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Notícias Afundada em dívidas, Unimed Ferj coleciona denúncias de usuários do plano

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Afundada em dívidas, Unimed Ferj coleciona denúncias de usuários do plano

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Empresa atua como federação e é responsável pelas cooperativas de médicos no Estado

A Unimed há muitos anos convive com problemas financeiros que afetam o funcionamento da cooperativa médica em diversos setores. Cobrada por instituições e denunciada por clientes, ela está afundada em uma crise que parece sem fim. Há relatos de serviços não aceitos, concentração de atendimentos em unidades longe da residência dos clientes, cancelamento de serviços, dificuldades para receber reembolso ou marcar consultas e exames.

Para entender melhor como é a vida de quem sofre com este problema na pele, O DIA conversou com a professora Patrícia dos Santos Rodrigues, de 40 anos, mãe de Antonella Rodrigues, de 4 anos. Ela mora em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e possui um plano de Saúde da Unimed Nova Iguaçu, que compõe o grupo de 'Unimeds' do Estado, na qual a Unimed Ferj exerce o papel de federação. Em abril de 2024, a filha foi diagnosticada com Rabdomiossarcoma por uma equipe multidisciplinar composta por oncologistas e cirurgiões pediátricos após uma série de exames e internações.

"O tumor inicial estava localizado no músculo que envolve a maxila direita. Após 18 meses de tratamentos e cirurgias sem sucesso, descobrimos que o organismo da Antonella desenvolve resistência aos quimioterápicos e que a doença progrediu. Atualmente, ela está com vários focos de lesões na parte óssea do corpo esquelético", detalhou. "Comunicamos ao plano sobre todas as necessidades médicas da Antonella, apresentando relatórios e solicitações emitidas pelos próprios médicos que a acompanham", disse.

Após a demora para realizar os procedimentos, ela disse que ingressou "com ação judicial com pedido de liminar, pois não há tempo a perder quando se trata de uma criança com uma doença grave e em progressão".

"Minha insatisfação é enorme. Nenhum pai ou mãe deveria precisar lutar na Justiça para garantir o direito à vida do próprio filho", lamentou.

Por conta do problema, Patrícia arrecada valores com uma rifa solidária por meio do Instagram @antonellarodriguessalesduarte para realizar procedimentos no setor privado. Ela contou que tem recebido ajuda tanto de amigos e familiares quanto de desconhecidos.

"Esse carinho tem sido o que nos sustenta emocionalmente em meio a tanta dor", contou.

Já Rosângela Ferreira, de 65 anos, questiona o número reduzido de hospitais credenciados na região de Icaraí, em Niterói, cidade onde mora:

"O maior problema que encontro aqui em Niterói é a falta de hospitais credenciados, pois no meu plano, em caso de emergência, preciso ir para o hospital da Unimed na Região Oceânica da cidade. Os laboratórios de ponta também não são credenciados".

Ela, que atua como consultora comercial, disse estar aflita com a situação. "Me preocupa ter que me deslocar para a Região Oceânica, pois segundo relatos, o hospital está superlotado, já que eles estão concentrando todos os atendimentos lá".

Rosângela é beneficiária da Unimed Leste Fluminense, na qual a Unimed Ferj também exerce o papel de federação.

Questionada sobre este tipo de denúncia e muitas outras, a Unimed Ferj respondeu que "a operadora segue readequando sua rede credenciada e ampliando a capacidade da rede própria para aprimorar o atendimento".

A Unimed Ferj também disse que "desde abril de 2024, quando assumiu cerca de 500 mil beneficiários, vem promovendo ajustes e implantou um novo sistema de reembolso para agilizar processos".

Cobrança da ANS por dívidas

No dia 10 de outubro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) cobrou da Unimed-Rio e da Unimed Ferj um plano para o equacionamento de suas dívidas.

Desde abril de 2024, a Unimed-Rio deixou de ser uma operadora de planos de saúde e passou a ser uma prestadora de serviços médicos para a Unimed Ferj, enquanto a Unimed Ferj absorveu a carteira de clientes, passando a lidar diretamente com os beneficiários do plano.

Em resposta ao O DIA, a Unimed Ferj respondeu que "enviou, dentro do prazo, todas as informações solicitadas aos órgãos competentes". A federação também informou que "atua na renegociação de contratos e na gestão de débitos herdados da gestão anterior".

A Unimed-Rio, também citada pela ANS, foi procurada, mas não respondeu se apresentou um plano de pagamento de dívidas para a agência reguladora.

Especialista pede responsabilização

Alessandro Acayaba de Toledo, diretor-presidente da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab) fez duras críticas à administração da Unimed e também a órgãos públicos fiscalizadores:

"O que se vê hoje é a consequência direta de uma gestão temerária e da omissão dos órgãos de controle. A ANS, o Ministério Público Federal e o Estadual do Rio de Janeiro e a Defensoria Pública — todos signatários do termo de compromisso que pretendia sanear a Unimed-Rio — acompanharam passivamente o agravamento do quadro financeiro e assistencial".

Ele também criticou a transferência de usuários da Unimed-Rio para a Unimed Ferj em abril do ano passado. "A tentativa de transferir os usuários para a Unimed Ferj, uma cooperativa sem estrutura consolidada para absorver tamanho passivo, foi mais uma manobra administrativa que apenas terceirizou o problema", avalia.

Toledo ressalta que "é hora de responsabilizar quem permitiu que isso acontecesse. Os dirigentes da Unimed-Rio, os gestores que toleraram a degradação progressiva da operadora e os agentes públicos que se omitiram diante de alertas claros e contínuos".

Situação também é ruim para médicos ligados à empresa

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou que ouviu demandas de médicos vinculados à Unimed Ferj e Unimed-Rio no dia 8 de outubro.

Os profissionais alegam atrasos nos pagamentos e falta de clareza da empresa sobre estas questões. Após esta reunião, agentes do Cremerj se encontraram com lideranças da Unimed Ferj e Unimed-Rio no dia 13 de outubro.

Durante o encontro, que aconteceu na sede do Conselho, na Zona Sul do Rio, foi solicitado a ambas o envio de documentação que comprove os devidos pagamentos.

O Cremerj informou que só voltaria a se manifestar sobre o assunto após o envio dos comprovantes.

O Dia
 
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