Portal Chamar Táxi

Brasil testa mosquitos geneticamente modificados para combater a dengue

Fonsec@

In Memoriam
Entrou
Set 22, 2006
Mensagens
29,306
Gostos Recebidos
6
mosquito_gm180.jpg


Uma equipa de cientistas libertou mosquitos transportadores do vírus da dengue geneticamente modificados numa cidade brasileira para controlar esta doença. Os primeiros resultados indicam que a experiência está a resultar.


A cidade de Juazeiro, no Brasil, recebeu mais de 10 milhões de mosquitos Aedes aegypti macho geneticamente modificados, há cerca de um ano. Estes mosquitos macho quando acasalam com as fêmeas originam descendência não viável o que permite controlar a proliferação da dengue, vírus transportado por estes insetos.
Os primeiros resultados desta experiência, apresentados pelo coordenador do projeto Aldo Malavasi num Workshop no Rio de Janeiro, são positivos. “Nas amostras colhidas no terreno, 85% dos ovos eram transgénicos, o que significa que os machos libertados estão a substituir a população selvagem. Isto deve resultar na diminuição dos mosquitos Aedes e na diminuição da transmissão da dengue”.
Malavasi é também o presidente do Moscamed, a firma brasileira que produz os mosquitos. Estes mosquitos que transportam um gene que causa a morte da descendência antes de atingirem a idade adulta eram inicialmente desenvolvidos pela empresa britânica Oxitec.
“Desenvolvemos tecnologia para criar de forma eficiente os insetos transgénicos aqui [no Brasil], pelo que não precisamos de comprá-los a Inglaterra no futuro, o que reduz os custos”, indicou Malavasi.
O método será utilizado noutras cidades brasileiras. Espera-se que estes mosquitos levem à completa erradicação da dengue em áreas onde a translocação de insetos é baixa e reduza substancialmente a sua incidência noutras zonas.
Antes de libertarem os mosquitos, os habitantes de Juazeiro foram consultados. 90% da população deu permissão para a sua libertação. “Ficaram preocupados quando viram tantos mosquitos [a serem libertados] mas trabalhámos sempre próximo da população para explicar a experiência”, explicou Margareth Capurro, bióloga da Universidade São Paulo.

Mark Benedict, da Universidade de Perugia, na Itália, refere que os resultados são promissores. “Os dados indicam que o sistema está a funcionar segundo o previsto.”
Contudo, associações ambientalistas como a GeneWatch UK manifestaram a sua preocupação sobre a possibilidade dos mosquitos transgénicos sobreviverem e se proliferarem na Natureza, o que traria resultados imprevisíveis.
Malavasi está confiante que os mosquitos geneticamente modificados não produzirão descendência viável. “Mas isto não significa que não vamos ter cuidado. Estamos sempre a realizar testes controlo”.
Segundo Malavasi ainda vai levar algum tempo para que a diminuição das populações de Aedes se reflita em baixas taxas de transmissão da dengue. As comunidades locais terão de ser continuamente avaliadas.

Naturlink
 
Topo