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Ambientalistas mostram que é possível viver sem frigorifico
Nos últimos dois anos, Rachel Muston, 32, que trabalha com tecnologia da informação para o governo canadense em Ottawa, tem se esforçado para reduzir suas emissões de carbono - separa seu lixo orgânico, seca suas roupas no varal e instalou um aquecedor eficiente em sua casa de três andares no centro.
Há cerca de um ano, porém, ela decidiu ir a fundo em sua cruzada para ser ambientalmente responsável. Após várias semanas de ponderações, ela e seu marido, Scott Young, fizeram o que muitos considerariam impensável: desligaram o seu frigorifico. Para sempre.
"Já faz um bom tempo e estamos muito felizes", disse recentemente Muston. "Estamos surpresos por estar sendo tão fácil."
Por mais drástica que a atitude pareça, um pequeno segmento do movimento verde passou a considerar a geladeira como um gasto inaceitável de energia e decidiu viver sem ela. Apesar de sua onipresença, esses ativistas afirmam que o frigorifico é desnecessário, desde que se tomem alguns cuidados nas compras e no armazenamento.
Muston estimou que sua geladeira, que veio com a casa quando a compraram há cinco anos e provavelmente já estava lá há muito mais tempo, consumia 1,3 kWh por ano, ou produzia em torno de 900 kg de dióxido de carbono - o equivalente à queima de 400 litros de gasolina. E mesmo um modelo mais novo e eficiente, que poderia reduzir o consumo pela metade, consumiria energia demais na sua opinião.
"Para mim, parece um desperdício usar até mesmo um frigorifico de baixo consumo, porque vivo muito bem sem uma."
Muston agora usa um pequeno congelador no porão e um resfriador no andar superior; o resfriador é mantido frio por garrafas de dois litros com água congelada, que vão ao congelador quando derretem. (A geladeira, enquanto isso, permanece vazia na cozinha.)
Ela reconhece que viver dessa forma não é sempre conveniente. Só para começar, já alterou os hábitos alimentares do casal.
"Quando tínhamos a geladeira, consumíamos muita comida pronta do mercado", ela disse. Mas o resfriador tem espaço limitado e o congelador é para carne e vegetais. Sem o espaço extra, Muston agora cozinha mais - o que exige mais tempo e planejamento, pois os itens do congelador precisam descongelar.
Quando questionada se o casal havia desistido de alguma comida predileta, Muston suspirou. "Cerveja gelada", disse. "Scott não pode mais chegar em casa e pegar uma cerveja no frigorifico. Ele precisa colocá-la no resfriador e esperar uma hora."
No geral, porém, o casal parece ter feito uma transição suave para a vida sem geladeira, algo que outros tentaram e não conseguiram. Beth Barnes, 29, desligou a geladeira de seu apartamento em maio para ser "um pouco radical", disse. Após ler comentários na Internet de pessoas sem geladeira, ela aprendeu que poderia colocar condimentos na despensa e que a manteiga poderia ficar não refrigerada por uma semana ou mais.
Sua maior preocupação era como armazenar os laticínios, a maior parte de sua dieta.
Barnes decidiu usar um resfriador, que ela abastecia diariamente durante o verão com o gelo que trazia de uma máquina de gelo de seu escritório. Isso funcionou bem até ela começar a viajar a trabalho nesse outono americano, o que prejudicou o sistema.
No final, ela cedeu e comprou um frigobar. "Poderia largar a geladeira completamente se tivesse um leiteiro", disse. "Talvez tente novamente se resolver a questão do leite."
Muitos ambientalistas - até aqueles que não vêem problema em usar papel higiênico reciclado ou deixar o termostato em níveis quase glaciais - acham a vida sem geladeira uma decisão radical ou uma meta excessiva e impraticável.
"A geladeira é um avanço social inteligente", disse Gretchen Willis, 37, uma mãe ambientalmente consciente com quatro filhos no Texas, que leu recentemente sobre a prática em um popular blog ecológico, thecrunchychicken.com, e ficou impressionada.
"Nunca pensaria nisso", disse Willis, explicando que embora esteja comprometida com a reciclagem e as lâmpadas fluorescentes, não adota práticas ambientais que resultarão em grandes gastos ou inconveniências. Segundo ela, viver sem uma geladeira se encaixa nas duas situações: ela teria que comprar mais comida em menores quantidades para não estragar, preparar quantidades exatas, pois não poderia refrigerar as sobras, e fazer viagens diárias ao mercado.
