• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Anita e a Vizinha do lado

edu_fmc

GForum VIP
Entrou
Fev 29, 2008
Mensagens
21,260
Gostos Recebidos
14
Na casa ao lado da Anita mora uma feiticeira.

- Chama-se Violeta do Prado - diz a Cláudia. Violeta do Prado tem cabelos loiros, uma madeixa cor de laranja e pinta os olhos de verde e vermelho.

Vive com dois gatos pretos.

Não tem medo de sapos.

Come sopa de urtigas.

Fala sozinha na rua.

A mãe da Cláudia ficou com verrugas nas mãos depois de terem tido uma discussão por causa de um cesto de roupa.

A Anita ouve a amiga contar isto à noite, no jardim, e tem arrepios de medo e dorme com pesadelos. Além do mais o Pom-Pom desapareceu há dois dias.

A Cláudia acha que a única culpada é a Violeta do Prado!

- Amanhã vamos a casa dela! Só precisamos de saltar o muro do jardim.

A Anita está de acordo com a amiga, mas não lhe agrada a ideia de entrar às escondidas na casa dos outros.

- Temos de encontrar o Pom-Pom - diz a Cláudia.

No dia seguinte, as duas amigas aproximam-se da casa da vizinha, escondidas por entre as sebes.

A feiticeira estará em casa? Terá saído? A verdade é que não a vêem nem ouvem.

- Ela decerto não costuma estar a esta hora…

Seja como for, a velha porta de madeira do jardim está aberta.

Nem foi preciso saltar o muro.

Bem vistas as coisas, estão com medo, mas avançam até à casa. Encostam-se ao vidro da janela. Ninguém lá dentro… Mas, ao lado, a porta do pavilhão também está aberta.

- Vamos…

Anita e a prima sentem as pernas a tremer.

Lá dentro um papagaio azul olha-as com ar trocista. Por sorte não é um papagaio verdadeiro, mas um pássaro embalsamado.

- Ui! O corredor é tão esquisito…

Na casa de banho encontram uma coisa verde dentro da banheira. Parece um crocodilo, mas não passa de uma toalha caída da corda.

- Ui! Agora é um par de chinelos atrás das cortinas do duche! Será alguém? Não, os chinelos foram ali abandonados por acaso.

- Pom-Pom!…Pom-Pom!…

Dois gatos pretos, enroscados numa almofada, abrem os olhos, mas continuam a dormir…

Mais à frente encontram uma pequena sala com um espelho, uma mesa cheia de coisas para maquilhagem e um manequim de vime.

- Pom-Pom!…

A Anita arrasta a Cláudia até à cozinha.

- Gostava de saber o que está aqui dentro - diz a Anita levantando a tampa de um caldeirão de cobre. Não terá a Violeta do Prado metido aqui o Pom-Pom?

O caldeirão está cheio de uma mistela esverdeada.

Será uma sopa de alho francês cozida demais? Espinafres bolorentos?

Anita e Cláudia acham que se trata mas é de uma receita de feiticeira. Uma mistela horrível capaz de as transformar em morcegos, formigas, moscas ou aranhas. De fazer cair os cabelos e crescer os pés. De ficar com a cara cheia de borbulhas.

Nesse mesmo momento, uma sombra assustadora surge diante delas. Que horror! Não tinham dado pelo regresso de Violeta do Prado. As duas tremem de medo.

- Desculpe, minha senhora, andamos à procura do gato - explica a Anita, com um ar muito delicado.

-Abracadabra! - grita-lhes Violeta do Prado com uma voz terrível. - Tenho vontade de vos puxar as orelhas e apertar o nariz!

- Isso não! Isso não! - suplica a Anita.

- Desculpe, minha senhora - repete a Anita.

Violeta do Prado agarra a Anita pelo braço. Cláudia consegue fugir pela janela.

- Que disparate! Quem são estas miúdas?

Entram em casa das pessoas, revistam tudo, saem pela janela… e, pior ainda, pensam que sou uma feiticeira!

Sem largar a Anita, Violeta tira do caldeirão, com a mão livre, uma colherada da mistela esverdeada.

- Prova! - ordena ela.

- Obrigada, mas não tenho fome - responde Anita, que não gosta nem de alho francês nem de espinafres.

- Ou engoles isto ou transformo-te em rã durante três dias e três noites! A Anita tem um nó na garganta, mas obedece… A mistela sabe a compota de ameixas. Tem um sabor agradável…

Violeta do Prado desata a rir:

- Achas que uma feiticeira a sério fazia um doce destes? - pergunta ela.

- Então… Então a senhora não é uma feiticeira a sério? - murmura a Anita.

-Claro que não! Vem comigo… - Entram numa saleta e Violeta desenrola um cartaz com o seu retrato. Em baixo está escrito, em letras grandes:

VIOLETA DO PRADO,

A FEITICEIRA PREFERIDA DAS CRIANÇAS.

UM ESPECTÁCULO A NÃO PERDER.

Agora Anita compreende a verdade e tem vontade de rir. Afinal, Violeta do Prado é uma actriz de teatro.

Além disso, ela explica:

- Sabes, pequena, para me sentir à vontade no meu papel gosto de o ensaiar ao natural… Agora que sabes tudo, queres ser minha amiga? Já não tens medo de mim?

A Anita sorri e diz que não com a cabeça. O medo já lá vai… Então Violeta do Prado ri também:

- Leva dois frascos de doce - diz ela -, um para a tua mãe e outro para a tua amiga Cláudia. Esta noite convido-as a assistirem à minha peça. A Anita agradece e sai muito contente.

Cláudia aguarda-a lá fora:

- O Pom-Pom apareceu! - anuncia ela. - Estava… - interrompe de repente e arregala os olhos:

- A feiticeira deu-te doces?

Anita ri:

- Não é uma feiticeira a sério - responde ela. - Eu explico-te… mas da próxima vez não sejas tão precipitada a acusares as pessoas de fazerem crescer verrugas nas mãos da tua mãe. - E baixa-se para acariciar o Pom-Pom, que nem sonhava o que as duas tinham passado por causa dele.
 
Topo