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Roter.Teufel

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Aviva, Bachar, Emily, Einav, Shye: Cinco vidas em suspenso após os ataques do Hamas a Israel a 7 de outubro

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Era sábado. Os relógios marcavam as 6h30 da manhã quando Israel acordou em alerta com uma invasão de membros do Hamas. Desde aí, a vida de milhares de israelitas e do país nunca mais foi a mesma.

Foi precisamente há um ano que o movimento Hamas atacou Israel de forma inesperada. O festival de música eletrónica SuperNova foi o lugar mais fustigado, onde centenas de pessoas morreram e dezenas foram feitas reféns. Além do festival de música, vários kibutzim foram invadidos e os seus moradores mortos ou sequestrados. Alguns escaparam, mas com uma história dramática para contar.

Em Gaza entraram 251 reféns. 251 vidas em suspenso, às quais se somam tantas outras, de familiares e amigos, que viram o seu mundo virar-se do avesso.

Hoje, volvido um ano do ataque, há quem tenha a sorte de estar junto dos seus e quem desespere por falta de notícias. Mas aquele dia 7 de outubro ninguém esquece.

Aviva foi libertada e conta os dias para ter o marido de volta

Aviva Siegel, de 63 anos, é uma das reféns que foi libertada durante o cessar-fogo de uma semana, em novembro de 2023. Mas a liberdade chegou com um sabor amargo: Keith, o marido, ficou para trás.

O casal foi raptado em casa por elementos do grupo extremista. No mês que viveu em cativeiro em Gaza, a morte foi uma presença sempre constante.

"Não nos era permitido falar, abraçar, ficar de pé nem mexer. Estávamos debaixo do solo, quase sem oxigénio. Tínhamos a certeza de que íamos morrer", recorda Aviva em entrevista à Reuters.

Medo dos próximos passos dos militantes do Hamas era o que sentia a maior parte do tempo. Conta que assistiu a inúmeros abusos sexuais a reféns e recorda-se das palavras dos "terroristas" quando o momento chegava: "Anda, és a próxima que quero violar".

Keith, de 65 anos, é um dos muitos reféns que ainda não foram libertados. O último sinal que teve do marido foi em abril, quando este apareceu num vídeo a chorar e a dirigir-se à família: "Tenho bonitas recordações da Páscoa do ano passado, quando estávamos todos juntos a celebrar... Espero que tenhamos a maior surpresa que podíamos desejar."

Desde então, silêncio.

Aviva Siegel, tal como as famílias dos outros reféns, não querem que o drama por que passam caia no esquecimento e desdobram-se em campanhas, comícios semanais e protestos com o objetivo de pressionar Israel a conseguir um acordo de libertação de reféns com o Hamas.

Sobreviver com a família destruída

Mais de 100 pessoas foram mortas no kibutz israelita de Be’eri. Foi o que aconteceu ao filho e à mulher de Avida Bachar, de 51 anos, que ainda hoje percorre as paredes do kibutz com esperança de o ver erguido novamente.

Durante o ataque, a família de Bachar abrigou-se na sala de segurança que apenas os protegia dos rockets, não dos ataques terrestres que ali foram cometidos. Nesse dia, a família sofreria um golpe irreparável. A mulher e o filho, Carmel, de 15 anos, morreram no ataque, Bachar e a filha, Hadar, de 14, sobreviveram.

A violência do ataque deixou Bachar sem uma perna. A casa, que um dia foi um lar, começa agora a ser reconstruída, assim como a esperança de um dia voltar a habitá-la.

Ao olhar para o futuro, Bachar encontra a esperança na força da filha, mas ainda não consegue apagar a dor que sente: "Ela está bem. Hadar é dez vezes mais forte do que eu. Imagino-a a casar dentro de alguns anos, sem a mãe ao lado, e claro que isso faz-me sentir desfeito".

Einav só tem uma missão: resgatar o filho das mãos do Hamas

Quando o filho de Einav Zangauker foi sequestrado pelo Hamas, há um ano, ela acreditava que Netanyahu ia resolver a situação "muito rapidamente". Hoje, sente-se traída pelo primeiro-ministro de Israel: "[Enquanto] estiver no poder, vamos continuar a receber os reféns em sacos de cadáveres".

