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Cirurgia inovadora chega a Portugal

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Pacientes receberam excertos de cadáver e deverão voltar a fazer desporto

Dois transplantes meniscais, com tecidos de cadáver, foram realizados ontem, segunda-feira, pela primeira vez em Portugal. Trata-se de uma técnica inovadora, pouco invasiva, e de elevada eficácia em doentes que tiveram de remover os meniscos.

Os problemas de menisco são muito frequentes, não apenas entre os jovens e desportistas, mas também na população mais idosa. As lesões das cartilagens são, aliás, a patologia que mais custos acarreta para o Serviço Nacional de Saúde, à frente dos cancros e dos enfartes, sublinha João Espregueira-Mendes, que realizou, no Hospital de Santa Maria (Porto), as duas cirurgias pioneiras.

Em todo o Mundo, as cirurgias à anca e ao joelho são as mais praticadas e a tendência é para que esse número cresça proporcionalmente ao aumento da esperança de vida.

Quando há lesões nos meniscos, o tratamento passa por reparar as lesões sofridas ou, nos casos mais complicados, retirar esses pequenos discos que rodeiam a rótula do joelho. Para os desportistas a ocorrência sucessiva de lesões meniscais - estruturas que reduzem os impactos e permitem que os ossos se articulem - pode significar o fim de carreira.

O grande problema é que os procedimentos cirúrgicos nem sempre devolvem a capacidade funcional e eliminam a dor associada. Além disso, há agora evidências estatísticas de que a retirada dos meniscos, em idades jovens, está fortemente associada ao desenvolvimento, no espaço de 20 anos, de artroses, de acordo com o especialista em Ortopedia e Traumatologia Desportiva.

O transplante está indicado para os jovens de 17, 18 anos a quem foram retirados os meniscos e, também, para os pacientes, com idades entre os 20 e os 40 anos, que removeram aquelas estruturas e continuam com dores e inchaços persistentes.

É o caso de um homem de 34 anos, que não é desportista profissional e, no entanto, já fez várias lesões meniscais, que obrigaram a três cirurgias que tentaram, sem sucesso, resolver o problema. Além de ter ficado impedido de praticar actividade desportiva, queixava-se de dores diárias.

O transplante "correu muito bem", de acordo com João Espregueira-Mendes. Amanhã, o paciente deverá ter alta hospitalar e, durante o próximo mês, precisará do apoio de canadianas para caminhar. O que se espera é que, num prazo de seis a oito semanas, esteja completamente funcional e capaz de retomar não só a rotina normal como também o exercício físico.

O número de transplantes de menisco realizados em todo o Mundo não chega a um milhar. O cirurgião espanhol Joan Carlos Monllau - que já concretizou mais de uma centena de intervenções com esta técnica e esteve no Porto para auxiliar nas duas cirurgias - refere que, em 80% dos casos, os doentes não reportam quaisquer sintomas e que 90% dos transplantes ficam funcionais. Só há registo de uma rejeição.

O transplante de menisco só pode ser aplicado em doentes adultos e obriga a uma grande compatibilidade anatómica entre o dador e o receptor.

jn
 
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