"É bobagem não ter uma, considerando que a alternativa é beber um galão de leite em um dia para não desperdiçar."
Deanna Duke, que vive em Seattle e cuida do site que Willis visitou, disse que a decisão contra ou a favor do desligamento se tornou "uma questão de honra" para ambos os lados. "Ficam ou no 'vejam até onde estou disposto a ir' ou no 'vejam até onde não estou disposto a ir'", ela disse.
De sua parte, Duke pode deixar de molhar seu gramado em prol da conservação, mas ela está firme no lado pró-geladeiras. "Não posso pensar em qualquer circunstância além de uma situação extrema involuntária que me fizesse desligar a geladeira", disse. "O fator da conveniência pesa muito."
Os defensores do desligamento da geladeira vêem as coisas de forma diferente. Eles trocam dicas em websites sobre armazenamento de comida ("no inverno, deixo para fora perecíveis como maionese ...") e citam como prova de pessoas que vivem bem sem refrigeração elétrica os residentes de países em desenvolvimento e eco-celebridades como Colin Beaven, o auto-proclamado Homem Sem Impacto, que desistiu de sua geladeira durante o ano que tentou não causar qualquer impacto no meio ambiente.
A idéia chegou a gerar certo interesse na Europa Ocidental. No último outono do continente, cientistas da Universidade Oxford na Inglaterra reviveram a "geladeira de Einstein", que funciona sem eletricidade com gás pressurizado e cuja invenção é em parte creditada a Albert Einstein.
E uma empresa italiana de cozinhas, Veneta Cucine, anunciou recentemente uma cozinha conceito chamada iGreen, que não tem geladeira, e sim tabuleiros sob o balcão para guardar produtos frescos.
Pessoas que se saem melhor sem uma geladeira geralmente usufruem de certas vantagens de seu estilo de vida - elas vivem sozinhas ou não precisam cozinhar grandes refeições para uma família, ou vivem em uma fazenda ou próximas a um mercado. No caso de Duncan Campbell, que vive satisfeito sem uma geladeira há três anos, era a comida que já estava acostumado a comer.
Antes de fazer a troca, Campbell, 53, já se limitava a uma dieta focada em produtos não-perecíveis, como feijão e grãos, e fazia compotas com os vegetais que cultiva no jardim dos fundos de sua casa em Columbus, Ohio. Usando um pequeno baú refrigerador para frutas e sobras de sopa, ele disse que não tinha problemas na preparação de uma refeição.
Algo ao qual não foi capaz de se ajustar foi a reação de seus amigos. "Mesmo conhecidos que são energeticamente conscientes se surpreendem quando descobrem que não uso geladeira", disse.
Pascale Maslin, fundador da Energy Efficiency Experts, companhia de Washington que faz auditorias de energia em casas e outros edifícios, disse que as pessoas podem dar atenção indevida ao consumo de energia da geladeira porque costumam escutar - incorretamente, como se revela - que é o aparelho que mais consome energia depois do aquecimento e do ar-condicionado.
"Se examinasse minha vida e me perguntasse o que reduziria minhas emissões de carbono, a resposta seria parar de comer carne", disse Maslin. "Isso é muito mais impactante que desligar sua geladeira."
Quanto à estratégia de usar geladeiras como as dos quartos de hotel, Marty O¿Gorman, vice-presidente da Frigidaire, disse que trocar um modelo tradicional por o menor dos frigobares resultaria em uma economia anual de apenas US$ 6.
É esse tipo de cálculo prático que levou muitos defensores da vida sustentável a considerarem o desligamento da geladeira uma atitude dúbia. Eles apontaram que isso provavelmente vai resultar em mais viagens ao mercado (mais gasolina para aqueles que dirigem) e na compra de alimentos em menores porções (portanto, mais embalagens).
"É fácil olhar para sua conta e achar que está economizando energia", disse Duke. "Mas você precisa olhar para toda a cadeia de produção."
No entanto, tanto Muston quanto Campbell disseram que não têm planos de religarem suas geladeiras agora que estão adaptados sem ela.
"Sei que não significa muito em termos de consumo de energia", disse Campbell, mas "isso não muda minha opinião. Não gosto do barulho da coisa e descobri que não preciso dela."
