kokas
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O Governo grego está decidido a abrir uma nova frente de batalha com a Alemanha, ao insistir no pagamento de compensações pelos crimes e destruição dos nazis durante a II Guerra Mundial. O tema não é novo, mas nesta quarta-feira o ministro grego da Justiça, Nikos Paraskevopoulos, disse estar pronto para aplicar uma decisão do Supremo Tribunal de Atenas e exigir milhares de milhões de euros a Berlim.
"A título pessoal, penso que a autorização para aplicar a decisão [do Supremo] deve ser dada e estou pronto para fazê-lo", disse o ministro num debate parlamentar sobre os crimes cometidos pelos nazis na Grécia.
O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, não sendo tão directo, foi mais duro: "Depois da reunificação [da Alemanha], em 1990, foram criadas as condições políticas para resolver o assunto. Mas desde então os governos alemães escolheram o silêncio, os truques legais e o adiamento. E pergunto-me, numa altura em que tanto se fala de moral na Europa: é esta uma atitude moral?".
A compensação que a Alemanha deve à Grécia é um tema antigo. Tsipras quer reabrir o dossier e fazer regressar ao trabalho a comissão parlamentar criada em 2012 para investigar o assunto mas suspensa em Dezembro do ano passado, quando foram marcadas as eleições antecipadas que deram a vitória ao Syriza de Tsipras.
"O Governo grego tem por objectivo debruçar-se sobre o assunto com sensibilidade e responsabilidade, através do diálogo e da cooperação, e espera a mesma atitude do Governo alemão, por razões políticas, históricas e simbólicas", disse o primeiro-ministro. Tsipras apelou também à compreensão dos outros países europeus ao dizer: "É nosso dever para com a História, para com os combatentes de todo o mundo que deram a vida para derrotar o nazismo".
A Alemanha reagiu como habitualmente — com o silêncio — a mais esta investida grega, feita num momento de grande tensão política entre os dois países. A Grécia está a negociar com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional as condições para a entrega da última parte de um empréstimo de 240 mil milhões de euros. Em todo o processo, e dos países com real poder de decisão, a Alemanha foi o país mais intrasigente quanto às condições do empréstimo e às reformas que os credores consideram obrigatórias para que o dinheiro chegue a Atenas.
Nas declarações de Tsipras há quem leia um posicionamento sobretudo para consumo interno — manter pressão sobre a Alemanha, que muitos gregos consideram responsável pelos programas de austeridade que empobreceram a Grécia, caso seja preciso fazer em Bruxelas cedências que poderão desagradar aos eleitores. Porém, as palavras do ministro e de Tsipras devem ser levadas a sério, até porque esta foi uma das suas promessas eleitorais.
O pagamento de compensações é um tema recorrente no país que exige que a Alemanha pague um dívida antiga no valor de 162 mil milhões de euros — 108 mil milhões de compensação pela destruição de infraestruturas durante a invasão e ocupação nazi — não é um número aleatório, foi definido na Conferência Internacional de Paris de 1946 — e 54 mil milhões relativos aos empréstimo que o Banco da Grécia foi obrigado a fazer à Alemanha entre 1942 e 1944. Os deputados da comissão parlamentar que Tsipras vai reactivar definiram o mesmo valor, em 2013.
O Governo de Berlim considera que um acordo bilateral assinado em 1960 apagou essa dívida de guerra que a Conferência Internacional de Paris determinou que existia. Posteriormente, considerou que o processo de reunificação encerrara definitivamente o assunto das compensações de guerra. Porém, há 20 anos que os familiares e próximos das vítimas exigem nos tribunais indemnizações. Em 1997, um tribunal grego condenou a Alemanha a pagar-lhes 28,6 milhões de euros. E foi uma queixa dos familiares e próximos das vítimas que levou o Supremo Tribunal de ATenas, em 2000, a considerar que há base legal para o pagamento de compensações — o governo de então, socialista, decidiu não aplicar a sentença que Nikos Paraskevopoulos quer recuperar.
