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RoterTeufel
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Viana do Castelo: Buscas para encontrar homem retomadas esta manhã
“Ele dizia que o mar não o queria” (C/VÍDEO)
Saíram ontem de madrugada, como habitualmente, para mais um dia de pesca ao robalo, ao largo de Viana do Castelo, mas não voltaram para casa. Poucas horas depois, por razões ainda desconhecidas, o barco de sete metros virou e atirou os dois irmão pescadores – que não usavam colete – para a água gélida. O corpo de António Vale, 50 anos, foi encontrado nas rochas, junto da embarcação, em Areosa, perto da costa. O dono do barco, João Rui Vale, 56 anos, continuava desaparecido ao final do dia de ontem.
Eram cerca das 09h00, quando um pescador deu o alerta à Polícia Marítima. "Cheguei e vi logo um barco virado nas rochas. Reconheci-o como sendo do meu amigo. A 20 metros da bateira vejo o corpo do irmão dele, de bruços e virado ao contrário", contou José Soares. As buscas para encontrar o corpo de João Rui começaram de imediato no mar e por helicóptero, mas foram interrompidas às 19h00. Esta manhã são retomadas para tentar encontrar o corpo do mestre da embarcação ‘Patrik’.
"Nestes últimos dias ele estava sempre a dizer ‘o mar não me quer’", contou emocionada Maria da Agonia, mulher de João Rui. Sem forças para sair de casa, a mulher lamentava-se por o corpo ainda não ter sido encontrado. "Só quero que ele apareça para lhe fazer o funeral", disse sem conter as lágrimas. A mãe e uma irmã das vítimas foram assistidas no hospital depois de saberem da tragédia.
À hora de almoço, uma das filhas do dono do barco foi ao local onde a embarcação foi encontrada. "Por favor encontrem o meu pai, por favor", gritou em pranto agarrada aos destroços do ‘Patrik’. João Rui deixa mulher, três filhos e três netas. António era solteiro e vivia com a mãe.
Os irmãos, naturais de Viana do Castelo, faziam da pesca a sua vida há muitos anos. Quando não trabalhavam, ajudavam os outros pescadores. Nunca tiveram problemas com o mar, excepto ultimamente em que não conseguiam apanhar pescado. "Era o melhor pescador de robalo. Todos os colegas diziam que o mar é que tinha medo dele", desabafou ao CM Fernando Guimarães, amigo do pescador desaparecido. Muitos colegas de profissão das duas vítimas juntaram-se ontem na costa da Areosa, incrédulos com o que tinha acontecido.
"O casco da bateira estava praticamente destruído, os coletes de salvamento não foram utilizados e o mar não estava agitado. Havia bastante nevoeiro, daí os familiares pensarem que foi isso que os levou a embater nas rochas", explicou Martins dos Santos, comandante da Capitania de Viana do Castelo.
OUTROS CASOS
COSTA DE CAPARICA
O ‘Delfim’, embarcação de apanha de bivalves, saiu do Porto de Setúbal às primeiras horas do dia 8 de Fevereiro. Pouco depois das 08h00, a apenas meia milha do areal da Costa de Caparica, o ‘Delfim’ foi engolido pelas ondas. Dois tripulantes morreram e um ficou ferido.
FIGUEIRA DA FOZ
A embarcação ‘Luís Fortunado’, das Caxinas, Vila do Conde, foi ao fundo, mas os 16 tripulantes salvaram-se. A 28 de Janeiro, ao largo da Figueira da Foz, dois helicópteros Merlin da Força Aérea salvaram nove pescadores, enquanto os outros sete tripulantes do ‘Luís Fortunado’ foram recolhidos por um pesqueiro japonês, e entregues também à Força Aérea.
VIANA DO CASTELO
Os cadáveres dos irmãos Amâncio e Gilberto Pereira, de 30 e 32 anos, ainda não foram devolvidos pelo mar. A 16 de Dezembro, os dois saíram do Porto de Castelo do Neiva, Viana do Castelo, para ir pescar polvo, mas a embarcação veio a naufragar pouco depois.
