• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Austrália trabalhou com Indonésia para gerir crise do massacre de jornalistas

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,984
Gostos Recebidos
345
Telegramas diplomáticos divulgados pelo WikiLeaks confirmam que o governo australiano trabalhou com a Indonésia para gerir as consequências políticas quando, em 2007, um relatório atestou que o exército indonésio tinha mandado executar cinco jornalistas em Balibó, Timor-Leste.


Os telegramas diplomáticos da embaixada dos EUA em Jacarta -- agora tornados públicos pelo Wikileaks -- também dão conta de que Camberra declarou Yunus Yosfiah -- o capitão das forças especiais indonésias durante a invasão de 1975 do Timor-Leste que terá ordenado a execução -- "pessoa non grata na Austrália", apesar de o executivo australiano "nunca ter apresentado qualquer ação formal contra Yosfiah pelos homicídios".

O correio diplomático revela que esta sanção -- que o impediria de entrar na Austrália -- foi aplicada discretamente a Yunus Yosfiah numa altura em que Camberra já trabalhava nos bastidores com Jacarta para ajudar o executivo indonésio a gerir as consequências do escândalo.

Os cinco jornalistas australianos, britânicos e neozelandês mortos em Balibó em 16 de outubro de 1975 (Gregory Shackleton, Anthony Stewart, Gary Cunnigham, Malcolm Rennie e Brian Peters) estavam em Timor-Leste a cobrir a invasão indonésia da antiga colónia portuguesa.

A versão oficial do incidente falava em morte por fogo cruzado entre as forças indonésias e as forças timorenses da Fretilin. Mas, em 2007, um relatório de Dorelle Pinch, médica legista de Novas Gales do Sul, veio contrariar essa versão e reforçar testemunhos anteriores, como a do timorense Olandino Guterres, que assistiu às execuções.

O documento refere que os jornalistas, conhecidos como os cinco de Balibó, "foram mortos deliberadamente pelas forças especiais indonésias e não no campo de batalha" -- como quiseram fazer crer as autoridades indonésias com a ajuda dos australianos.

Dois anos mais tarde, em 2009, a polícia federal australiana anunciou que ia começar a investigar o caso como crime de guerra.

Um telegrama datado de 21 de novembro de 2007, citado pela imprensa australiana, refere que o chefe da secção política da embaixada australiana em Jacarta, Justin Lee, terá dito aos funcionários norte-americanos que "analisou o relatório [de Dorelle Pinch] com o governo de Jacarta".

"Ele [Lee] sublinhou aos interlocutores indonésios que a Austrália queria trabalhar o caso cuidadosamente com o governo da indonésia. [Jacarta] respondeu que também queria ajudar a gerir o problema, embora tenha rejeitado categoricamente a alegação de que as forças de segurança indonésias tenham cometido violações de direitos humanos ou crime de guerra", segundo os telegramas citados pela imprensa australiana.

De acordo com os telegramas, depois de o porta-voz do chefe da diplomacia indonésia, Teuku Faizasyah, ter visto o relatório afirmou: "Na nossa opinião, este caso está encerrado e deve permanecer encerrado".

Camberra nunca comentou publicamente o estatuto de Yosfiah, mas aquando da divulgação relatório médico que veio contrariar a versão oficial, o então líder da oposição e atual ministro dos negócios estrangeiros da Austrália, Kevin Rudd, exigiu que fossem tomadas ações contra os militares indonésios envolvidos nas mortes, lembra a imprensa australiana.

Jornal de Notícias
 
Topo