 horas), e a ganharem pouco, e muitos a trabalharem aos fins-de-semana.

Mas já sei o fim dessa novela. Quando essa empresa multinacional entender que estão a prejudicar a sua produção, irão sem dúvida transferir para um país onde a mão-de-obra é mais barata e pagam menos impostos. Porque a função deste tipo de empresa é o lucro, e os operários não passam de números apenas para evolução do seu plano económico. Quanto aos operários esquecem que não passam de meros elementos de uma engrenagem mundial, e se quiser negociar com a empresa, terão de fazer de forma a não prejudicar os negócios e os seus postos de trabalho. Deixam-se levar pelo sindicato de mentalidade retrógrada, que não acompanha a evolução dos tempos. O resultado vai ser o aumento do desemprego e a contribuição para a destruição de uma economia nacional cada vez mais frágil. O pior é que todos nós iremos sofrer com os erros destes iluminados e pagaremos mais impostos, com uma taxa de idosos elevada e uma taxa de jovens baixa, e isso aumenta a carga de sustentação da parte da Segurança Social.

A produção da Autoeuropa representa 10% das exportações portuguesas: https://pt.wikipedia.org/wiki/Volkswagen_Autoeuropa

Com estes dados era suposto pensarem antes de irem para a greve. A Autoeuropa está situada na margem sul, uma região conhecida pelo alto índice de desemprego, e esta empresa melhorou a vida a muitos dos habitantes locais. É pena a memória dessas pessoas serem curta, esquecendo o passado não muito distante, em que inúmeras empresas da zona abriram falência, e o desemprego atingiu níveis mais elevados em todo o país. Tem a barriga cheia, mas quando faltarem comida no prato, irão voltar a dar valor ao que perderam.

Soube hoje, que a carga semanal é de 38h, tem cerca de 175€ extra pelos horários, é uma percentagem no subsídio de turno! Não consigo entender está revolta e está paragem....

Recebem mais de 200€ extra por mês, e fazem 38h semanais, e revoltam-se com o sábado?

Inaceitável. Espero mesmo que no futuro não chorem para fazerem sábados e domingos

concordo com o anteriormente escrito. como é possível que num país, que por muito que digam que saímos da crise, considero estar ainda em crise e a caminho de nova crise com a tremenda subida da divida publica se nada for feito, se possa fazer greves numa multinacional desta dimensão em Portugal que dá salários e regalias acima do praticado pela generalidade do privado. eles que vão trabalhar na hotelaria e restauração por exemplo e perguntem lá quantas horas extra recebem. eles que não se esqueçam que facilmente se deslocaliza uma empresa destas com muita facilidade para um qualquer país asiático ou outro onde salários são uma miséria e os direitos e regalias dos trabalhadores nem constam do dicionário. muitas o fizeram nos últimos anos na área das cablagens automóveis, calçado e têxteis, entre outras.

tanto esticam que a corda vai rebentar um dia....

max-men disse:

Soube hoje, que a carga semanal é de 38h, tem cerca de 175€ extra pelos horários, é uma percentagem no subsídio de turno! Não consigo entender está revolta e está paragem....

Recebem mais de 200€ extra por mês, e fazem 38h semanais, e revoltam-se com o sábado?

Inaceitável. Espero mesmo que no futuro não chorem para fazerem sábados e domingos

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max-men, não consegues entender esta revolta, mas eu entendo: estão habituados a ter a barriga cheia, armados em ricos e importantes, com medo de as mulheres os abandonar se não tiverem um fim de semana livre com os filhos. E depois desta atitude, e se perderem o emprego, vão ter tempo para estar com os filhos, mas as mulheres viram-lhes as costas e procuram outros que as sustentem (algumas mulheres é claro). As separações dá-se por esse motivo, por falta de dinheiro em casa. Claro que no início vão aguentando com um bom subsídio de desemprego, mas isso acaba. Depois só resta duas soluções: emigrar ou sujeitar-se a todo tipo de trabalho que surgir: aposto que depois fazem sábados, domingos e feriados.

Uma coisa que esqueci de acrescentar: ao ver no vídeo ou TV, os descontentes e efectivos, nota-se que tem uma idade madura, o que significa que se sair do trabalho deles, dificilmente arranjarão trabalho e provavelmente irão viver do rendimento mínimo. Alguns um pouco mais novos, acredito que irão emigrar.

A Proposta da Autoeuropa

http://www.tvi24.iol.pt/videos/econ...a-traduzida-em-euros/59a70dbd0cf2c8a6efbdaa3d

Palavras do antigo secretário da UGT

O antigo secretário-geral da UGT concorda com as declarações de António Chora, que fala num assalto ao castelo na Autoeuropa por parte do PCP e da UGT:

"Claro que é, não tenho nenhuma dúvida. O que está por detrás disto é uma tentativa da CGTP e através dela o PCP ganhar espaço negocial com o Governo. Convém não esquecer que Chora era do BE e agora o PCP tomou as rédeas da empresa. É uma jogada política clássica, já assisti a ela muitas vezes, mas nessa altura houve sempre um perdedor, os trabalhadores dessas empresas que acabaram por ir para o desemprego".

O histórico dirigente sindical diz que este dia de greve marca o fim de uma era na Autoeuropa:

"É o dia zero na Autoeuropa porque a partir de hoje nada mais será como dantes. A paz laboral foi uma conquista de décadas e esteve no crescimento da empresa e a partir de hoje sofreu um enorme revés. A greve não pode ser utilizada com a mesma irresponsabilidade com que a Coreia do Norte lança mísseis para o Japão".

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