IRMÃOS TEMIAM CONCORRÊNCIA ESPANHOLA
No último mês o barco ‘Patrik’ esteve sem ir ao mar durante uma semana por causa da agitação das ondas e pela falta de robalo. "Ultimamente, o João Rui andava mais alterado porque os barcos espanhóis tiram muito robalo e vendem-no mais barato", contou o amigo Fernando Guimarães.
No entanto os dois irmãos voltaram a fazer-se ao mar. "As pessoas acham que eles ganham dinheiro, mas havia dias em que não ganhavam nada", revela o amigo. Ainda assim, continuavam a dedicar-se à pesca do robalo para poderem ajudar a sustentar a família. "Não sei como vai ser agora", desabafou a mulher do dono da embarcação.
DISCURSO DIRECTO
"EMBARCAÇÃO PEQUENA MAS PROFISSIONAL", Martins dos Santos, Comandante da Polícia Marítima
Correio da Manhã – Qual terá sido a causa do naufrágio?
Martins dos Santos – Ainda não sabemos. Pode ter sido uma vaga mais forte, estava muito nevoeiro, mas não vamos especular. Não há testemunhas.
– A embarcação cumpria todas as normas de segurança?
– Sim, até tinha ido à vistoria há pouco tempo. Era uma embarcação pequena, mas profissional. Havia coletes de salvamento que apareceram na água, portanto eles estariam sem colete. Infelizmente na maioria destes acidentes eles não têm colete posto, porque dizem que lhes prende os movimentos.
–Que meios de socorro usaram?
– Por terra, a Polícia Marítima e os Bombeiros Municipais de Viana. Por mar, duas semi-rígidas. Por ar, um helicóptero da Força Aérea. E ainda uma equipa de resgate canina, que será usada amanhã [hoje].
"SENTIMOS NA PELE A DOR DESTA FAMÍLIA"
"Só quem passa por isto sabe o quanto é difícil. Estes dois meses têm sido muito duros. Quando vimos a notícia sentimos na pele a dor desta família. Tocou-me muito. Sei o que eles sentem e o que estão a passar neste momento." As declarações pertencem a Sandra Gonçalves, prima de Amâncio Pereira, de 30 anos, e de Gilberto, de 32, os dois irmãos pescadores que a 16 de Dezembro morreram num naufrágio em Castelo de Neiva, Viana do Castelo, e que ontem se mostrava muito transtornada com a tragédia que vitimou mais duas pessoas no mar.
"A minha vontade era estar com aquela família, mas não tive como ir. Queria dar-lhes o meu apoio porque sei que é uma dor insuportável. Uma tragédia destas destrói por completo uma família", explicou Sandra Gonçalves.
Os corpos dos irmãos, que morreram há mais de dois meses, nunca foram encontrados. Sandra Gonçalves diz que a família já perdeu a esperança. "Perdemos toda a esperança, já passou muito tempo. O máximo que pode aparecer são os ossos. Infelizmente os meus primos nunca vão ter o funeral digno que mereciam. Pelo menos um destes pescadores que morreram vai ter paz", afirmou Sandra Gonçalves.
PESQUEIRO 'DELFIM' TINHA TODAS AS INSPECÇÕES EM DIA
Carlos Pratas é responsável da Docapesca de Setúbal. Nas horas após o naufrágio do pesqueiro ‘Delfim’, ocorrido a 8 de Fevereiro ao largo da Costa de Caparica, Almada, o responsável assegurou ao CM que "tudo estava em ordem com a embarcação". "Tinha todas as inspecções feitas", salientou.
Pedro Ascensão, de 25 anos, foi o único sobrevivente do acidente. Ao CM, o jovem pescador contou como esteve cerca uma hora à tona de água, em cima da porta da embarcação. Com o colega José Gil, o ‘Primo’, de 62 anos, ao seu lado, acabou por conseguir escapar com vida aos momentos de incerteza. O mesmo não aconteceu com o colega. "Ele espumou da boca e morreu. Mas nunca o larguei", recordou Pedro Ascensão. O cadáver de Fernando Carmo, pescador desaparecido no naufrágio, deu à costa a 13 de Fevereiro.
