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Roter.Teufel

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"Bideras" de Bissau pedem que não lhes tirem o sustento da venda na rua

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Mulheres vendem frutas e legumes nas ruas da capital guineense.

As conhecidas "bideras" de Bissau, que vendem frutas e legumes nas ruas da capital guineense, pedem que não lhes tirem o único sustento com a proibição do negócio fora dos mercados oficiais.

Nos últimos dias, várias "bideras" têm sido impedidas pela polícia de vender nas bancas improvisadas nas ruas da capital da Guiné-Bissau, e os produtos apreendidos.

Aconteceu a Fatumata Baldé e às colegas, as conhecidas "mulheres de Alvalade", onde nacionais e estrangeiros compram variedade de fruta e legumes.

Como contou à Lusa, a polícia chegou, disse-lhes que não podiam vender e apreendeu os produtos, que recuperaram mais tarde, estragados.

"É aqui que nós juntamos dinheiro, com a venda, e agora chegam os polícias que nos roubam as nossas coisas. Nós somos pobres, que nos deixem vender, porque vendemos há muito tempo", desabafou.

Fatumata vende na rua já desde antes "do 07 de junho", a guerra civil de 1998, na Guiné-Bissau, e não se conforma com a proibição, quando tem autorização do dono do sítio para vender ali.

Acresce que ela e as colegas pagam diariamente uma taxa de 150 francos CFA, cerca de 0,23 euros, à Câmara Municipal para poder vender na rua.

"Pedimos por favor que nos deixem vender aqui. Vendemos aqui há muito, desde miúda, antes de estar casada. É aqui que nós juntamos dinheiro, com a venda, e agora chegam os polícias que nos roubam as nossas coisas. Nós somos pobres, que nos deixem vender porque vendemos há muito tempo", pediu.

Estas mulheres são o sustento da família, como fazem questão de sublinhar, e é com a venda de rua que ganham para dar de comer aos filhos, para poderem ir à escola e ter saúde.

Quando as autoridades lhes apreendem os produtos, têm que pagar "cinco mil ou 10 mil francos cfa", 7,6 euros ou 15 euros, para reaver a mercadoria, algumas vezes já sem condições para venda, e, se não tiverem dinheiro para pagar, ficam sem as coisas.

Quando não vende, Yamah Djau não dorme a pensar como vai conseguir dinheiro.

Bissau tem mercados destinados à venda destes produtos, mas estas mulheres dizem que não podem ir todas para "a feira", como chamam a estes espaços.

Noutra zona de Bissau, outro grupo de "bideras" também foi surpreendido pelas autoridades a proibi-las de vender no passeio.

As mulheres e as frutas foram levadas para a primeira esquadra e, horas depois, a mercadoria foi-lhes devolvida com a indicação de que há ordens superiores para pararem de vender no local, segundo contou à Lusa Ivanilda Ká.

Esta mulher terminou o liceu e, sem apoio para arranjar trabalho, em vez de ficar em casa, foi vender fruta na rua para se sustentar.

"O mercado já está ocupado, nós não temos espaço lá para vender, é aqui que nós podemos vender", insistiu.

Ivanilda e as outras "bideras" continuam lá e, quando veem a polícia, fogem, quando a polícia vai embora, voltam, como contou à Lusa.

Yamah diz que "até o próprio Umaro", o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, as visita, às vezes, e é a ele que pedem que as ajude.

"Noutro dia fomos à Câmara e disseram-nos que não sabem de nada. Vamos tentar encontrar com Umaro para lhe pedir que nos ajude", disse.

Fatumata está convencida de que o Presidente da República não deve saber desta situação.

"De certeza que se esta situação lhe chegar aos ouvidos ele vai estranhar porque ele conhece-nos, passa aqui frequentemente, no dia em que sai a passear passa cá e vem falar connosco", afirmou.

Tanto o Presidente da República como o presidente da Câmara Municipal de Bissau encontram-se ausentes do país em visitas oficiais ao estrangeiro.

Correio da Manhã
 
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