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A aldeia já contava com uma morte assim

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A aldeia já contava com uma morte assim

Em Sebolido, Penafiel, homem de 70 anos matou à machadada enteado violento. Vítima era toxicodependente e dava "vida de inferno" a toda a família


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foto Lisa Soares/JN
A aldeia já contava com uma morte assim
A mãe está inconsolável com a morte do filho


A freguesia de Sebolido, em Penafiel, acordou ontem com um homicídio "há muito esperado". Um homem, de 70 anos, respeitado por toda a aldeia, matou à machadada o enteado, de 25 anos, toxicodependente.

A toxicodependência do enteado, Sérgio Marques, e a "vida de inferno" que aquele daria a toda a família terão estado na origem do crime. Contrariamente à mãe da vítima, que garante nunca mais perdoar o marido, a aldeia inteira defende o agressor, Manuel Joaquim Pinto, porque "ele aguentou muito", garantem todos.

"Aquele rapaz, que era meu sobrinho, era um veneno. Deu cabo da vida da família toda. Batia no padrasto, um homem de 70 anos que o criou desde os dois anos. E batia na mãe. Obrigou o padrasto a vender tudo quanto tinha para sustentar o vício da droga. E ameaçava-o de morte. Enfim, o homem matou-o porque não aguentava mais", disse um cunhado, de nome José Maria, lamentado o facto de a irmã ficar contra o marido. "A minha irmã não se importava de tirar dinheiro à filha que trabalhava para pagar o vício ao filho. Um dia ele bateu na irmã e a mãe ainda ficou do lado dele, batendo na rapariguinha", conta.

A versão é sustentada na aldeia. "A gente já sabia que isto iria acontecer, mais dia, menos dia. Ele batia no padrasto. O homem chegava a ficar aos sete dias de cama, cheio de pisaduras das tareias que levava. E depois, coitado, não saía, com a vergonha. Sabe o que lhe digo? Ele matou-o numa hora de desespero, mas daquelas em que a pessoa chega ao limite e não aguenta mais", corroborou uma vizinha.

"Eu nem sei como é que o homem aguentou tanto tempo", afirmou outra. "Ele foi vendendo tudo quanto tinha, todos os terrenos foram à vida por causa do moço. E se não lhe dessem dinheiro ele batia-lhes e ameaçava-os de morte. Ainda há pouco tempo, deu com uma garrafa na mãe que lhe pôs o braço cheio de pontos, e porque o marido se meteu à frente e a defendeu, senão podia ter-lhe acertado em outro sítio mais perigoso", pormenorizou outro vizinho, em tom revoltado.

Ontem, pelas 9 horas horas, garante o cunhado José Maria, Manuel Joaquim Pinto apareceu-lhe e "disse que precisava de telefonar à polícia para entregar-se, pois tinha acabado com a vida do Sérgio". Conta o cunhado que a discussão já vinha do dia anterior.

"Ele já lhe tinha dado 18 contos ontem, ele desapareceu e depois voltou a pedir mais. Deu-lhe mais quatro e ele foi noite fora. Hoje, bem cedo, ele apareceu outra vez e queria mais. Pegou numa faca e ameaçou o padrasto, mas acabou por cair. E não sei, o meu cunhado, nesse intervalo, lá foi buscar o machado e, com o desespero acumulado de anos, matou-o", defendeu José Maria.

No local estiveram presentes a GNR de S. Vicente, a Polícia Judiciária, os bombeiros de Penafiel. O corpo saiu de casa pelas 13 horas e Manuel Joaquim Pinto foi levado pela PJ meia hora depois. "Este homem viveu anos de pesadelo e agora ainda vai preso", comentou um vizinho.


LEONOR PAIVA WATSON
JN
 
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