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As osgas-das-selvagens podem ser reconhecidas pelo padrão da íris

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Biólogos portugueses descobrem que, tal como os humanos, as osgas-das-selvagens podem ser reconhecidas individualmente pelo padrão da íris

Filipa Alves
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As osgas-das-selvagens (Tarentola boettgeri bischoffi) podem, tal como os humanos, ser reconhecidas individualmente pelo padrão da íris, revela um estudo que será publicado na revista Amphibia-Reptilia por uma equipa de biólogos do Centro de Biologia Ambiental (CBA), da Universidade de Lisboa. A descoberta está na base do desenvolvimento de um método de identificação individual inédito em animais, que permite a fácil monitorização das populações de osgas sem afetar a sua sobrevivência e bem-estar.

No estudo das espécies de animais silvestres a realização de estimativas do tamanho das populações depende do reconhecimento individual dos animais. Este reconhecimento faz-se com base em marcas naturais - as riscas dos leopardos, as manchas dos tubarões ou a forma das barbatanas dos cetáceos – ou através de marcas artificiais.

No caso das osgas, o grupo mais diverso de lagartos, a maior parte das espécies não apresenta qualquer tipo de marcas naturais conspícuas na anatomia externa, pelo que o seu estudo tem sido feito com recurso a métodos de marcação artificiais.

O uso de "Passive Integrated Transponders" (PIT-tags), um tipo de dispositivo de marcação eletrónico, é extremamente dispendioso, pelo que a marcação mais utilizada em osgas envolve a amputação de falanges, um método em que os” dedos são amputados em combinações que diferem de animal para animal”, é referido pelo CBA em comunicado de imprensa.

“No entanto, este método tem vindo a ser criticado, por ser demasiado intrusivo, afetando a sobrevivência e bem-estar dos animais”, revela Ricardo Rocha, primeiro autor do artigo a publicar. Deste modo, era urgente encontrar uma alternativa.

Inspirando-se no reconhecimento individual através do padrão da íris ocular usado em humanos, este investigador e os colegas Tiago Carrilho e Rui Rebelo desenvolveram um método equivalente para osgas, tendo testado a sua aplicabilidade à osga-das-selvagens, um pequeno réptil que só existe no território nacional e que se encontra ameaçado.
O estudo envolveu a análise cerca de 1000 fotos de olhos de osgas-das-selvagens, tiradas a animais que foram capturados entre junho de 2009 e maio de 2011 na ilha da Selvagem Grande.
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O padrão da íris permitiu a identificação dos 677 indivíduos capturados. Por outro lado, a utilização do I[SUP]3[/SUP]S, um software desenvolvido para o reconhecimento individual automático de tubarões a partir das marcas nas suas escamas, “identificou corretamente 95% dos animais, permitindo uma considerável economia de tempo” em relação à identificação manual, através da comparação visual levada a cabo pelos investigadores, informa o comunicado.

“Dada a sua reduzida distribuição as osgas-das-selvagens são bastante sensíveis a eventos estocásticos que podem levar à sua extinção, pelo que é de extrema importância que as suas populações sejam monitorizadas”, explica Ricardo Rocha.

“ O nosso estudo, ao permitir identificar os indivíduos, permite estimar densidades populacionais e como tal abre portas para uma mais fácil monitorização destas populações”, conclui o investigador.

Por outro lado, “o método foi testado em osgas do género Tarentola mas poderá permitir a identificação de indivíduos de muitas espécies que até hoje eram vistas como não passíveis de ser identificadas através de fotografias”, por ler-se no comunicado.
“Como tal, este estudo poderá permitir que através da foto-identificação seja possível uma mais fácil estimava de parâmetros populacionais, abrindo portas para um melhor conhecimentos da história natural de diversas espécies e consequentemente para o delineamento de melhores estratégias de conservação."



Fontes: CBA – CI e Ricardo Rocha
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