O ministro da Justiça reconheceu que o caso é "juridicamente muito complexo" e que data para aplicar a decisão depende de negociações entre Atenas e Berlim "e da autorização do Parlamento grego".
P
"A título pessoal, penso que a autorização para aplicar a decisão [do Supremo] deve ser dada e estou pronto para fazê-lo", disse o ministro num debate parlamentar sobre os crimes cometidos pelos nazis na Grécia.
O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, não sendo tão directo, foi mais duro: "Depois da reunificação [da Alemanha], em 1990, foram criadas as condições políticas para resolver o assunto. Mas desde então os governos alemães escolheram o silêncio, os truques legais e o adiamento. E pergunto-me, numa altura em que tanto se fala de moral na Europa: é esta uma atitude moral?".
A compensação que a Alemanha deve à Grécia é um tema antigo. Tsipras quer reabrir o dossier e fazer regressar ao trabalho a comissão parlamentar criada em 2012 para investigar o assunto mas suspensa em Dezembro do ano passado, quando foram marcadas as eleições antecipadas que deram a vitória ao Syriza de Tsipras.
"O Governo grego tem por objectivo debruçar-se sobre o assunto com sensibilidade e responsabilidade, através do diálogo e da cooperação, e espera a mesma atitude do Governo alemão, por razões políticas, históricas e simbólicas", disse o primeiro-ministro. Tsipras apelou também à compreensão dos outros países europeus ao dizer: "É nosso dever para com a História, para com os combatentes de todo o mundo que deram a vida para derrotar o nazismo".
A Alemanha reagiu como habitualmente — com o silêncio — a mais esta investida grega, feita num momento de grande tensão política entre os dois países. A Grécia está a negociar com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional as condições para a entrega da última parte de um empréstimo de 240 mil milhões de euros. Em todo o processo, e dos países com real poder de decisão, a Alemanha foi o país mais intrasigente quanto às condições do empréstimo e às reformas que os credores consideram obrigatórias para que o dinheiro chegue a Atenas.
Nas declarações de Tsipras há quem leia um posicionamento sobretudo para consumo interno — manter pressão sobre a Alemanha, que muitos gregos consideram responsável pelos programas de austeridade que empobreceram a Grécia, caso seja preciso fazer em Bruxelas cedências que poderão desagradar aos eleitores. Porém, as palavras do ministro e de Tsipras devem ser levadas a sério, até porque esta foi uma das suas promessas eleitorais.
O pagamento de compensações é um tema recorrente no país que exige que a Alemanha pague um dívida antiga no valor de 162 mil milhões de euros — 108 mil milhões de compensação pela destruição de infraestruturas durante a invasão e ocupação nazi — não é um número aleatório, foi definido na Conferência Internacional de Paris de 1946 — e 54 mil milhões relativos aos empréstimo que o Banco da Grécia foi obrigado a fazer à Alemanha entre 1942 e 1944. Os deputados da comissão parlamentar que Tsipras vai reactivar definiram o mesmo valor, em 2013.
O Governo de Berlim considera que um acordo bilateral assinado em 1960 apagou essa dívida de guerra que a Conferência Internacional de Paris determinou que existia. Posteriormente, considerou que o processo de reunificação encerrara definitivamente o assunto das compensações de guerra. Porém, há 20 anos que os familiares e próximos das vítimas exigem nos tribunais indemnizações. Em 1997, um tribunal grego condenou a Alemanha a pagar-lhes 28,6 milhões de euros. E foi uma queixa dos familiares e próximos das vítimas que levou o Supremo Tribunal de ATenas, em 2000, a considerar que há base legal para o pagamento de compensações — o governo de então, socialista, decidiu não aplicar a sentença que Nikos Paraskevopoulos quer recuperar.
O ministro da Justiça reconheceu que o caso é "juridicamente muito complexo" e que data para aplicar a decisão depende de negociações entre Atenas e Berlim "e da autorização do Parlamento grego".
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