Fonte Correio da Manhã
“Ele dizia que o mar não o queria” (C/VÍDEO)
Saíram ontem de madrugada, como habitualmente, para mais um dia de pesca ao robalo, ao largo de Viana do Castelo, mas não voltaram para casa. Poucas horas depois, por razões ainda desconhecidas, o barco de sete metros virou e atirou os dois irmão pescadores – que não usavam colete – para a água gélida. O corpo de António Vale, 50 anos, foi encontrado nas rochas, junto da embarcação, em Areosa, perto da costa. O dono do barco, João Rui Vale, 56 anos, continuava desaparecido ao final do dia de ontem.
Eram cerca das 09h00, quando um pescador deu o alerta à Polícia Marítima. "Cheguei e vi logo um barco virado nas rochas. Reconheci-o como sendo do meu amigo. A 20 metros da bateira vejo o corpo do irmão dele, de bruços e virado ao contrário", contou José Soares. As buscas para encontrar o corpo de João Rui começaram de imediato no mar e por helicóptero, mas foram interrompidas às 19h00. Esta manhã são retomadas para tentar encontrar o corpo do mestre da embarcação ‘Patrik’.
"Nestes últimos dias ele estava sempre a dizer ‘o mar não me quer’", contou emocionada Maria da Agonia, mulher de João Rui. Sem forças para sair de casa, a mulher lamentava-se por o corpo ainda não ter sido encontrado. "Só quero que ele apareça para lhe fazer o funeral", disse sem conter as lágrimas. A mãe e uma irmã das vítimas foram assistidas no hospital depois de saberem da tragédia.
À hora de almoço, uma das filhas do dono do barco foi ao local onde a embarcação foi encontrada. "Por favor encontrem o meu pai, por favor", gritou em pranto agarrada aos destroços do ‘Patrik’. João Rui deixa mulher, três filhos e três netas. António era solteiro e vivia com a mãe.
Os irmãos, naturais de Viana do Castelo, faziam da pesca a sua vida há muitos anos. Quando não trabalhavam, ajudavam os outros pescadores. Nunca tiveram problemas com o mar, excepto ultimamente em que não conseguiam apanhar pescado. "Era o melhor pescador de robalo. Todos os colegas diziam que o mar é que tinha medo dele", desabafou ao CM Fernando Guimarães, amigo do pescador desaparecido. Muitos colegas de profissão das duas vítimas juntaram-se ontem na costa da Areosa, incrédulos com o que tinha acontecido.
"O casco da bateira estava praticamente destruído, os coletes de salvamento não foram utilizados e o mar não estava agitado. Havia bastante nevoeiro, daí os familiares pensarem que foi isso que os levou a embater nas rochas", explicou Martins dos Santos, comandante da Capitania de Viana do Castelo.
OUTROS CASOS
COSTA DE CAPARICA
O ‘Delfim’, embarcação de apanha de bivalves, saiu do Porto de Setúbal às primeiras horas do dia 8 de Fevereiro. Pouco depois das 08h00, a apenas meia milha do areal da Costa de Caparica, o ‘Delfim’ foi engolido pelas ondas. Dois tripulantes morreram e um ficou ferido.
FIGUEIRA DA FOZ
A embarcação ‘Luís Fortunado’, das Caxinas, Vila do Conde, foi ao fundo, mas os 16 tripulantes salvaram-se. A 28 de Janeiro, ao largo da Figueira da Foz, dois helicópteros Merlin da Força Aérea salvaram nove pescadores, enquanto os outros sete tripulantes do ‘Luís Fortunado’ foram recolhidos por um pesqueiro japonês, e entregues também à Força Aérea.
VIANA DO CASTELO
Os cadáveres dos irmãos Amâncio e Gilberto Pereira, de 30 e 32 anos, ainda não foram devolvidos pelo mar. A 16 de Dezembro, os dois saíram do Porto de Castelo do Neiva, Viana do Castelo, para ir pescar polvo, mas a embarcação veio a naufragar pouco depois.
