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Bombeiros recusam fazer transporte de doentes
Invocam razões financeiras e asseguram apenas os pedidos de socorro
NUNO MIGUEL ROPIO
As associações de bombeiros nacionais ameaçaram cortar no transporte de doentes, devido às despesas que acarreta, mas apenas a de Salvaterra de Magos assume, agora, tal postura. A decisão só não vai afectar as emergências no concelho.
O comunicado distribuído à população das seis freguesias de Salvaterra de Magos, pela corporação de bombeiros concelhia, não poderia ser mais claro e sucinto. Os custos com o gasóleo e o pessoal, da manutenção das viaturas e dos seguros das mesmas, foram as razões apresentadas para o fim dos transportes de doentes, seja para consultas, sessões de fisioterapia ou outros serviços que não são considerados urgentes.
Há vários meses que os bombeiros a nível nacional admitem ter as suas contas à beira da ruptura e cortar no transporte de doentes por razões financeiras, face ao aumento dos combustíveis. O JN sabe que várias corporações já estão a restringir os seus serviços na área dos serviços que não são urgentes, mas a de Salvaterra [distrito de Santarém] é a primeira a tomar tal atitude publicamente.
Feitas as contas, para a direcção desta associação de bombeiros voluntários, as despesas são substancialmente superiores aos valores cobrados ao Ministério da Saúde. Apesar da tutela ter aumentado, em Julho, de 0,40 para 0,47 cêntimos, o valor pago por cada quilómetro percorrido pelo transporte de utentes - após negociações com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) -, a corporação de Salvaterra garante que o custo directo do serviço é o dobro do que é comparticipado.
Segundo António Malheiro, presidente da associação, continuarão a ser asseguradas as emergências e o transporte que exija uma assistência especializada, como é o caso dos doentes renais, sujeitos a sessões de hemodiálise fora do concelho. "Passámos a ter critérios nos restantes transportes. A partir de agora, recusamos os serviços por falta de rentabilidade e que coloquem em causa a estabilidade financeira da associação", explicou o dirigente.
Os bombeiros de Salvaterra salientam que uma equipa de funcionários e viaturas específicas [destinadas ao transporte de doentes e não ao socorro] foi criada com o objectivo de serem angariados fundos para a associação, o que não se tem verificado.
"Os custos ficam, por quilómetro, em 0,73 cêntimos. Estamos a pagar um serviço que deveria ser o Estado a suportar. Só compensa fazer o transporte de doentes que estejam a fazer fisioterapia ou que vão a consultas por conta de seguradoras. Essas, pelo menos, pagam bem", prosseguiu António Malheiro.
Em Foros de Salvaterra, uma das freguesias, o comunicado caiu que nem uma bomba, principalmente junto dos proprietários dos vários lares de idosos, que surgiram nos últimos anos naquela aldeia. "Fico assustada porque, sem autorização do delegado de saúde, o Estado não financia táxis e esses vão ser os meios que teremos de utilizar para levar os idosos às consultas ou à fisioterapia", adiantou Almerinda Feijão, há 18 anos naquele ramo. Sentimento partilhado por Mestre João André, morador em Salvaterra. "Então, para que servem as quotas pagas pelos sócios? Não são para colmatar o que o Governo não paga?", questionou.
Os mais atingidos por esta medida serão todos aqueles que têm de se deslocar tanto a Santarém como a Lisboa (que dista 70 quilómetros). "Imaginemos que temos uma pessoa para ir sozinha à capital. É claro que este serviço vai ser rejeitado", avisou o presidente dos bombeiros de Salvaterra. O JN contactou o Ministério da Saúde, mas até ao fecho da edição não foi possível obter uma reacção.
JN
Invocam razões financeiras e asseguram apenas os pedidos de socorro
NUNO MIGUEL ROPIO
As associações de bombeiros nacionais ameaçaram cortar no transporte de doentes, devido às despesas que acarreta, mas apenas a de Salvaterra de Magos assume, agora, tal postura. A decisão só não vai afectar as emergências no concelho.
O comunicado distribuído à população das seis freguesias de Salvaterra de Magos, pela corporação de bombeiros concelhia, não poderia ser mais claro e sucinto. Os custos com o gasóleo e o pessoal, da manutenção das viaturas e dos seguros das mesmas, foram as razões apresentadas para o fim dos transportes de doentes, seja para consultas, sessões de fisioterapia ou outros serviços que não são considerados urgentes.
Há vários meses que os bombeiros a nível nacional admitem ter as suas contas à beira da ruptura e cortar no transporte de doentes por razões financeiras, face ao aumento dos combustíveis. O JN sabe que várias corporações já estão a restringir os seus serviços na área dos serviços que não são urgentes, mas a de Salvaterra [distrito de Santarém] é a primeira a tomar tal atitude publicamente.
Feitas as contas, para a direcção desta associação de bombeiros voluntários, as despesas são substancialmente superiores aos valores cobrados ao Ministério da Saúde. Apesar da tutela ter aumentado, em Julho, de 0,40 para 0,47 cêntimos, o valor pago por cada quilómetro percorrido pelo transporte de utentes - após negociações com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) -, a corporação de Salvaterra garante que o custo directo do serviço é o dobro do que é comparticipado.
Segundo António Malheiro, presidente da associação, continuarão a ser asseguradas as emergências e o transporte que exija uma assistência especializada, como é o caso dos doentes renais, sujeitos a sessões de hemodiálise fora do concelho. "Passámos a ter critérios nos restantes transportes. A partir de agora, recusamos os serviços por falta de rentabilidade e que coloquem em causa a estabilidade financeira da associação", explicou o dirigente.
Os bombeiros de Salvaterra salientam que uma equipa de funcionários e viaturas específicas [destinadas ao transporte de doentes e não ao socorro] foi criada com o objectivo de serem angariados fundos para a associação, o que não se tem verificado.
"Os custos ficam, por quilómetro, em 0,73 cêntimos. Estamos a pagar um serviço que deveria ser o Estado a suportar. Só compensa fazer o transporte de doentes que estejam a fazer fisioterapia ou que vão a consultas por conta de seguradoras. Essas, pelo menos, pagam bem", prosseguiu António Malheiro.
Em Foros de Salvaterra, uma das freguesias, o comunicado caiu que nem uma bomba, principalmente junto dos proprietários dos vários lares de idosos, que surgiram nos últimos anos naquela aldeia. "Fico assustada porque, sem autorização do delegado de saúde, o Estado não financia táxis e esses vão ser os meios que teremos de utilizar para levar os idosos às consultas ou à fisioterapia", adiantou Almerinda Feijão, há 18 anos naquele ramo. Sentimento partilhado por Mestre João André, morador em Salvaterra. "Então, para que servem as quotas pagas pelos sócios? Não são para colmatar o que o Governo não paga?", questionou.
Os mais atingidos por esta medida serão todos aqueles que têm de se deslocar tanto a Santarém como a Lisboa (que dista 70 quilómetros). "Imaginemos que temos uma pessoa para ir sozinha à capital. É claro que este serviço vai ser rejeitado", avisou o presidente dos bombeiros de Salvaterra. O JN contactou o Ministério da Saúde, mas até ao fecho da edição não foi possível obter uma reacção.
JN