Nos últimos dois anos, Rachel Muston, 32, que trabalha com tecnologia da informação para o governo canadense em Ottawa, tem se esforçado para reduzir suas emissões de carbono - separa seu lixo orgânico, seca suas roupas no varal e instalou um aquecedor eficiente em sua casa de três andares no centro.
Há cerca de um ano, porém, ela decidiu ir a fundo em sua cruzada para ser ambientalmente responsável. Após várias semanas de ponderações, ela e seu marido, Scott Young, fizeram o que muitos considerariam impensável: desligaram o seu frigorifico. Para sempre.
"Já faz um bom tempo e estamos muito felizes", disse recentemente Muston. "Estamos surpresos por estar sendo tão fácil."
Por mais drástica que a atitude pareça, um pequeno segmento do movimento verde passou a considerar a geladeira como um gasto inaceitável de energia e decidiu viver sem ela. Apesar de sua onipresença, esses ativistas afirmam que o frigorifico é desnecessário, desde que se tomem alguns cuidados nas compras e no armazenamento.
Muston estimou que sua geladeira, que veio com a casa quando a compraram há cinco anos e provavelmente já estava lá há muito mais tempo, consumia 1,3 kWh por ano, ou produzia em torno de 900 kg de dióxido de carbono - o equivalente à queima de 400 litros de gasolina. E mesmo um modelo mais novo e eficiente, que poderia reduzir o consumo pela metade, consumiria energia demais na sua opinião.
"Para mim, parece um desperdício usar até mesmo um frigorifico de baixo consumo, porque vivo muito bem sem uma."
Muston agora usa um pequeno congelador no porão e um resfriador no andar superior; o resfriador é mantido frio por garrafas de dois litros com água congelada, que vão ao congelador quando derretem. (A geladeira, enquanto isso, permanece vazia na cozinha.)
Ela reconhece que viver dessa forma não é sempre conveniente. Só para começar, já alterou os hábitos alimentares do casal.
"Quando tínhamos a geladeira, consumíamos muita comida pronta do mercado", ela disse. Mas o resfriador tem espaço limitado e o congelador é para carne e vegetais. Sem o espaço extra, Muston agora cozinha mais - o que exige mais tempo e planejamento, pois os itens do congelador precisam descongelar.
Quando questionada se o casal havia desistido de alguma comida predileta, Muston suspirou. "Cerveja gelada", disse. "Scott não pode mais chegar em casa e pegar uma cerveja no frigorifico. Ele precisa colocá-la no resfriador e esperar uma hora."
No geral, porém, o casal parece ter feito uma transição suave para a vida sem geladeira, algo que outros tentaram e não conseguiram. Beth Barnes, 29, desligou a geladeira de seu apartamento em maio para ser "um pouco radical", disse. Após ler comentários na Internet de pessoas sem geladeira, ela aprendeu que poderia colocar condimentos na despensa e que a manteiga poderia ficar não refrigerada por uma semana ou mais.
Sua maior preocupação era como armazenar os laticínios, a maior parte de sua dieta.
Barnes decidiu usar um resfriador, que ela abastecia diariamente durante o verão com o gelo que trazia de uma máquina de gelo de seu escritório. Isso funcionou bem até ela começar a viajar a trabalho nesse outono americano, o que prejudicou o sistema.
No final, ela cedeu e comprou um frigobar. "Poderia largar a geladeira completamente se tivesse um leiteiro", disse. "Talvez tente novamente se resolver a questão do leite."
Muitos ambientalistas - até aqueles que não vêem problema em usar papel higiênico reciclado ou deixar o termostato em níveis quase glaciais - acham a vida sem geladeira uma decisão radical ou uma meta excessiva e impraticável.
"A geladeira é um avanço social inteligente", disse Gretchen Willis, 37, uma mãe ambientalmente consciente com quatro filhos no Texas, que leu recentemente sobre a prática em um popular blog ecológico, thecrunchychicken.com, e ficou impressionada.
"Nunca pensaria nisso", disse Willis, explicando que embora esteja comprometida com a reciclagem e as lâmpadas fluorescentes, não adota práticas ambientais que resultarão em grandes gastos ou inconveniências. Segundo ela, viver sem uma geladeira se encaixa nas duas situações: ela teria que comprar mais comida em menores quantidades para não estragar, preparar quantidades exatas, pois não poderia refrigerar as sobras, e fazer viagens diárias ao mercado.
