Cristóvão vigiava pecados de Rui Patrício
Conheça os novos desenvolvimentos do caso ‘Pereira Cristóvão’, o vice-presidente do Sporting que suspendeu funções.
Por:Eduardo Dâmaso/Tânia Laranjo/Henrique Machado
Paulo Cristóvão vigiava os jogadores do Sporting. Usava as claques para recolher informação e tinha um ‘exército' de seguranças privados. Rui Patrício, o cobiçado guarda-redes verde-e-branco, foi um dos alvos. Os seus ‘pecados' matrimoniais, a relação com a apresentadora Liliana Aguiar quando ainda mantinha o casamento com Joana Pereira, eram do conhecimento do ex-‘vice' do Sporting. Os informadores de Cristóvão acompanharam em tempo real os episódios da vida sentimental de Patrício, mas também as saídas nocturnas dos jogadores. Alguns dos casos conhecidos ocorreram com os profissionais Carrillo e Rubio, mas também com um dos jogadores do futsal nas vésperas de um jogo importante. Nestas situações, os jogadores detectaram estar a ser seguidos, chegando um deles a entrar numa esquadra da PSP, na zona da Expo, para pedir a identificação dos perseguidores. Em todos os casos, os jogadores foram ‘tranquilizados' com o facto de se tratar de pessoas ligadas ao clube. Nunca foi explicada exactamente a necessidade de se conhecerem os contornos das suas vidas privadas.
A segurança e a informação eram os domínios de acção deste vice-presidente dos leões, com o pelouro das instalações e do património. Na investigação foram apuradas ligações de Cristóvão a um grupo de polícias no activo, que o ajudavam na recolha de informação. Nas declarações que prestou à PJ, aliás, deixou claro que o seu negócio era a informação e que trabalhava com muita gente, incluindo com a empresa de Rui Martins, que fez o depósito de dois mil euros na conta do árbitro José Cardinal.
Cristóvão nega ter estado envolvido no pagamento da quantia ao homem do apito. Garante que desconhecia que Rui Martins tinha ido à Madeira e lembra que foi ele próprio que disponibilizou os documentos à PJ.
Aliás, a forma como a denúncia chegou aos investigadores não deixa de ser curiosa. O depósito foi feito a 21 de Dezembro na Madeira, cerca das 15h00. Rui Martins regressou ao continente já durante a noite e, às 09h00 do dia seguinte, Godinho Lopes já tinha a carta supostamente de uma mulher a denunciar José Cardinal. No envelope estavam também cópias do depósito feito na conta do árbitro auxiliar, documentos esses de que Godinho Lopes deu imediatamente conta a Fernando Gomes. Só restou aos dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol a solução conhecida. Cardinal foi afastado e novo árbitro foi escolhido para o encontro.
DE SEGURANÇA A INSPECTOR DA PJ
Paulo Pereira Cristóvão, de 43 anos, entrou na PJ aos 22 como segurança. Cinco anos depois, concorreu ao quadro de investigação criminal e entrou para a Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB).
Colaborou em investigações como o combate às ‘Máfias de Leste', ao ‘Gang do Multibanco', e no chamado ‘caso Joana', em 2003, na sequência do homicídio da menina de oito anos na Figueira, Portimão. No âmbito deste processo, acabou acusado, julgado e absolvido por tortura da mãe da criança, Leonor Cipriano. Foi alvo de processos disciplinares por desvio de 800 euros na DCCB e por tentativa de violação de uma queixosa. No primeiro caso, foi condenado, em 2004; o segundo acabou arquivado por desistência de queixa. Transitou em 2005 para o combate ao crime económico da PJ. Depois de um tempo de licença sem vencimento, deixou a PJ em 2007. Montou a empresa de segurança Primus-Lex, candidatou-se à presidência do Sporting, em eleições que perdeu para José Eduardo Bettencourt, e, já em 2011, concorreu nas listas de Godinho Lopes à vice-presidência do clube.
GODINHO LOPES EXIGIU QUE A FEDERAÇÃO ACTUASSE
Após ter recebido a carta a dar conta da corrupção ao árbitro José Cardinal, Godinho Lopes, presidente do Sporting, exigiu ao presidente da federação que tomasse uma posição. Fernando Gomes garantiu que afastaria o árb