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Achados arqueológicos destruídos na Lourinhã
Um poço, que os arqueólogos do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) acreditam ser do século XVI, foi descoberto e imediatamente entulhado durante os trabalhos de fundação de uma obra particular na Lourinhã.
«Seria um poço da Idade Moderna, portanto dos século XV ou XVI», confirmou a arqueóloga Sandra Lourenço, do IGESPAR, cujos serviços jurídicos estão a analisar o caso e a ponderar mover uma acção judicial contra o dono da obra, para «apuramento de responsabilidades».
Os colaboradores do Museu da Lourinhã, Isabel e Horácio Mateus, foram os primeiros a aperceber-se da importância arqueológica do poço. «Tinha uma estrutura bastante grande e uma cobertura em ogiva, com tijolo de burro e várias bocas de fornecimento de água, e achámos que tinha interesse», explicaram.
Perante o avanço da obra e a «falta de sensibilidade» do empreiteiro para a existência de potenciais achados arqueológicos, o Museu da Lourinhã denunciou o caso ao IGESPAR, cujos técnicos estiveram no local, mas já só encontraram a cobertura do poço destruída e este entulhado de betão.
O arqueólogo Mário Varela Gomes, da Universidade Nova de Lisboa e colaborador do museu, considera também estar-se perante «uma estrutura do século XVI ou XVII devido à tipologia da própria construção», muito comum na Estremadura, dada a influência islâmica. Uma escavação no local seria «interessante para escavar outros objectos que aí caem», como cântaros em cerâmica, moedas ou até esqueletos», que viriam enriquecer o espólio do Museu da Lourinhã, apontou o também vice-presidente da Associação de Arqueólogos Portugueses.
O proprietário e empreiteiro da obra, Armando Matias, recusou-se a prestar declarações e apenas esclareceu que a construção está devidamente licenciada. A obra não foi embargada pela câmara municipal.
Segundo os investigadores, o poço e outros que já não existem, mas que se sabe da sua existência, teriam sido construídos quando o assoreamento do mar, no século XVI, permitiu à população da Lourinhã instalar-se na zona baixa da vila e construir sistemas de retenção de água para tirar partido de um importante lençol freático, que ainda hoje aí existe, e regar os campos agrícolas.
A Lei do Património Cultural Português prevê que todos os bens de interesse cultural devem ser salvaguardados e sujeitos a protecção especial por todos os cidadãos, sendo a sua destruição punível pelo Código Penal com pena de prisão até três anos ou multa equivalente a 360 dias.
Diário Digital / Lusa
Um poço, que os arqueólogos do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) acreditam ser do século XVI, foi descoberto e imediatamente entulhado durante os trabalhos de fundação de uma obra particular na Lourinhã.
«Seria um poço da Idade Moderna, portanto dos século XV ou XVI», confirmou a arqueóloga Sandra Lourenço, do IGESPAR, cujos serviços jurídicos estão a analisar o caso e a ponderar mover uma acção judicial contra o dono da obra, para «apuramento de responsabilidades».
Os colaboradores do Museu da Lourinhã, Isabel e Horácio Mateus, foram os primeiros a aperceber-se da importância arqueológica do poço. «Tinha uma estrutura bastante grande e uma cobertura em ogiva, com tijolo de burro e várias bocas de fornecimento de água, e achámos que tinha interesse», explicaram.
Perante o avanço da obra e a «falta de sensibilidade» do empreiteiro para a existência de potenciais achados arqueológicos, o Museu da Lourinhã denunciou o caso ao IGESPAR, cujos técnicos estiveram no local, mas já só encontraram a cobertura do poço destruída e este entulhado de betão.
O arqueólogo Mário Varela Gomes, da Universidade Nova de Lisboa e colaborador do museu, considera também estar-se perante «uma estrutura do século XVI ou XVII devido à tipologia da própria construção», muito comum na Estremadura, dada a influência islâmica. Uma escavação no local seria «interessante para escavar outros objectos que aí caem», como cântaros em cerâmica, moedas ou até esqueletos», que viriam enriquecer o espólio do Museu da Lourinhã, apontou o também vice-presidente da Associação de Arqueólogos Portugueses.
O proprietário e empreiteiro da obra, Armando Matias, recusou-se a prestar declarações e apenas esclareceu que a construção está devidamente licenciada. A obra não foi embargada pela câmara municipal.
Segundo os investigadores, o poço e outros que já não existem, mas que se sabe da sua existência, teriam sido construídos quando o assoreamento do mar, no século XVI, permitiu à população da Lourinhã instalar-se na zona baixa da vila e construir sistemas de retenção de água para tirar partido de um importante lençol freático, que ainda hoje aí existe, e regar os campos agrícolas.
A Lei do Património Cultural Português prevê que todos os bens de interesse cultural devem ser salvaguardados e sujeitos a protecção especial por todos os cidadãos, sendo a sua destruição punível pelo Código Penal com pena de prisão até três anos ou multa equivalente a 360 dias.
Diário Digital / Lusa