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In Memoriam
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"Quando voltar à actividade, a 29 ou 30, então aí falo mais", resume ao i o ex-seleccionador, que recusa, tal como Paulo Bento, comparar o presente e o passado da selecção
Nas vitórias como nas derrotas, nos bons como nos maus momentos, Paulo Bento não perde oportunidade para definir território - "O mérito é todo dos jogadores. Se quiserem dar-lhes mérito, devem fazê-lo; quem, ao invés, quiser andar de histórias e fantasmas, comigo terá mais dificuldades", comentou após novo triunfo pela selecção, desta feita com a Islândia. O seleccionador tocou no presente, projectou o futuro e passou ao lado do passado. "Não sei se os jogadores são os mesmos nem quero comparar", referiu, antes de especificar as alterações introduzidas na equipa e sublinhar: "Não existe nenhum segredo escondido. Há mudanças feitas porque somos pessoas diferentes e temos lideranças diferentes." É uma história quase de encantar - Bento chegou, viu e venceu na selecção. Já o antecessor, Carlos Queiroz, partiu, "cegou" e perdeu o rasto da selecção. "Não quero dizer nada... Estou numa espécie de retiro espiritual", desabafa o treinador ao i.
Carlos Queiroz não orientou qualquer encontro da qualificação para o Campeonato da Europa de 2012, mas ficará para sempre ligado à caminhada, quer na forma - ainda foi no consulado do técnico que ficaram calendarizadas as partidas do apuramento, embora por sorteio, após a falta de acordo entre selecções -, quer no conteúdo: Queiroz escolheu (só não assinou a folha) os atletas para os jogos com Chipre e Noruega, esteve presente nos dois compromissos (em Guimarães, num camarote que custou mil euros, em Oslo, numa zona reservada a patrocinadores) e, de maneira omnipresente - ou pelos variados capítulos de todas as novelas -, pairou sempre no universo federativo até 9 de Setembro, dia da rescisão.
Agora, e após uma curta estada no Rio de Janeiro, o antigo seleccionador voltou a partir para Moçambique à procura de algum sossego. "O mundo caiu-me em cima quando voltei a Lisboa", queixou-se ainda antes de ser afastado do comando da equipa. Mas ainda segue os jogos da selecção nacional? "Estou longe, não quero comentar se vi ou não vi os jogos, o que achei...", demarca-se em conversa com o i. Mas a verdade é que viu, até porque nos países africanos com ligações a Portugal todos torcem, vibram e acompanham a equipa nacional. Assim como teve conhecimento das declarações feitas por Pepe após o encontro com os nórdicos, quando o central saltou em defesa de Deco ("Foram críticas infelizes porque todos admiramos o Deco como profissional. Se estava tão mal, porque decidiu então levá-lo?", questionou o luso-brasileiro). "Pepe? Não sei, não tenho comentários, não é altura para falar. Ok? Obrigado, peço desculpa. Dia 29 ou 30 regressarei à actividade e nessa altura podemos falar sobre a situação", acrescentou. "Agora vou estar nesta espécie de retiro espiritual", concluiu o antigo seleccionador.
FUTURO Certo é que, neste período (curto) de apogeu pelos dois triunfos seguidos que relançaram Portugal no caminho da fase final do Europeu, existe um lado lunar. E essa face é Carlos Queiroz, que, mesmo em continentes diferentes da Europa (esteve primeiro na América do Sul, encontra-se hoje em África), continua a ser assunto pelas acusações que tece - a última foi a teoria de cabala política que conduziu ao afastamento do cargo - e que sofre, como as de Deco e Pepe. Ou até de Cristiano Ronaldo, capitão que recusa falar do passado mas sempre vai afiançando que nesta fase se sente mais feliz, mais solto e motivado (e disponível, acrescente-se, pelo rendimento desportivo e pelo período na equipa).
Ainda assim, as abordagens ao treinador continuam a aparecer. Inicialmente, como o i noticiou, foi o Japão (que já tem Zaccheroni); a seguir, Fulham (contratou Mark Hughes) e a Austrália - que é comandada por Holger Osieck. Queiroz recusou todos os contactos, mas agora o interesse de equipas americanas e das Arábias pode merecer outro final.