Matan Zangauker, de 24 anos, vivia num kibutz que foi invadido pelo grupo islâmico. Juntamente com a namorada, Ilana Gritzewsky, foi levado para Gaza. Enquanto o ataque decorria, Matan trocou mensagens com a mãe. "Ele enviou mensagens de WhatsApp a dizer: ‘Estão a invadir as casas. Amo-te. Não chores’", relata Einav à Reuters. "Por último [escreveu]: Estão a entrar."

A mãe de Matan tem ainda outras duas filhas, que sentem a falta do irmão. Mas também sentem a falta da mãe, que tem pouco tempo para comer e para descansar porque "tem de voltar para salvar o filho" que está em "perigo". Essa é a sua missão.

Einav participa em várias reuniões, manifestações e campanhas que têm como objetivo trazer os reféns de volta. "Ele sabe que a mãe não se deixa intimidar, que não vai desistir e que vai lutar por ele até estar em casa [seguro]", disse esta mãe solteira que já se acorrentou a vedações, bloqueou o trânsito e desceu uma ponte, em frente ao quartel-general da defesa de Israel, dentro de uma jaula.

A luta pela libertação de Matan Zangauker tornou-se num trabalho a tempo inteiro para Einav, que tem esperança de que o filho ainda esteja vivo. A última vez que teve sinal do filho foi em julho, quando encontraram uma garrafa com urina que lhe pertencia.

Emily, a refém mais nova que chegou a ser dada como morta

Foi durante uma festa de pijama que Emily Hand, na altura com 8 anos, foi levada pelo Hamas. A história da criança comoveu o mundo e rapidamente o pai, Thomas Hand,se tornou o centro das atenções.

Cerca de dois dias após o ataque do Hamas, Thomas recebeu a notícia de que a filha estava morta, através dos líderes do kibutz onde moravam. Porém, um mês depois, o exército israelita disse-lhe que era provável que a criança estivesse viva e que fosse uma das reféns, uma vez que não tinha sido encontrado nenhum corpo de criança.

O pai, natural da Irlanda, conta à Reuters que acreditou que a filha estivesse morta, mas um mês depois dos ataques pôde respirar de alívio, quando a filha voltou para os seus braços após ser libertada durante o cessar-fogo de novembro de 2023.

Os meses que se sucederam à libertação de Emily foram "traumáticos", tanto para o pai como para a filha. A menina continua a fazer terapia, para ultrapassar o trauma do cativeiro e as visões que ainda tem do dia em que foi atacada pelo grupo extremista.

"Ela não tem problemas em sair sozinha de casa, mas se eu não estiver em casa. ela não entra", conta o pai, sublinhando os progressos significativos que filha tem feito, como regressar à escola e fazer novos amigos.

Volvido um ano, Thomas olha para a vida de outra forma. Detalhes do dia a dia que podiam valer um ralhete à filha, como não arrumar o quarto, são agora muito mais desvalorizados.

Sobreviver para retratar as vítimas

"Era como um filme." É assim que Shye Klein, de 27 anos, começa a contar o que viveu durante o ataque do Hamas ao festival SuperNova a 7 de outubro.

Klein, um fotógrafo natural do Canadá, foi ao festival de música com um primo e alguns amigos. Estava a nascer o sol em Israel quando Shye se apercebeu que estavam a ser atingidos por rockets. Tirou a máquina fotográfica para registar o momento, e por isso só se lembra "do que estava a ver através da lente". As imagens de gente sorridente que registara, deram lugar a um céu azul atravessado por rockets, a carros destruídos.

Não sabe como, mas sobreviveu.

Agora, tem uma missão: tentar contactar as pessoas que ficaram imortalizadas nas suas fotografias e fazer uma sessão fotográfica com cada um deles. O objetivo é apenas dar "autoconfiança" e "força" a quem passou por um momento traumático que lhes mudou a vida e a vida do país.

Correio da Manhã
 
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