IRMÃOS TEMIAM CONCORRÊNCIA ESPANHOLA
No último mês o barco ‘Patrik’ esteve sem ir ao mar durante uma semana por causa da agitação das ondas e pela falta de robalo. "Ultimamente, o João Rui andava mais alterado porque os barcos espanhóis tiram muito robalo e vendem-no mais barato", contou o amigo Fernando Guimarães.
No entanto os dois irmãos voltaram a fazer-se ao mar. "As pessoas acham que eles ganham dinheiro, mas havia dias em que não ganhavam nada", revela o amigo. Ainda assim, continuavam a dedicar-se à pesca do robalo para poderem ajudar a sustentar a família. "Não sei como vai ser agora", desabafou a mulher do dono da embarcação.
DISCURSO DIRECTO
"EMBARCAÇÃO PEQUENA MAS PROFISSIONAL", Martins dos Santos, Comandante da Polícia Marítima
Correio da Manhã – Qual terá sido a causa do naufrágio?
Martins dos Santos – Ainda não sabemos. Pode ter sido uma vaga mais forte, estava muito nevoeiro, mas não vamos especular. Não há testemunhas.
– A embarcação cumpria todas as normas de segurança?
– Sim, até tinha ido à vistoria há pouco tempo. Era uma embarcação pequena, mas profissional. Havia coletes de salvamento que apareceram na água, portanto eles estariam sem colete. Infelizmente na maioria destes acidentes eles não têm colete posto, porque dizem que lhes prende os movimentos.
–Que meios de socorro usaram?
– Por terra, a Polícia Marítima e os Bombeiros Municipais de Viana. Por mar, duas semi-rígidas. Por ar, um helicóptero da Força Aérea. E ainda uma equipa de resgate canina, que será usada amanhã [hoje].
"SENTIMOS NA PELE A DOR DESTA FAMÍLIA"
"Só quem passa por isto sabe o quanto é difícil. Estes dois meses têm sido muito duros. Quando vimos a notícia sentimos na pele a dor desta família. Tocou-me muito. Sei o que eles sentem e o que estão a passar neste momento." As declarações pertencem a Sandra Gonçalves, prima de Amâncio Pereira, de 30 anos, e de Gilberto, de 32, os dois irmãos pescadores que a 16 de Dezembro morreram num naufrágio em Castelo de Neiva, Viana do Castelo, e que ontem se mostrava muito transtornada com a tragédia que vitimou mais duas pessoas no mar.
"A minha vontade era estar com aquela família, mas não tive como ir. Queria dar-lhes o meu apoio porque sei que é uma dor insuportável. Uma tragédia destas destrói por completo uma família", explicou Sandra Gonçalves.
Os corpos dos irmãos, que morreram há mais de dois meses, nunca foram encontrados. Sandra Gonçalves diz que a família já perdeu a esperança. "Perdemos toda a esperança, já passou muito tempo. O máximo que pode aparecer são os ossos. Infelizmente os meus primos nunca vão ter o funeral digno que mereciam. Pelo menos um destes pescadores que morreram vai ter paz", afirmou Sandra Gonçalves.
PESQUEIRO 'DELFIM' TINHA TODAS AS INSPECÇÕES EM DIA
Carlos Pratas é responsável da Docapesca de Setúbal. Nas horas após o naufrágio do pesqueiro ‘Delfim’, ocorrido a 8 de Fevereiro ao largo da Costa de Caparica, Almada, o responsável assegurou ao CM que "tudo estava em ordem com a embarcação". "Tinha todas as inspecções feitas", salientou.
Pedro Ascensão, de 25 anos, foi o único sobrevivente do acidente. Ao CM, o jovem pescador contou como esteve cerca uma hora à tona de água, em cima da porta da embarcação. Com o colega José Gil, o ‘Primo’, de 62 anos, ao seu lado, acabou por conseguir escapar com vida aos momentos de incerteza. O mesmo não aconteceu com o colega. "Ele espumou da boca e morreu. Mas nunca o larguei", recordou Pedro Ascensão. O cadáver de Fernando Carmo, pescador desaparecido no naufrágio, deu à costa a 13 de Fevereiro.
Vídeo Sapo | |
Fonte Correio da Manhã