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A Origem dos Mamíferos

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Os mamíferos constituem um dos grupos vivos mais prósperos. O seu sistema nervoso altamente desenvolvido e muitas adaptações engenhosas permitem a sua existência em todos os ambientes onde existe vida. As suas origens são aqui abordadas.


Como terão surgido os mamíferos? Que adaptações garantiram a este grupo tamanho sucesso evolutivo?

A diferenciação dos primeiros répteis com características de mamífero começou no período Carbónico, há 300 milhões de anos, quando o nosso planeta era quente e húmido. Com algumas vantagens em relação à forma clássica de réptil, nomeadamente o aumento da agilidade, os répteis da subclasse Synapsida dominaram o período Pérmico (280-245 milhões de anos) e evoluíram dando origem aos mamíferos no período que se seguiu – o Triásico (245-210 milhões de anos).

Nos 80 milhões de anos seguintes, a dominância dos répteis (especialmente das ordens Saurischia e Ornithischia) obrigou a que os répteis mamalianos se mantivessem apenas discretamente presentes. Foi a partir deste grupo de sobreviventes que, no princípio da Era Mesozóica (há 225-195 milhões de anos), surgiram os primeiros mamíferos. Devido à presença dos dinossáurios eram, provavelmente, animais nocturnos e parcialmente arbóreos, medindo cerca de 5 cm.

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Em termos morfológicos, a maior mudança verificada em relação aos seus parentes répteis ocorreu com a reformulação dos ossos da mandíbula. Esta alteração possibilitou a fixação de músculos mais poderosos, que permitiram a mastigação prolongada e a evolução de dentes especializados com funções diferentes (heterodontia), ao contrário dos dentes dos répteis, que continuaram a ser simples e semelhantes entre si (homodontia). O aparecimento destes dentes com diferentes funções permitiu a evolução para um processamento mais eficiente do alimento e abriu a porta para dietas especializadas, que dão acesso a nichos mais diversificados, como é o caso da hiena que consegue extrair alimento do esmagamento dos ossos das presas. Apesar desta alteração ser considerada a mais importante na evolução dos mamíferos, outras foram gradualmente acontecendo:

- As cinturas peitoral e pélvica foram-se alinhando, para facilitar uma locomoção mais eficiente;

- A posição dos ossos das patas sofreu um realinhamento, de forma a posicioná-los debaixo do corpo. As “toscas” patas dos répteis, dispostas lateralmente em relação ao corpo foram substituídas por membros que proporcionam velocidade e destreza;

- O centro de coordenação muscular do cérebro – o cerebelo – sofreu um grande desenvolvimento, impulsionado pelas novas exigências destes animais, pois a estabilidade dos répteis foi sacrificada em detrimento da capacidade de elevação do corpo acima do solo;

- O desenvolvimento de um palato secundário, permitindo separar as vias respiratórias do sistema digestivo, possibilitou aos mamíferos respirar de boca cheia, o que facilita o eficiente fornecimento do “combustível” necessário à elevada taxa metabólica, que mantém a endotermia;

- As mudanças no sistema circulatório, como sejam a evolução para um coração com quatro cavidades, permitiu satisfazer as elevadas necessidades energéticas.

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Estas modificações foram acontecendo durante um longo período de tempo, possibilitando a co-existência de características dos dois grupos, como no caso de um grupo de predadores do fim do Triásico, de aspecto similar a um cão, conhecidos como cinodontes, que mantinham a ligação entre a mandíbula e o crânio através dos dois mecanismos diferentes (um típico dos mamíferos e outro de tipo reptiliano).

Como é que os mamíferos primitivos se sobrepuseram aos répteis dominantes?
Possivelmente no final do Pérmico os pré-mamíferos adquiriram as características fundamentais de todos os mamíferos: pêlo e glândulas mamárias.

No final da Era Mesozóica, a temperatura da Terra estava a descer, condicionando a capacidade de sobrevivência dos dinossáurios de “sangue frio”. A constância térmica possibilitada pela endotermia, existente nos primeiros mamíferos, demonstrou ter um elevado valor na sua sobrevivência permitindo-lhes subsistir durante essas épocas.



Após a sua sorte inicial, as suas características (endotermia e lactação) mostraram-se cruciais na competição com os répteis “rivais”. A endotermia permitiu aos primeiros mamíferos alimentarem-se à noite, quando o ocaso do Sol impunha a letargia ao metabolismo dos répteis do mesmo tamanho. Esta característica permitiu, não só explorar nichos nocturnos, mas também tornar os mamíferos “independentes” do clima, podendo desenvolver-se continuadamente e reproduzir-se prolificamente.

Se a endotermia já tinha evoluído nos répteis com aspecto de mamíferos, por que razão os mamíferos só proliferaram 100 milhões de anos depois?

Parece que a “invenção” do leite (que depende da endotermia e que surgiu posteriormente) pode ter tido um papel crucial no estabelecimento da supremacia dos mamíferos. A lactação e todos os cuidados parentais relacionados protegem as crias dos mamíferos das adversidades ambientais, permitindo que estas dependam dos progenitores até estarem preparadas para competir no mundo dos adultos. Contrariamente, os pequenos dinossáurios precisavam de ocupar uma sucessão de nichos desde que eclodiam até chegarem às fases adultas. Cada um destes nichos tinha que estar disponível na altura certa, condição improvável nos climas imprevisíveis do Mesozóico.

Os primeiros registos fósseis de mamíferos datam do Triásico, época em que provavelmente ocorreu a separação entre os prototérios (mamíferos ovíparos ou monotrématos) e os térios (marsupiais e placentários). Nos períodos seguintes – Jurássico e Cretácico (há 210-65 milhões de anos) – este registo torna-se fragmentado, principalmente porque os mamíferos teriam o tamanho de um musaranho ou rato-do-campo, cujos ossos frágeis apenas fossilizavam em condições ideais muito restritas. Durante o Eocénico e Oligocénico (há 55 a 30 milhões de anos) os mamíferos alcançaram o apogeu, no que diz respeito ao número de espécies existentes.

A maior parte dos mamíferos vivos pertence à subclasse Theria e descende de um ancestral comum do período Jurássico (há 150 milhões de anos). Os mamíferos ovíparos – subclasse Prototheria – são tão diferentes e possuem tantas características reptilianas que se consideram descendentes de outros répteis mamalianos, totalmente diferentes. Actualmente os mamíferos são ainda um grupo dominante nos ambientes terrestres, mas o número de espécies tem vindo a diminuir, em parte devido à acção do Homem.



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