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80 casas assaltadas por dia com novos métodos
Se um estranho lhe tocar à campainha para fazer uma vistoria às paredes da casa e resolver infiltrações, antes de tudo desconfie.
É que, com este pretexto, dezenas de casas têm sido assaltadas nos últimos meses em vários concelhos de Lisboa.
Este é um esquema recente e está a fazer disparar as estatísticas: todos os dias são assaltadas 80 casas em todo o país.
Segundo dados do Sistema de Segurança Interna, a que o SOL teve acesso, o número de furtos a residências subiu 14,6% só nos primeiros cinco meses deste ano (11.942 queixas) face ao mesmo período de 2010.
Em causa está um dos crimes mais participados e que tem vindo a aumentar todos os anos.
A manter-se esta tendência, o agravamento pode atingir os 30% no final do ano.
Um dos estratagemas que mais está a preocupar as autoridades tem sido protagonizado por assaltantes que se fazem passar por empreiteiros ou técnicos que prometem resolver infiltrações.
Na semana passada, foi a vez de Miguel – que vive num prédio de três andares nas Avenidas Novas, em Lisboa – cair na ratoeira.
«Um tipo vestido de ganga, magro, com 1,80 e cerca de 40 anos, bateu-me à porta e disse que estava ali a mando do senhorio por causa das infiltrações que existiam no prédio».
Talvez por estar com pressa para chegar ao trabalho (eram 9h30), o jornalista, de 35 anos, deixou-o entrar.
Mas não tardou a desconfiar: «Às tantas, pediu-me uma vassoura.
Apesar de ter estranhado, fui à cozinha, que fica na outra ponta da casa.
Assim que volto para trás, já ele vinha na minha direcção a dizer que tinha de ir ao carro buscar tintas. Nada daquilo fazia sentido...».
Poucos segundos depois, quando desceu as escadas do prédio, desfez o enigma: o homem tinha desaparecido e, com ele, um portátil que estava na sala e que custou cerca de mil euros.
Quando apresentou queixa na esquadra, percebeu que era apenas mais uma vítima deste esquema.
Uma semana antes, também à mesma hora, um homem, vestido da mesma maneira, tocou à campainha de Rui, um consultor de marketing de 27 anos, que vive num prédio de quatro andares na Duque de Loulé:
«Teve sorte, porque de facto eu estava à espera de receber um senhor por causa das infiltrações e, ao mesmo tempo, estava com pressa para chegar ao trabalho».
À pergunta «Vem da parte do senhor Juvenal, não é?», o larápio respondeu sem pensar duas vezes: «Sim, sim».
E entrou. A táctica é sempre a mesma: pediu uma vassoura, ficou sozinho uns segundos entre o corredor e um quarto e retirou-se logo depois, avisando que ia buscar uma «lata isolante ao carro».
Mais do que desconfiado, Rui fez dois telefonemas e rapidamente percebeu que recebeu a visita errada.
«Liguei para o meu vizinho de cima, que me deu o contacto do empreiteiro do prédio a quem foi encomendado o serviço. E percebi tudo». Era tarde. O estranho tinha desaparecido e, com ele, um ipod de 249 euros.
SOL