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A Carris fechou 2010 com capitais próprios negativos de 775,5 milhões de euros, afirma a empresa no relatório e contas, admitindo que tem «uma estrutura financeira desequilibrada» e que financia a actividade recorrendo a endividamento de curto prazo.
«Com capitais próprios negativos em 775,5 milhões de euros, a Carris tem uma estrutura financeira desequilibrada e continua a financiar a sua actividade corrente com recurso ao sistema financeiro, através de endividamento de curto prazo, o qual é posteriormente consolidado», lê-se no relatório e contas da empresa relativo a 201, hoje aprovado em assembleia-geral.
A empresa que assegura o transporte rodoviário em Lisboa diz ainda que a sua «estrutura patrimonial continua cada vez mais desequilibrada, sendo conveniente que o accionista [Estado] encontre soluções para a resolução do problema do capital próprio negativo».
A empresa liderada por Silva Rodrigues afirma que em 2010 contraiu um empréstimo de longo prazo no montante de 120 milhões de euros com aval do Estado «para fazer face aos compromissos assumidos, nomeadamente o reembolso de 87,7 milhões de euros de empréstimos».
Este ano, refere a empresa, «para fazer face às responsabilidades, será indispensável a obtenção de um empréstimo com aval do Estado no montante de 110 milhões de euros».
No relatório e contas, a Carris explica que «na sequência das operações de consolidação da dívida de curto prazo realizadas em 2005, 2006, 2009 e também em 2010, terão de ser realizados desembolsos significativos que requerem novas operações de consolidação com aval do Estado», que ascendem a 74,6 milhões de euros em 2011 e a 67,2 milhões de euros em 2012. Em 2013 serão de 84,8 milhões de euros, em 2014 de 84,9 milhões e em 2015 de 91,0 milhões de euros.
Em 2010, a dívida da Carris aumentou 6,94 por cento para 673,6 milhões de euros.
A Carris encerrou o ano passado com um prejuízo de 42,2 milhões de euros, acima dos 41,5 milhões de euros registados em 2009.
Já os resultados financeiros melhoraram, passando de 26,6 milhões de euros negativos para 24,8 milhões de euros negativos.
O EBITDA (resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) foi positivo pelo terceiro ano consecutivo, atingindo 2,6 milhões de euros.
As receitas cresceram mais de meio milhão de euros para os 79,1 milhões de euros em 2010, ano em que a empresa investiu 13 milhões de euros, dos quais 9,3 milhões de euros corresponderam a aquisição de frota de autocarros.
No que respeita às remunerações, até 31 de Maio de 2010, o presidente da Carris, Silva Rodrigues, auferiu de remuneração mensal ilíquida de 6.923,26 euros, paga 14 vezes por ano, um valor que a partir de 01 de Junho baixou para os 6.577,10 euros.
Em 2010, a Carris transportou 240 milhões de passageiros, com recurso a uma frota de 752 autocarros, 57 carros eléctricos, três ascensores e um elevador.
Lusa/SOL