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In Memoriam
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Apresentador foi condenado a sete anos de prisão efectiva e evoca tempos do Estado Novo.
Carlos Cruz disse esta sexta-feira em conferência de imprensa que foi «vítima» de uma «monstruosidade jurídica» no processo Casa Pia, depois de ter sido condenado a sete anos de prisão efectiva, evocando o tempo do Estado Novo. «Sem provas da minha culpa fui hoje condenado a sete anos de prisão», disse ainda, falando em «contradições» e «mentiras» no processo.
«Vêm-me à memória os tribunais plenários de antes do 25 de Abril. Com uma única diferença, eram mais rápidos os julgamentos, mas condenava-se sem provas. E hoje fui condenado sem prova. Uma prova testemunhal cheia de contradições e mentiras. Contradições dentro das próprias contradições», referiu.
«Não me foi explicado naquele tribunal hoje em que o que é que se baseia a afirmação que os factos foram provados», referiu, dizendo que foi dado como provado algo que não reconhece: «Factos que não aconteceram, em sítios que nunca frequentei, com pessoas que não conheço, sem qualquer fundamentação».
«É qualquer coisa que se me fosse contado eu diria que era um pesadelo», salientou Carlos Cruz. «O que se passou hoje no Campus da Justiça tem que ser, e para mim vai sê-lo com certeza, um ponto de partida para uma luta que não pretende beneficiar-me apenas a mim. É uma luta pelo país».
«Um julgamento de preconceitos»
Para Carlos Cruz, a sentença desta sexta-feira «só pode ser consequência de um preconceito assumido desde o inicio deste julgamento». «Foi um julgamento de preconceitos, porque só os preconceitos é que obrigam a perder tempo», apontou, criticando os quase seis anos de julgamento.
«A prova da minha inocência chegará um dia», sublinhou Carlos Cruz, dizendo que o processo se trata de «uma lenda e de uma fantasia».
Carlos Cruz diz que não teme a opinião pública «que não se deixa intoxicar», dizendo que foi «julgado na praça pública em 2003». «Fui julgado de uma forma violenta com um massacre mediático com a publicação de notícias objectivamente falsas fornecidas propositadamente pela investigação», acusou.
Carlos Cruz disse ainda que não está preocupado com a pena a que foi condenado. «Não estou preocupado com a cadeia. São sete anos, podiam ser 14, 25, 30, 50... Já não devo viver tanto. O problema da dimensão da pena não me preocupa», disse, salientando: «O que me surpreendeu foi terem sido dados como provados os crimes, a partir daí, qualquer pena servia».
O antigo apresentador considerou que «o processo Casa Pia não existe há muito tempo. Há muito tempo que o processo se chama Carlos Cruz», atribuindo a formação dessa ideia na opinião pública devido aos media.
Carlos Cruz disse ainda que o que lhe «aconteceu» a ele «pode acontecer a qualquer cidadão». «A partir de hoje não tenho qualquer dúvida que vai aumentar o número de denúncias de falsos abusos», frisou.
«Mentiram em relação a mim»
Questionado sobre qual seria o objectivo das vítimas em incriminá-lo, Carlos Cruz disse que «as vítimas é que têm de responder, qual foi o objectivo e o que lucraram com isso».
«Continuo a olhar para eles como pessoas, cidadãos, que mentiram», disse, Carlos Cruz, depois de lhe ter sido perguntado como viu as vítimas presentes em tribunal.
«Mentiram em relação a mim, mentiram em relação à minha presença na [Avenida] das Forças Armadas [em Lisboa], mentiram na afirmação de que me conheciam, mentiram em relação à minha presença na casa de Elvas», acrescentou.
Carlos Cruz disse ainda que durante oito anos ficou «calado», para não ser acusado de «influenciar fosse quem fosse». «Ao fim de oito anos abri um site que a partir desta noite tem uma primeira página muito importante, onde eu começo a montar este absurdo», anunciou.
tvi24