"É bobagem não ter uma, considerando que a alternativa é beber um galão de leite em um dia para não desperdiçar."
Deanna Duke, que vive em Seattle e cuida do site que Willis visitou, disse que a decisão contra ou a favor do desligamento se tornou "uma questão de honra" para ambos os lados. "Ficam ou no 'vejam até onde estou disposto a ir' ou no 'vejam até onde não estou disposto a ir'", ela disse.
De sua parte, Duke pode deixar de molhar seu gramado em prol da conservação, mas ela está firme no lado pró-geladeiras. "Não posso pensar em qualquer circunstância além de uma situação extrema involuntária que me fizesse desligar a geladeira", disse. "O fator da conveniência pesa muito."
Os defensores do desligamento da geladeira vêem as coisas de forma diferente. Eles trocam dicas em websites sobre armazenamento de comida ("no inverno, deixo para fora perecíveis como maionese ...") e citam como prova de pessoas que vivem bem sem refrigeração elétrica os residentes de países em desenvolvimento e eco-celebridades como Colin Beaven, o auto-proclamado Homem Sem Impacto, que desistiu de sua geladeira durante o ano que tentou não causar qualquer impacto no meio ambiente.
A idéia chegou a gerar certo interesse na Europa Ocidental. No último outono do continente, cientistas da Universidade Oxford na Inglaterra reviveram a "geladeira de Einstein", que funciona sem eletricidade com gás pressurizado e cuja invenção é em parte creditada a Albert Einstein.
E uma empresa italiana de cozinhas, Veneta Cucine, anunciou recentemente uma cozinha conceito chamada iGreen, que não tem geladeira, e sim tabuleiros sob o balcão para guardar produtos frescos.
Pessoas que se saem melhor sem uma geladeira geralmente usufruem de certas vantagens de seu estilo de vida - elas vivem sozinhas ou não precisam cozinhar grandes refeições para uma família, ou vivem em uma fazenda ou próximas a um mercado. No caso de Duncan Campbell, que vive satisfeito sem uma geladeira há três anos, era a comida que já estava acostumado a comer.
Antes de fazer a troca, Campbell, 53, já se limitava a uma dieta focada em produtos não-perecíveis, como feijão e grãos, e fazia compotas com os vegetais que cultiva no jardim dos fundos de sua casa em Columbus, Ohio. Usando um pequeno baú refrigerador para frutas e sobras de sopa, ele disse que não tinha problemas na preparação de uma refeição.
Algo ao qual não foi capaz de se ajustar foi a reação de seus amigos. "Mesmo conhecidos que são energeticamente conscientes se surpreendem quando descobrem que não uso geladeira", disse.
Pascale Maslin, fundador da Energy Efficiency Experts, companhia de Washington que faz auditorias de energia em casas e outros edifícios, disse que as pessoas podem dar atenção indevida ao consumo de energia da geladeira porque costumam escutar - incorretamente, como se revela - que é o aparelho que mais consome energia depois do aquecimento e do ar-condicionado.
"Se examinasse minha vida e me perguntasse o que reduziria minhas emissões de carbono, a resposta seria parar de comer carne", disse Maslin. "Isso é muito mais impactante que desligar sua geladeira."
Quanto à estratégia de usar geladeiras como as dos quartos de hotel, Marty O¿Gorman, vice-presidente da Frigidaire, disse que trocar um modelo tradicional por o menor dos frigobares resultaria em uma economia anual de apenas US$ 6.
É esse tipo de cálculo prático que levou muitos defensores da vida sustentável a considerarem o desligamento da geladeira uma atitude dúbia. Eles apontaram que isso provavelmente vai resultar em mais viagens ao mercado (mais gasolina para aqueles que dirigem) e na compra de alimentos em menores porções (portanto, mais embalagens).
"É fácil olhar para sua conta e achar que está economizando energia", disse Duke. "Mas você precisa olhar para toda a cadeia de produção."
No entanto, tanto Muston quanto Campbell disseram que não têm planos de religarem suas geladeiras agora que estão adaptados sem ela.
"Sei que não significa muito em termos de consumo de energia", disse Campbell, mas "isso não muda minha opinião. Não gosto do barulho da coisa e descobri que não preciso dela."
The New York Times