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A política entra nas igrejas, mas a campanha eleitoral fica à porta

kokas

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Set 27, 2006
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Sem iniciativas de campanha à porta de igrejas, as leituras deste fim de semana tinham uma linguagem política dura sobre a exploração dos trabalhadores e a capacidade de acolhimento pelos cristãos




Longe da prática que se vê na Madeira, com os candidatos que acorrem de microfone à saída das missas, à porta das igrejas no centro de Lisboa não há campanha eleitoral e visíveis só os cartazes que andam pelas ruas. No interior menos ainda, mas a política entra pela porta das leituras deste domingo. A democracia amadureceu, como também os cidadãos - e, entre estes, padres e leigos. São raros os que debitam votos do púlpito. A César o que é de César, no apelo direto ao voto, mas Deus não se afasta das coisas do mundo, avisou o Papa Francisco, ainda agora no Congresso dos EUA. "Envolver-se na política é um dever cristão", disse. Assim seja.São Tiago, de quem se leu neste fim de semana a sua epístola (Tg 5,1-6), é claro como a água. "É uma linguagem violenta mas também colorida em que São Tiago diz verdades fortes", antecipou o padre António Janela, na missa das 18.30 de sábado, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a meia dúzia de passos do Marquês de Pombal, em Lisboa.O autor denuncia os ricos que acumularam tesouros. "Privastes do salário os trabalhadores que ceifaram as vossas terras. O seu salário clama; e os brados dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do Universo. Levastes na terra uma vida regalada e libertina, cevastes os vossos corações para o dia da matança. Condenastes e matastes o justo e ele não vos resiste."É uma leitura inequívoca para estes tempos de crise, em que os salários e as pensões foram cortadas e o fosso entre rendimentos mais altos e os mais baixos aumentou em Portugal, em que o desemprego disparou e os apoios sociais diminuíram. Tiago escreve que acumular bens à custa da miséria e da exploração dos trabalhadores é um crime abominável a que Deus não pode fechar os olhos e deixar impune.Na missa das 11.00 de ontem, na Igreja de Santa Isabel, encravada em Campo de Ourique, o padre Alexandre Palma sublinhou a necessidade de não se ficar a meio caminho, com opções claras. "Como cristãos, importa acumular tesouros do Céu em vez de acumular tesouros na terra." Despojamento que não se fecha no interior da Igreja Católica, longe da conceção ultrapassada de que só Roma detém a verdade.



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